domingo, 29 de março de 2009

POR TRAZ DOS MÚSCULOS

Da esteira da academia que frequento, independente da velocidade com que minhas pernas estejam me levando a um lugar chamado Nenhum, alterno-me entre dois momentos, introspecção ou contemplação.

No primeiro, mergulho nos meandros da minha vida, enquanto resolvo ou “crio” mais problemas. Faço uma avaliação pessoal sobre as tragédias que afligem a humanidade. Visito e re-vivo meus afetos e, a depender do dia ou das circunstâncias, tudo isto assume proporções nanicas ou gigantescas.

No segundo momento, tento entrar nos “mundos’ representados pelas dezenas de pessoas que passam diante de mim. Suadas e exaustas, respirações aceleradas, tentando enxugar o suor que escorre do seu cansaço, em busca de algo que, a primeira vista, parece ser a perfeição física. Procuro vê-las, não como se estivessem ali, todas, pelos mesmos motivos, buscando as mesmas coisas. Vejo-as como indivíduos, tão diferentes quão diferenciados são os olhares que cada uma delas me instiga a enxergá-las

Ao contrário dos espaços destinados a prática da Yoga, aonde a consciência corporal vem de dentro para fora, todas as academias de musculação são revestidas de espelhos. Certamente, quem as concebeu já imaginava quantos “narcisos” seriam ali desmascarados, além de atender à necessidade de posturas serem acompanhadas e corrigidas a partir dos seus reflexos, motivadas pelos pesos de halteres, anilhas ou pela mecânica dos aparelhos.

Alguma coisa de bom, de edificante ou de destruidor, pode acontecer numa academia de musculação. Culpa dos espelhos? Eles falam menos do que imaginamos e, exatamente, o que devemos, embora não queiramos, ver e ouvir. São sinceros! Implacáveis ou enganadores são os olhos que os questionam.

Pessoalmente, acho que todas as pessoas deveriam fazer alguma atividade física que lhes desse prazer. Sem prazer, qualquer atividade é penosa e sacrificante e os resultados, com certeza, serão o inverso do seu objetivo.

Quando é reconhecida como algo necessário, conseguimos enxergar na carreira do Educador Físico muita dignidade e um profissional que tem necessidade de, a cada dia, atualizar seus conhecimentos, pois tudo que se refere à fisiologia, modifica o conceito de “certo” e o “errado” , assim como a forma que o corpo humano reage aos estímulos a ele impostos. Cada professor que se aproxima de você com um frequencímetro ou com uma ficha impressa com seu treino, tem uma vida fora daquelas paredes. Como voce, tem desejos, necessidades, sonhos, ilusões, desilusões. Um “mundo” ali, diante da sua figura suada e exausta. Esta forma de enxergá-los os torna cúmplices dos nossos progressos e testemunhas das nossas superações. São, literalmente, parceiros, nas dores e nas alegrias.

Ainda da minha esteira, em dias de contemplação, vejo o “homem de meia idade”, com sua barriguinha teimosa, seus cabelos grisalhos ou a falta deles, a lançar sobre garotas “saradas”, mulheres maduras ou qualquer fêmea que passe pela sua frente, o mesmo olhar com que as águias enxergam suas presas. Muitos ficam por aí, outros vão adiante. Alguns, o sucesso não passa de um breve “papo de esteira". Raros conseguem chegar tão perto, ou porque a possível presa não está tão disponível como a águia imagina, ou porque a águia parece tão predadora que a afasta e a faz colocar em estado de alerta seus mecanismos de sobrevivência.

E as garotas, que mais parecem bonecas "Barbies”, de tão perfeitas e esculpidas que são? Seus tênis combinam com suas malhas, que combinam com os tops, que combinam com seus longos cabelos presos com xuxas ou fivelas também combinando com o resto do “modelito”.

Para um olhar aligeirado ou preconceituoso, aquela pessoa que ostenta um figurino, cujas “leis” estão longe de ferir qualquer cartilha “fashionista”, não passa de uma “perua”. Não tem um companheiro e filhos seriam um estorvo! Não estudam, alimentam-se de pílulas de proteína e mal respiram para que seus abdomens não percam a definição. Naquele momento devemos aprender a não julgar. Muito menos pelas aparências. Aquela “Barbie” tem um nome. Muitas vezes é casada e mãe de mais de um filho! Dedica-se, também, a uma profissão, estuda e “rala” como toda mulher na sua faixa etária. Sua perfeição é o resultado merecido de uma disciplina espartana que encontra brechas nos seus inúmeros afazeres para cuidar do corpo, impedindo-as de ficarem papeando e "parecerem" simpáticas.

E aquele garoto com músculos hipertrofiados e um crânio desproporcional em relação à largura dos seus ombros, carregando pesos que desfiguram seu semblante, tamanha a força que tem que mobilizar? Na verdade é um menino inseguro, até ontem franzino, cuja galera de “torados” são seus amigos e só lhe sobrava “àquela” mulher que ninguém queria.

Aquela senhora que vive lhe olhando insistentemente, um dia, timidamente, chega até você e pergunta-lhe há quanto tempo “faz exercícios”. Quando você diz “quase durante toda sua vida”, a admiração que brilhava em seu olhar nubla-se de arrependimento das desculpas que deu a si mesma para não freqüentar academias. Por ter achado que ser mãe é desistir de ficar bonita e ser mulher. Lembra-se com raiva do cansaço que a esmagava quando chegava do trabalho e só lhe restavam forças para supervisionar as tarefas escolares dos filhos e esquentar o jantar do marido. Esta não fazia recreação na escola quando ficava menstruada. Ia munida de um Atestado Médico e com “cara de cólica”. Hoje, com mais de 50 anos, o colesterol, a artrose ou o divórcio levou-a ao lugar que deveria ter sido freqüentado a despeito das circunstâncias.

São muitos os “mundos” e milhares as histórias que convivem, e às vezes se entrelaçam, numa academia de musculação, como são múltiplas suas funções.

Não raro, percebo olhares perdidos ou refletidos nos espelhos, surpresos e reconhecendo-se, como se há algum tempo não olhassem para dentro de si. Assim como existem aqueles que só conseguem se enxergar do pescoço para baixo, são muitos que se olham nos olhos, como se, naqueles breves momentos, buscassem dentro de si, os motivos de estarem ali. Os porquês de suas rugas cada vez mais profundas e suas olheiras, surpreendentemente, mais pigmentadas. Quem sabe, são pessoas que só ali encontram a única chance de uma palavra amiga, um elogio, um sorriso, um momento descontraído do seu dia.

Há mais que músculos ou vaidades exacerbadas naquele lugar. Muitos, equivocadamente, acreditam serem Templos de Futilidade e culto ao corpo.

Cuidar do corpo com equilíbrio e contentamento, não é nenhum pecado, é sintoma de Saúde Mental.

Alice Rossini

quarta-feira, 25 de março de 2009

Fome

Por todas as evidências e por todos os ângulos que olhemos, o mal do século é a Fome. Da fome do pão, vivenciada tanto por paises pobres quanto por paises ricos, à fome de fé e de esperança; a fome do homem pelo homem.

A revolução midiática tornou impossível o desconhecimento de que milhões de seres humanos morrem, por segundo, vitimados pela fome de pão em todas as partes do Planeta. Principalmente na África, é chocante e desumana a visão de homens, mulheres e crianças famélicas, cujo sofrimento, fez-nos acreditar num problema insolúvel. Parece-me que a humanidade já convive, comodamente, com esta tragédia, embora governos, conferências, encontros e várias organizações se esforcem em mostrarem-se indignadas com tamanha iniquidade.

Vivemos num pais emergente, mas, a pobreza continua entrando pela janela dos nossos carros e invadindo nossas casas. Mesmo que fechemos nosso olhar interno, poupando nossas retinas da claridade que nos propociona o sentido da visão, sabemos que pessoas desnutridas morrem, aos milhares.

Meu universo pessoal não é, predominantemente, povoado por famintos desta natureza. Portanto, a fome que me vitima, é de outra natureza, é a fome do "outro".

Quando refletimos sobre a Fome, nem sempre imaginamos as infinitas dimensões que esta palavra ou esta sensação pode assumir. Porque, ou falamos da nossa própria fome, cujos conteúdos são vários, ou falamos da fome alheia, cuja gravidade assume proporções tão graves e complexas, que é dificil avaliar sua gravidade.

Inserida no contexto da modernidade, sou obrigada a frequentar shoppings centers embora deteste-os. Só entro num deles quando tenho um importante ou inadiável motivo. Dentro daquela caixa de consumo, passo por centenas de pessoas e são poucos os olhares que se encontram com o meu. Isto, acreditem, provoca-me uma fome terrivel!

Fome de ver e ser vista, de quem sabe, ser alvo de um olhar mais aprofundado ou mais atento. Ser alvo de um sorriso timido ou escancarado, nem que venha acompanhado de um pedido de desculpas, de um pedido de licença ou de uma solicitação de informação. Mas, nada! Saio de lá, empurrada pela solidão e com a alma faminta!

Faço questão de, na maioria das vezes, ir sozinha. A pessoa que estaria ao meu lado, ao falar-me ou olhar-me, tornaria a indiferença alheia mais evidente.

Tanto as necessidades do pão quanto os vazios existenciais que nos consomem são, os dois, provocados pela indiferença do homem pelo homem.

Pela qualidade de ser onipresente, a fome apresenta-se de infinitas maneiras: ouvindo a música que nos remeta a um momento que queremos esquecer ou que jamais esqueceremos. Acordando e nada vermos ao nosso lado ou à nossa frente, somente uma longa e solitária estrada sem destino definido. Pode ainda apresentar-se quando olhamos nossa cama onde, ainda que existam dois travesseiros e a outra cabeça finja estar presente, sentimos que sonha longe dali. Quando olhamos nossa despensa vazia a fome orgânica alia-se à fome de não ter feito nada para torná-la farta. Esta dói, até fisicamente.

Sentir fome, saciá-la ou não, é inerente à condição humana, "conseguirás o pão,com o suor do teu rosto..." Nascemos famintos e logo seios fartos e braços calorosos preenchem nossos vazios. O que é vital no nascer, vai perdendo força e importância ao viver. Logo adquirimos a condiçao de saciar nossa fome fisiológica.

Entretanto, nas alegrias não compartilhadas, nas tristezas não compreendidas, nas lágrimas que escorrem das injustiças e das perdas, dos sonhos não realizados, dos pesadelos que se tornaram realidade, das expectativas revertidas, dos desencontros ou dos encontros abortados pelas decepções. Das desistências necessárias e, principalmente, das imaginárias e desnecessárias, existe uma Fome. Esta, imposta pelas nossas escolhas, nasce do mal uso que fazemos do privilégio de viver e da negação da nossa intrínseca vocação pela liberdade.


Hoje, ricos, pobres, crentes, céticos, letrados, ignorantes, ocidentais, orientais, a humanidade inteira, anda a ermo no deserto inóspito e faminto de cuidados que o Planeta está se tornando, procurando um prato: ou cheio do trigo que se transforme em pão ou repleto de sentidos que não matem nossa fome de viver.

ALICE ROSSINI

sábado, 21 de março de 2009

¨QUALQUER FORMA DE AMOR VALE A PENA¨

Apesar de adorar cinema, de vez em quando cometo verdadeiros sacrilégios e algumas omissões imperdoáveis, deixando de assistir a filmes, cujos temas, além de polêmicos interessam a mim, pessoalmente, e a toda a humanidade, sedenta de temas relevantes e atemporais.

Confesso que, somente numa recente e preguiçosa noite de sábado, assisti, na minha cama, “O Segredo de Brocbeck Mountein”. Uma história de amor como outra qualquer. As personagens, tanto poderiam ser um homem e uma mulher, como dois homens ou duas mulheres.

Este detalhe, no momento, é o que menos importa, numa primeira e superficial análise, embora o fato de a história girar em torno de um amor homossexual tenha me levado a reflexões e motivado a escrever este texto.

Toda história de amor, independente das personagens que a protagonizam, continua sendo uma história de amor. Se provocar alguns "estragos" quando oficializada como tal, mais interessante e atraente fica. Para quem a vê de longe, claro. Para quem a vivencia, é um inferno vivido no Paraíso. Esta, especificamente, tanto serviu para um bom roteiro de um filme como pode e é vivida na vida "vivida".

Não a percebendo sob sua nuance mais polêmica, que seria o relacionamento amoroso entre duas pessoas do mesmo sexo, é igualzinha, repito, a todas as histórias de amor. Encontros casuais, nenhuma intenção, circunstâncias adversas ou propícias que se aliam e se acumpliciam, muitas impossibilidades, algumas probabilidades, e um encontro ou um desencontro acontecem.

No final do filme, como em alguns finais de vidas, os desencontros, frequentemente, acontecem por nada, só pelo medo de tentar, pelas inferências que fazemos das reações alheias, baseadas nos nossos próprios conceitos e preconceitos. É a não realização de uma história, que faz com que muitas vidas se percam em milhares de vazios, de solidões, de dúvidas, de despedidas, de palavras não ditas, abraços não dados, beijos que ficaram presos nas bocas e aprisionados nas vontades, quando reconhecidas, esmagadas pelas circunstâncias.

Na contramão da linha, cada dia mais atual, "que qualquer forma de amor vale a pena", saímos por aí jogando para o alto sentimentos fortes e afetos que preenchem. Um desperdício, num mundo onde o amor contamina-se com conteúdos cada vez mais estranhos à sua verdadeira natureza O homem perde o que tem de mais precioso que é o seu "agora", projetando para um futuro incerto, impalpável, abstrato e improvável, uma possível felicidade. Troca tudo pela certeza e pela segurança granítica da infelicidade cotidiana. Vivem vidas de ficção, como personagens que mal se reconhecem, recitando roteiros que nem ao menos leram ou se perguntaram se era mesmo esse o texto que queriam recitar.

Atordoados, se deparam com o vácuo dos espaços não preenchidos de tudo que não foi vivido, por covardia e por comodismo.

É tão difícil encontrar alguém em quem possamos confiar e cujos interesses coincidam com os nossos, a ponto de impregnarem-se de conteúdos que fundamentem uma amizade! Mesmo assim, acrescentamos a esta recém nascida relação, parâmetros e valores que, se não são nossos, os adotamos como se o fossem. O que, muitas vezes, transformam em natimorto, sentimentos que poderiam aprofundar-se e transformarem-se em amor.

Se as diferenças são de classe social ou de raça, a cartilha do “politicamente correto” encarrega-se de colocar os mantos da mentira sobre elas. Todos fazem de conta que aceitam afinal, ninguém quer parecer preconceituoso. Se a relação for homossexual, caem todas as máscaras e vêem à tona toda espécie de intolerância e preconceitos, ancoradas na posição pétrea das Igrejas, na intransigência burra do Estado que não reconhece a relação como oficial, preferindo crianças em orfanatos ou nas ruas, que adotadas por casais do mesmo sexo, agravando um dos mais tristes aspectos da crise social.

O mais estarrecedor são os conflitos e a auto exclusão que as personagens envolvidas se impõem, impregnadas que estão, pelos condicionamentos de uma sociedade que está longe de ser plural e tolerante com tudo que foge ao que é posto como "normal." Em geral são pessoas conflituadas, carregadas de culpas desnecessárias,.Os mais arejados e corajosos, "tratam" seu direito como doença no divã dos analistas, que os ajudam a carregarem o "fardo" de sentirem -se diferentes.

O que poderia ser uma história de amor como outra qualquer, teimo em repetir, com os ingredientes de todas as histórias de amor, transforma-se num drama de seres humanos emparedados pelas poucas opções que a vida lhes impõem: ou marginalizam-se ou desistem de viver sua verdade, optando pelo nada, pela solidão. No caso do filme, uma deles morre sem ter se dado a chance de viver a própria vida.

Estamos em pleno século XXI e ainda nos assombram espectros do passado, impedindo ao mundo agonizante e povoado por indivíduos insatisfeitos que deixem aflorar, junto com suas verdadeiras identidades, seus sentimentos. Ainda é negado ao homem o inalienável direito de escrever sua própria história! Nem sei se caberia um debate a respeito do tema. Afinal, debater o que? Um direito? Como e com quem alguém deveria relacionar-se?! A quem "deveria" amar?!

Se a relação é estável, por que não reconhecê-la como tal? Seria um retrocesso! Afinal, até onde eu sei, as Leis, num Estado de Direito, existem, também, para proteger e garantir os direitos individuais dos cidadãos.

O que vivemos é a antítese do que chamamos Liberdade e a negação do que poderíamos chamar de Modernidade.

Alice Rossini

domingo, 15 de março de 2009

ENIGMA ?


Há algum tempo, recebi uma mensagem de uma amiga, que narra a história de amor entre o Príncipe Charles e Camila Parker. A mensagem comenta entre outras coisas, que o amor que já existe e resiste ah 34 longos anos, foi uma “batalha” desigual entre a beleza e a feiúra, entre o proibido e o oficial, entre a emoção e a razão.

Sabemos que Charles casou-se com Diana sem amor. Ela, por mais simples e provinciana que fosse, como qualquer mulher, se não tinha consciência, poderia intuir o desamor do Príncipe. Só para resumir a história, o fato é que, tão logo foi conveniente, após a morte de Diana, Charles transpondo todas as barreiras impostas pela sua condição de futuro Rei da Inglaterra, pelos dogmas da Igreja Anglicana e pela opinião dos seus ex-futuros súditos, casou-se com sua já sexagenária Camila, o grande e único amor de sua vida.

Depois de ler e reler a emocionante historia, pus-me a pensar quais as variáveis que estão em jogo e são decisivas para que duas pessoas se amem por toda a vida, com tantos impedimentos.
Quando falo de Amor, refiro-me ao amor apaixonado, este possível, diferente da Paixão em forma, conteúdos e duração. Não quero discutir sobre os “amores” mornos, cujos parceiros permanecem juntos, por conveniências financeiras ou familiares, sobre os “amores” que já estão mortos e ninguém nem se dá ao trabalho de diagnosticar sua “causa mortis”. Tanto estes como aqueles o comodismo e o medo já justificam que seus personagens não procurem a felicidade em plagas mais arriscadas, mas, certamente, mais gratificantes.

Por questões culturais, adotamos como verdadeiro o conceito de amor apartado do sexo, que só se justifica e se legitima se carregado de conteúdos românticos. Se tiver uma boa dose de impossibilidades, mais forte poderá tornar-se. A trágica história de Romeu e Julieta tornou-se emblemática, não só pela sua densidade literária, mas também porque seu enredo identificou-se com a maneira como parte da humanidade encara o amor. A literatura é pródiga sobre a história de casais, cujo amor foi fonte de tragédia e sofrimento, tantos os impedimentos que escritores impunham-lhes para afastá-los e lhes sentenciar um trágico final. Hoje, vivemos e sofremos por culpa desta enviesada forma de pensar as relações. Principalmente nós mulheres, que sempre criamos expectativas e ansiedades, o que, não raro, nos leva ao sofrimento.

Alias, sofrimento e amor são associados não só na literatura como em todas as expressões artísticas.

O saudoso poeta Carlos Drummond, na sua sabedoria, já disse: “há vários motivos para não se amar uma pessoa e uma só para amá-la; esta prevalece”. Quando nos apaixonamos, nosso imaginário “cria” uma personagem que corresponde ao nosso ideal e nela depositamos todas nossas expectativas e justificativas para continuarmos apaixonados. Como somos inconstantes e não suportaríamos a paixão por um tempo muito longo, logo desconstruímos o que mitificávamos e aí começam as dificuldades. Como diz Carotenuto, no seu livro Eros e Pathos, Amor e sofrimento: “.....daí resultam as sensações de vida e morte, de presença e ausência, de fusão e solidão, de atração e angustia, de libertação e culpa, de respeito e instrumentalização da força, de fantasia e realidade, de luz e sombra, de ternura e violência, de diálogo e incomunicabilidade, de confiança e ciúme, de fidelidade e traição, de êxtase e abismo.....”

Não pretendo aqui decifrar o enigma que se transformou a possibilidade de duas pessoas amarem-se e viverem felizes sob o mesmo teto, sentindo-se sexual e existencialmente satisfeitas. Estudiosos, cientistas e pensadores já tentaram decifrá-lo com embasamento cientifico - filosófico e o homem, ainda consome-se com esta questão.

Atração sexual, beleza física, empatia, identificação de gostos, e interesses e objetivos comuns, e assim, estaria pronta a receita de um amor eterno. Seria tão simples se os homens fossem simples! Mas, infelizmente, não é assim que acontece. Encontros que têm tudo para dar certo, logo se transformam em fracassadas relações, e pessoas sem nenhuma identificação aparente, podem levar a vida inteira, juntas e felizes. Aqui, quando falo em felicidade, leve-se em conta a relatividade dos conceitos individuais de bem-estar.

Nosso atávico mal estar existencial aliado à nossa eterna insatisfação, como seres “desejantes” que somos, torna-nos inquietos e fadados à incompletude. Tendemos a transferir para o parceiro a responsabilidade de preencher este vazio. Vamos continuar decepcionando-nos e frustrando-nos. Cada ser humano é único e inexato, modifica-se com o tempo, age e reage de forma diferenciada.

Estas constatações “quase” que inviabilizam o tão sonhado “e foram felizes para sempre”

A questão que a mensagem suscitou em mim, percebo-a como um enigma que jamais será decifrado. O homem deveria deixar de tentar buscar a tal “felicidade” no outro e para o outro antes de buscar ser, minimamente, satisfeito e resolvido consigo mesmo. Assim como temos, muitas vezes, dificuldades em reconhecer e administrar a origem das nossas angústias, conviver com o outro com seus “mundos” a todos os momentos desvendados, é um desafio que poucos conseguem encarar com serenidade. Há que se possuir muita paciência e vontade política de “estar com” sem abdicar da possibilidade de “estar sem”.

Minha questão e minha opinião são tão individuais, quanto singulares são os modelos de cada relação. Portanto, cada qual que exerça a liberdade de escolher a vida que quer para si. Desde desistir e conviver com a solidão, a viver junto e infeliz até ser realista e tomar consciência que uma relação é um projeto sem cronograma fixo e cada etapa deve, cotidianamente, ser repactuada com o parceiro. Dá trabalho, mas, vale a pena quando o amor e a amizade justificam o empenho.

Há também, o que duvido um pouco, quem conviva com essas questões e consiga transpor suas dificuldades sem maiores traumas. Afinal, cada um tem o direito de viver no nível de profundidade que suportar.


ALICE ROSSINI

PALAVRAS PARA MEU PAI


O que eu poderia falar que meu pai já não tenha ouvido ou não saiba?

Das más criações ás declarações de amor, a ter-lhe dado a certeza que ele fez quase (ninguém consegue 100%) tudo certo, de que tudo que ele projetou pra mim e eu não consegui corresponder, ou por teimosia ou por equivoco, eu já o isentei de qualquer culpa, responsabilizando-me pelas minhas escolhas?

Ele que sempre foi um homem a frente do seu tempo e nunca me impôs limites de crescer e aprender, sempre me fez crer que a única coisa da qual jamais poderia duvidar, era seu amor por mim. Mesmo quando a rebeldia nos colocava em posições opostas. Nunca meu pai me deu razões para que não me sentisse aceita, sempre passando até por cima de suas convicções, deu-me todo seu apoio e a certeza de que, fosse quem fosse, sentiria smepre orgulho em ser meu pai.

Aliás, este é o verdadeiro amor paterno, que não cobra e gosta, “apesar de”.

Hoje, quando nós, até mais que ele, comemoramos seus 83 anos, procuro uma forma pra dizer-lhe que nada mudou. Desde que nasci, continuo dependente do seu amor e da sua proteção.

Vem-me então à cabeça, uma questão, que encontro respostas na sua vida. O que podemos fazer da Velhice, da minha, da sua, da nossa? Enquanto vivermos é para ela que caminhamos!

Pois bem, meu pai dedicou sua velhice à Arte, nos ensinado que a maturidade propociona, para quem preparou seu chão e o semeou, frutos que alimentam a alma e dão sentido à vida. Meu pai é um poeta. No seu computador estão armazenados, pelo menos, 15 000 versos feitos de palavras que escorregam pelos seus dedos, vindos da sua convivência com a vida, dos ecos do seu passado e de seus sonhos de futuro.
Futuro que, como pai, sonha para seus netos, seus filhos, seu mundo. O mundo de todos. Suas mãos de artista também são capazes de construir peças em mosaico, tal qual uma delicada colcha de retalhos, onde perpetua imagens oníricas de um Cristo/Deus, sua busca constante e pessoas que ama. Conseguiu “refazer” meu irmão com pedacinhos de azulejos por ele mesmo quebrado (quem mais poderia fazê-lo?) e perpetuou-se em poesia feita com seixos rolados na parede de nossa casa de praia. Meu pai, aos 83 anos, ainda faz poesias e amor para o amor de sua vida, minha mãe.

Numa pessoa como esta, a velhice só é e percebida pela crueldade das doenças próprias da idade e pela fragilidade física, tão discrepante com a robustez do seu espírito.

Não quero transformar este BLOG em algo tão pessoal a ponto de, a cada aniversário de uma pessoa amada, fazer uma homenagem. Mas a vida de meu pai é um exemplo e me remete a um problema que, repito, todos nós enfrentaremos e alguns já o fazem. A Velhice pode ser cruel, pela nossa teimosia em não aceitar que a vida é feita de ciclos que começam e se completam: ou com amargura e solidão ou de forma produtiva e bela, apesar de tudo.

Mas com meus pais, acreditem, é diferente. Eles são tão lúcidos, seus espíritos tão hígidos e suas autoridades moral tão inabalável, que conseguem transcender todas as marcas do tempo deixadas pela intensidade com que viveram suas vidas. Para nós o tempo quase parou.. Ainda somos seus meninos e ainda dependemos da existência e da fortaleza do amor que nos fazem alvo

Os cabelos brancos do meu pai, seu andar agora lento e claudicante não me faz esquecer a menininha de tranças que fui um dia. Ainda me vejo com aquela farda azul de anaruga, a merendeira rosa cheia de guloseimas, de mãos dadas com aquele homem que, mesmo de tenro de linho branco, fingia ser passarinho, que se aninhava árvore que encontrávamos no nosso caminho para minha escola, sempre com a mesma e esperada pergunta,me saudava: "Alice Maria, como vai voce?"

Foi assim que meu pai me ensinou a amar.

Alice Rossini

quarta-feira, 11 de março de 2009

PARA QUE SERVEM AS RELIGIÕES?


Não vou falar em indignação, em revolta e em ignorância, porque o Bispo, cujo nome nem me dei o trabalho de gravar, forçou a mídia a tornar estas palavras repetitivas e estes sentimentos generalizados pela população do mundo inteiro

Em vez de ocupar minha mente em julgar ou elucubrar sobre a indiferença humana ao sofrimento dos seus semelhantes, forçada pelas circunstâncias ditas acima, uma questão voltou a me preocupar: “Para que servem as Religiões?”

Tenho consciência, que há de se fazer uma diferença entre os significados das palavras RELIGIÃO - que deriva do termo latino “re-ligare”, que significa re ligação com o Divino; HERESIA – tudo que vai de encontro a uma religião dominante: Cristianismo x heresia Judaica, Protestantismo x heresia Católica ou Budismo x heresia Hinduísta; SEITA, que se origina da palavra latina “secta”, segmento minoritário que se diferencia das crenças majoritárias, mas, consideradas Religiões e INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, organizações sociais que controlam o funcionamento da sociedade e indivíduos. Possuem normas de acordo com a Religião que se dizem representar, podendo ser chamadas de Igrejas, Templos, Sinagogas, Mesquitas, Centros Espíritas, etc., etc.

Posto isto e considerando que toda a história da humanidade e todos os grandes pensadores dela se ocuparam, podemos afirmar que as Religiões são fenômenos inerentes à cultura humana.

Freud, um dos homens que mais influenciaram o pensamento humano, é um exemplo a ser citado. Assumo a responsabilidade e ousadia de resumir seu juízo a respeito do papel da Religião para o homem. Afirmou que o sentimento religioso decorre da sensação de desamparo do indivíduo ao nascer, quando encontra um mundo que considera hostil e cheio de mistérios, sem falar do mal estar que a certeza da morte lhe causa. Karl Marx, não menos importante, mas em outra linha, caracterizou a Religião como uma droga que anestesia a dor, “a Religião é o ópio do povo”, disse.

Podemos ratificar, então, a importância da Religião para o equilíbrio humano e minha questão começa a ser respondida.

Não pretendo aqui um tratado histórico nem entrar na perigosa seara dos dogmas e dos princípios doutrinários das dez religiões com mais adeptos no Planeta. Ate porque, doutrinas religiosas determinam e são determinadas por aspectos culturais, que não nos cabem julgar, por mais que nos causem estranhamento.

A chocante decisão do Bispo, com apoio do Vaticano, sobre o caso da criança de nove anos foi, por mim, associada a determinado aspecto da novela da Rede Globo, “Caminho das Índias”, identificado pela existência dos “dalits” também chamados de “intocáveis”. Pessoas que, por 3000 anos teem vivido num ciclo de discriminação e desespero, presos ao sistema de Castas vigente na Índia, que não teem acesso à água potável, emprego com pagamento compatível, à terra, à moradia e outras restrições. Suas casas são queimadas, suas mulheres estupradas entre outras barbaridades consideradas comuns.

Segundo o Hinduísmo, a mais antiga tradição religiosa dentre os grupos religiosos, “....entre os princípios fundamentais incluem-se a “ahimsa” (não violência).............a chama divina essencial (Atman/Brahman) está presente em cada ser humano e em todas as criaturas viventes.......” Prega, portanto, igualdade e pacifismo.

Na minha laica e leiga visão, toda e qualquer Religião, que, repito re liga o Homem ao Divino, deveria ter como função primordial anular costumes que o discrimine, que lhe traga sofrimentos e não respondam a questões existenciais inerentes à sua condição humana. O que vejo e sinto é que as Instituições Religiosas nada teem a ver com as Religiões que abrigam. São contraditórias em relação a seus próprios dogmas, são subservientes aos poderosos e, quando lhes conveem, lançam mão da violência para lidar com fatos que vão de encontro aos seus interesses.. Só para dar um passeio, vergonhoso, na História, na Idade Média, a “Santa” Inquisição perseguiu, matou, torturou, queimou pessoas e livros, bloqueou o avanço científico e outras barbaridades.

Todos os textos religiosos pregam a igualdade entre os seres, pregam a compaixão, pregam a não violência, dentre outros princípios éticos universais.

Todas estas considerações são tão relevantes que respondem à pergunta que originou este texto e torna mais absurda e cruel a posição da Igreja Católica diante do drama de uma criança de 9 anos. Sem contar que ainda incita a desobediência civil e o desrespeito ao Código de Ética Medica, cujo principio norteador, é salvar vidas - se a gravidez fosse levada adiante as três vidas, provavelmente, estariam sentenciadas à morte. Quanto ao Hinduísmo, em que princípios se fundamenta para sustentar a existência dos “dalits” na Índia, tão miseráveis como todos os miseráveis do resto do planeta?

Religiões não precisam de Instituições religiosas com seus dogmas, seus sectários e “fundamentalistas” mandatários, para encontrarem eco no coração dos homens. Até porque, nem Sidarta Gautama escreveu uma só linha sobre o que mais tarde seria o Budismo, nem Cristo, que deu a Pedro a missão de fundar sua Igreja, apesar de saber que por ele foi negado três vezes, dando um exemplo de tolerância e perdão, também nunca escreveu um trecho da Bíblia.

Concluo reconhecendo na religiosidade uma necessidade humana e o que coloco em xeque, no momento, é a necessidade das Instituições que usurpam e deturpam os naturais sentimentos religiosos, assim como creio que “Deus” é uma energia vital que une e habita todos os seres e regula o equilíbrio do Cosmos. Para crer e sentir-se parte do Todo não é necessário sentir-se parte de qualquer organização humana, por mais bem intencionada que se autodenomine e intitule.


Portanto, se me excomungarem, nem um crente em potencial estarão perdendo. Só tempo.

Alice Rossini




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domingo, 8 de março de 2009

DESABAFO

O dia de vocês ainda não acabou. Então eu acho que ainda vou a tempo de deixar a minha mensagem.

Fazem apenas alguns minutos que o Governo Brasileiro deu sua mensagem de homenagem a mulher, encarregando a Ministra da Política da Mulher, Nicéia Freire (?) falar por 3 minutos em cadeia nacional de radio e TV.

Que pobreza, que falta de dignidade do nosso Governo. De repente, se gasta mais dinheiro em bebidas alcoólicas importadas no bar do avião presidencial do que nesta curta, grossa, indevida, pobre, injusta, insuficiente e por ultimo, mas não menos importante, imprópria homenagem governamental.
Como fazer para lembrar aos nossos governantes?... Cansei, vou deixar de ser indireto!
Como fazer para lembrar ao Lula que se não fosse a Mulher Brasileira, categoria da qual fazem parte as mulheres de sua familia, incluindo a Esposa dele e também a senhora que ele nos quer impingir como sua substituta e futura presidenta do Brasil. Todas elas são mulheres.
Seria bom lembrar ao Lula, que a Mulher não e só responsável pelo aumento da população do Brasil. Todas as Mulheres são responsáveis pela congregação total da família, logo são PHDs e Doutoras Horonis Causa em Assistência Social, Sociologia e Psicologia.
As que vivem com uns minguados reais do salário mínimo ou ainda menos gerenciam esse orçamento e dão de comer as suas famílias quase sempre numerosas e acima da conta exata dos dedos de uma só mão. Por isso, deveríamos dar-lhes diplomas com grau similar ao de cima, registrados e notariados, nas disciplinas de Nutrição, Economia e Finanças. Aproveitaríamos, e podíamos dar-lhes menções honrosas especiais pelos sacrifícios que fazem muitas vezes em não comer para deixar um pouquinho mais para os filhos, ou para o marido que trabalhou o dia todo para ganhar aquela ninharia.
Isto sem contar com aquelas que tomam o touro pelos cornos, e por não terem trabalhos adequados, passam a fazer o que os homens fazem, soldadoras, pedreiras, serventes de pedreiro, cortadoras de cana, margaridas, vendedoras de todas as espécies, e porque não, prostitutas!

Eu diria que qualquer destas coisas e muito mais digna do que ser político, lobista, corrupto e etc. Principalmente se o mesmo chegou la devido a um acidente de trabalho ocasionado por uma pura falta de cuidado e desobediência total as normas de segurança no mesmo. Naquela época quando não se podia trabalhar por motivos de saúde, passavam-se os dias na sede do sindicato. O resto da historia vocês já sabem ou imaginam.

Alice, a esta altura deste tosco comentário, ja deu para perceber que eu estou irritado. Estou mesmo, estou puto! A falta de respeito do governo do Brasil para com a Mulher brasileira com uma menssagemzinha de 3 minutos em cadeia nacional, me parece no mínimo desprezível.

Sendo assim, espero que vocês todas perdoem o Governo e a minha irritação, e recebam de mim, os meus mais sinceros respeitos e as minhas homenagens em todos os sentidos, inclusive à mãe, à esposa e à futura possível substituta do líder do nosso desrespeitoso Governo Nacional.

Que Deus vos Abençoe a Todas incansáveis, lutadoras, guerreiras e maravilhosas MULHERES!

Fernando Rodrigues - Engenheiro

sábado, 7 de março de 2009

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Vocês não imaginam a vontade que sinto de escrever no dia dedicado à MULHER!

Não é segredo o quanto me sinto à vontade em ser uma delas, por milhares de complexas, doces, amargas e nobres razões. Só parafraseando um poeta, “ser uma pessoa com capacidade de fazer outra pessoa” já é motivo suficiente de prazer e orgulho.

Hoje, como toda mulher, vou ser surpreendente. Reservei este espaço para ler/ouvir o que eles, OS HOMENS, têm a dizer sobre nós. Claro que me reservei o direito de escolhê-los, afinal não são todos os dias que uma mulher tem o direito de escolher entre vários ..., Para dar-lhes voz, não vou lhes impor nenhuma censura, até porque isto fere o princípio basal deste BLOG. Falarão livremente. Sobre o que sabem sobre nós, sobre o que imaginam que sabem, e também, por que não, sobre o que não sabem e querem saber

Portanto, queridas, hoje teremos uma rara oportunidade de, enfim, saber o que “eles” pensam!!.

Alice Rossini

MULHER? AH...É FÁCIL


Mulher. Falar de mulher é muito fácil. Principalmente pra quem gosta delas. Se precisar escrever algo sobre a mulher, para homenageá-la no seu dia, eu procuro visualizar a figura da minha mulher. Ai fica mais fácil ainda. Visualizando a minha mulher eu consigo generalizar para um universo feminino. Pronto. Agora já posso falar da mulher. É fácil. Ou melhor; é só exaltarmos nossa masculinidade que tudo o que é feminino vem a tona.

Estou concluindo que a mulher é o inverso do homem. É o oposto em tudo. Vejam o primeiro casal que se têm notícias; chamava-se Adão e Eva. Adão é um nome pesado, forte, feio grosseiro, mas era um homem decidido. Querendo papar Eva, fez com que ela comesse a maçã. Sabe-se lá que argumento usou. Dá pra imaginar, não é? Eva, ao contrário, é um nome suave, doce, frágil, delicado enfim: é um nome digno de uma mulherzinha. Mas ela comeu a maçã. Sabe-se lá que argumento usou pra negar, negar, negar e depois crau... papar a maçã como se esta não fosse sua vontade. Sabe-se lá, não é?

Bom. Acho que agora chega de lero lero e vamos falar da personalidade feminina. Até porque, lembro, eu disse que era fácil. Portanto, se a mulher é a antítese do homem, é só raciocinar como nós somos e passar pro negativo que forjamos nas nossas masculinas cabeças, o que é ser mulher. Por exemplo; nós homens, temos a capacidade de visualizar os problemas exatamente como eles são. Elas, por sua vez, vêm nuances gravíssimas, que nada tem a ver com o problema original e conseguem discutir de uma forma tal, que após cinco minutinhos, ninguém sabe mais o qual era o problema, nem mais o que se esta discutindo. Nós homens temos a capacidade de usar novos argumentos relacionados aquela discussão. Ah... mulheres, definitivamente, não!

Quando lhes faltam argumentos, vão buscar no passado longínquo, fatos que nem um computador de última geração tem capacidade de armazenar (ah, quantos giga bytes!!!) “lembra- daquele dia, quando ainda éramos noivos, que você me deu pouca atenção na festa de sua empresa?”

Pois é. Nós homens achamos que conhecemos as mulheres. Achamos que conhece-las é saber exatamente a textura de seu bumbum, a consistência de seus seios, o gosto de sua boca, o sabor de suas entranhas, enfim; a fêmea, pra nós homens é prazer e descanso. O prêmio. O troféu. A parceira. Algumas vezes, note bem, algumas poucas vezes, a razão. Quase sempre..., a emoção.

Mas, é isso é o que procuramos no nosso dia a dia. Pelo menos, achamos que é.

Apesar de ser um bicho complicado, mais até que formiga (o animal mais estranho que conheço), sem a mulher não vivemos. Precisamos delas pra tudo. Ou melhor, quase tudo. E antes que elas comecem a ficar bravas comigo, quero dizer que sem este traço complicado da mulher nossa objetividade fica desfocada.

Porque resolver as coisas tão facilmente, se podemos complicar um pouquinho, ao lado de uma bela mulher e nos sentirmos fortes, protetores, amados, felizes e ...machos.

Um beijo em todas as mulheres e um especial na complicadinha que eu tanto amo.

Marco Rossini - Empresário


A IGREJA, O ABORTO E A MULHER

Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o mundo despenca nas brumas da Idade Média, quando um bispo da Igreja Católica, sem ao menos abrir formalmente um tribunal de inquisição, excomunga os médicos pernambucanos que fizeram aborto de gêmeos em criança de nove anos, engravidada pelo padrasto que abusava da inocente desde os seis anos de idade.

Para o bispo, arcebispo, ou seja, lá o que for de Olinda e Recife, pior crime do que o estupro da criança por um criminoso perverso, foi o fato de os médicos livrarem a trágica criança de uma gravidez absurda e obviamente indesejada...

Foi um extraordinário avanço da legislação brasileira permitir o aborto de fetos fecundados pela via do estupro de mulheres; imagine-se então a justiça da autorização, quando se trata da gestação forçada em criança mal saída da primeira infância...

Esse fato, se expõe o desajuste da Igreja Católica diante da realidade, demonstra também o quanto as mulheres ainda precisam caminhar para assegurar a sua integridade e respeito no contexto sócio-cultural atrasado no qual ainda vivemos.

Como pode a Igreja Católica – que ainda debate a validade das teorias de Darwin! – realizar campanhas da fraternidade, se não permite que as mulheres sejam ao menos donas do seu corpo e das suas vontades em procriar ou não, sejam em quais circunstâncias forem.

Foi diante de padrecos estúpidos, dogmáticos e tacanhos como esse de Olinda e Recife, que Galileu Galilei, para possivelmente não arder na fogueira, viu-se obrigado a renegar publicamente a sua consagrada teoria do movimento dos astros, engolindo as suas convicções científicas, com receio da mão pesada de uma igreja que deveria ser sempre sensível à pregação humanitária de Cristo-aquele que jamais condenou Madalena, mas a acolheu e a protegeu.

Enquanto acusavam e ameaçavam excomungar Galileu, a terra girava soberana em torno do sol, e só muitos séculos depois, bem recentemente, a Santa Sé romana reconheceu o seu erro, ela que se julga a guardiã inconteste do céu e da terra e da verdade soberana que pretende impor entre esses dois planos físicos, “absolvendo” Galileu e pedindo desculpas.

No futuro, essa Igreja Católica ainda terá que pedir muitas desculpas, como a omissão diante do holocausto judeu, e também diante das mulheres do mundo, forçadas a comemorar o seu dia em meio às diatribes de autoridades eclesiásticas que preferem excomungar médicos humanitários, ao invés de repudiar o monstro criminoso que abusou da inocente menina, a mulher marcada e estigmatizada de amanhã.

Mas, como podem mesmo condenar estupros e defender mulheres vitimadas, mesmo crianças quando livradas humanitariamente da gestação indesejada, se são seculares e inúmeros os casos de estupros e abusos de menores no âmbito das igrejas, conventos e abadias?

Sergio Gomes - Jornalista

quinta-feira, 5 de março de 2009

SOBRA CULPA E FALTA INTEGRIDADE

Acho engraçada essa idéia (sentimento) de culpa... e do quão convincente ela parece ser para nós - seres fictícios que sustentam quase nada do que pensam (sentem). Nós somos mesmo uma graça...

Para não me perder nas ironias, fico a pensar na função da culpa que seria tornarmo-nos mais perfeitos, com menos erros e falhas para, quem sabe, um dia, sermos reconhecidos sem imperfeições. Alguns ainda misturam isso com um plano divino, dizendo ser um plano de Deus.

Só esqueceram de entender o que significa PERFEIÇÃO... palavra que vem do verbo grego TELEIOS e que significa, ao pé da letra, “levado à integridade”. Se não estou enganado, algo íntegro é algo inteiro, ou seja, algo que nada exclui. Nesse sentido, parece que as coisas tomaram outros rumos e os gregos ficaram mesmo para trás. Perfeição virou exatamente a capacidade acurada de excluir. Exclui-se sem nem saber o quê... exclui-se até a si mesmo...vira-se um pedaço ou um fragmento de qualquer coisa para se parecer com algo inteiro.

Seria isso possível? Sim... seria, sim. Sabe como? Fazendo parte de uma legião de cacos culpados se pensando bondosos e perfeitos. Quem leu “ensaio sobre a cegueira” deve saber sobre o que falo. E aí surge a culpa como a promessa de conquistar o que a minha covardia não me permite. E aí haja boas intenções... a superlotação do inferno!

Sobra culpa e falta integridade... até penso que Deus tinha mesmo um plano perfeito quando disse a Adão e Eva que deveriam comer de todas as árvores do jardim, menos daquela que estava no centro. Deus não é bobo nem nada e não só colocou a árvore lá como ainda despertou o desejo. Tudo certinho para Adão e Eva se descobrirem inteiros e perderem a ingenuidade paradisíaca.

Se não suporta a própria integridade, não me venha com essa história de culpa, pois isso é historinha de criancinha no paraíso. Tô fora , faz tempo!

Ricardo Barreto - psicólogo

O PODER DO PROTOCOLO

- 20096545747784756567 este é o protocolo de atendimento. Para ouvir de novo tecle 2. Para dar seqüência ao nosso atendimento eletrônico tecle 4.
- 4
- O que você deseja?
- Contestação de conta
- Certo. Segunda via de conta. Está certo?
- Não. CONTESTAÇÃO DE CONTA (já irritado)
- OK. Vamos tentar de novo.
- CONTESTAÇÃO DE CONTA. COM TES TA ÇÃO!!!!!!!!!!!!!
- Certo. Agora eu entendi. Tecle 7 para atendimento pessoal.
- 7.
Musica de fundo.........................
- Boa tarde, você fala com Janaina. Em que posso ser útil?
Como se alguém de call center estivesse ali pra ser útil.....
- O problema é uma conta de R$ 720,00. Não consigo entender de que se trata. Esta é a segunda vez que reclamo e nenhuma atitude foi tomada.
- Senhor. Pode me dar o número do protocolo da sua reclamação?
- Ah, um minuto. Está aqui em algum lugar. É mesmo necessário este número? Podemos abrir uma nova reclamação?
- Perfeitamente. Anote o novo numero do protocolo. 2009867589456375647
- Anotei. O que faço agora?
- Deve aguardar 5 dias úteis. Alguém entrará em contato com o senhor. Pode me dar um telefone de contato?
...................................................................................

- 89678597685947856758678. Este é o numero do protocolo deste atendimento. Para ouvir de novo tecle 2
- Pois não senhor. Quem fala aqui é Ana Carolina. Em que posso ser útil?
Depois de uma looooooonga pausa
- Minha senhora. Esta é a quarta vez que estou ligando pra resolver este problema. Eu recebi uma conta astronômica e preciso de uma solução.
- Seguindo as novas normas da Anatel queira anotar o protocolo para este atendimento. Quero informar ainda que esta ligação, por questão de segurança, será gravada. 2009657483909859467385665
- Em que posso ser útil?
Ah. Como uma frase tão delicada pode ser tão irritante? E tão inútil?
Depois de mais uma vez explicar toooooodo o meu problema, ela informa que será solucionado e que Cláudia, do setor de contestação de contas, dará prosseguimento ao atendimento. Ah!!!!! Agora acho que vai ser resolvido
- Boa tarde. Em que posso ser útil?
De novo? Nãããão!!!!!!!!.

- Só quero que você me explique o motivo desta conta tão absurda que recebi.
- Senhor. O senhor deve ligar para o numero 1037. A conta do senhor é da Oi Conta Total. Aqui só tratamos de telefonia móvel.
- Pelo amor de Deus. Eu não consigo falar com este número.
- Senhor. Infelizmente não posso fazer nada.
..................................................................

Tudo de novo.
E continuo anotando números de protocolos. Já localizei 37 imensos números de protocolo. O numero é tão grande que parece ser uma coisa séria. Quando recebi o primeiro protocolo tive a certeza que tudo seria resolvido. Ledo engano. Já se vão dois meses e meu nome está prestes a ir parar no Serasa.

Resolvi tentar a última cartada. Fui pessoalmente ao escritório central da Oi.
- Senhor. Oi Conta Total só pode ser resolvido pelo telefone. O senhor deve ligar para o 1037.
................................................
20098786995876895876
Este foi o último numero de protocolo que recebi.
Paguei a conta que não sei como chegou a este valor e mudei de telefônica.

Agora vamos começar tudo de novo com a GVT


Marco Rossini

terça-feira, 3 de março de 2009

MARIA DE LOURDES

Há muitos anos atrás, quando fui à Europa pela primeira vez, conheci uma cidade na França, considerada um dos centros de peregrinação mais famosos do mundo católico: O Santuário de Nossa Senhora de Lourdes. A que apareceu as três criançinhas e fez “aquelas” terríveis profecias, uma delas tão grave, que está guardada, até hoje, a sete chaves no Vaticano.

Confesso que me surpreendi com a densidade da fé dos que lá estavam e, principalmente, com o impacto daquela energia nas minhas emoções. Fiquei emocionadíssima e descobri que a crença é algo que se não encontra explicação na lógica é tão necessária, seja qual for sua natureza, que o homem transcende a todos os conceitos racionais e curva-se a ela.

Anos depois, através de algumas coincidências e motivos que nada tinham a ver com fé, aliás, seria apenas um evento social onde os anfitriões nos apresentariam seus convidados, estava presente outra Maria de Lourdes.
Mais um milagre estava se engendrando nos bastidores da vida, a amizade profunda entre duas pessoas que até então, nunca tinham se encontrado.

Vocês devem estar pensando qual a ligação entre as duas Marias, a Santa e a Mulher.

Essa Maria de Lourdes, humana, arquiteta simpática e alegre, percorreu os caminhos do meu afeto e batendo todos os recordes, cravou raízes profundas no meu coração. Tornou-se a Lú que, tal qual a Santa que apareceu às criancinhas, me surpreendeu pela densidade de seu espírito, pela força do seu afeto e pela beleza da compaixão com que contempla a vida, principalmente a dos outros.

Lú é uma pessoa maravilhosamente incrível! O verde profundo e atento dos seus olhos consegue fotografar a vida em todos os tons, inclusive os escuros, mas, principalmente os claros e alegres, pois o sorriso que mora em seus lábios e o otimismo e a generosidade características marcantes da sua personalidade, não deixam que a escuridão demore mais que o necessário. Lú tem luz própria e esta luminosidade clareia até as cores sombrias que, de vez em quando, teimam nublar-lhe o espírito límpido.

Como se o mosaico de seu ser já não fosse tão diversificado e cheio de surpresas, minha amiga é velejadora! Tem até carteira de Mestre concedida pela Capitania dos Portos! Sim senhor! Domina, com competência, todas as manobras necessárias para ancorar, fazer andar, içar e arriar velas, dar aqueles nós de marinheiro e todas aquelas manobras que só os velejadores sabem e entendem o que significam. Pisciana “das boas,”é intima das águas e sabe conviver com o movimento das marés, tanto as que navega, sempre que o sol e o vento a licencia, quanto quando brincam com seus sorrisos e testam sua força. Tal qual uma linda Sereia dourada, sua voz doce e macia entoa cantos, exala encantos e chega até a encantar.

Amigas incondicionais sabemos que contamos sempre uma com a outra. Tanto para rirmos, quando falamos das nossas venturas, quanto para chorarmos nossas desventuras, todas as “segundas feiras sem lei”, numa mesinha só nossa, na Crepreria Mariposa. O certo é que de lá saímos, leves e saltitantes e, depois de um caloroso abraço e algumas roskas, sentimo-nos mais fortalecidas para enfrentamos a vida. Vidas tão diferentes na forma, mas intimamente ligadas pelos mesmos e singelos anseios. O desejo de sermos felizes, de podermos amar e sermos amadas e saber que o respeito e a profundidade do afeto que nutrimos uma pela outra, seja eterno e infinito e que dure para sempre.

Hoje estou em festa, pois o aniversário de alguém a quem se pode chamar de AMIGO, é motivo de alegria na alma e de sorrisos fáceis.

Alice Rossini

domingo, 1 de março de 2009

O CERCO DA CULPA


Vivemos cercados e obcecados pela culpa. Transferí-la para as ideologias que as Igrejas usaram para nos subjugar é repetir o óbvio. A humanidade já avançou muito em alguns aspectos, quebrou e criou paradigmas, mas a culpa e o sentido do pecado permanecem, teimosamente, incrustados nas nossas neuroses, as tolas e as verdadeiramente nocivas.


Paradoxal à urgência de aceitação da diversidade cultural com seus variados costumes, a necessidade de ser mais tolerante com as diferenças, a multipliplicidade de variáveis embutidas nos conceitos de certo e errado, o ser humano continua premido pela "cultura da culpa"

Algumas sociedades européias mais modernas já aceitam e discriminalizam uso de drogas até então consideradas ilícitas e habitos sexuais fora dos padrões considerados "normais", graças à militância de grupos que lutam pelos direitos humanos, com ênfase nas liberdades individuais.

Entretanto, estes novos conceitos de normalidade e a delimitação dos limites de transgressão e licitude colocam o homem diante de um novo desafio: o que fazer com a liberdade e como usá-la sem extrapolar os limites da ética e da moralidade. Não vou entrar aqui em conceitos psicológicos e antropológicos, da necessidede humana de autorregular-se Mesmo neste cenário propício à relativazação das certezas, a culpa permeia nosso cotidiano. Sentimos culpa por tudo: por comermos tres vezes ao dia, por sermos felizes, mesmo que de vez em quando, por não querermos conviver com quem não mais amamos, por querermos mais espaço, por utilizarmos nosso tempo com cuidados com nosso corpo, quando nossas almas continuam "pecadoras", por termos medo de crianças de rua, como se, somente nós fôssemos culpados por estarem abandonadas, por não termos uma religião oficial, cuja visão antropomórfica de um deus de barba e dedo em riste, apontaria nossas fraquezas e decidiria nossos destinos. Enfim, a culpa é a nossa mais fiel companheira. Nem vou falar dos filhos, porque se começar a listar os horrores de que nos acusam e nos quais acreditamos, escreveria um livro.

Estou numa fase de balanço, no dificil e desgastante exercício de rever minha história pessoal. Descobrí-me a única responsável por tudo que sou e que gostaria de ter sido e não fui. Nesta óbvia conclusão, isentei dezenas de pesssoas que, certamente, até hoje, arrastam correntes com elos feitos de culpa por minhas derrotas, por minhas desistências, por meus erros. Não aconselho a ninguém fazer esta retrospectiva. Se tiver a firme intenção de ser honesto, sem estar devidamente preparado para e carregar o peso de assumir as consequências de ser protagonista e antagonista de si mesmo, desista! Quanto a mim, foi dificil, mas valeu a pena. Minha relação com as pessoas amadas mudou ao mesmo tempo em que descobri poderes para, se for o caso e ainda restar alguma coragem, mudar o rumo da minha história. O maior ganho pessoal desta jornada é livrar-se, mesmo que seja aos poucos, daquela companheira "fiel", silenciosa e sorrateira, que metamorfoseia-se de milhares de outros sentimentos, que deformam nossas reflexões, contaminam nossas relações e distorcem e nossa visão da vida. Até por questões práticas, temos que nos convencer que o passado é imutável. Crendo nisto, percebemos que todas as pessoas, até as que dependem de nós, vivem fazendo escolhas e nem sempre levam em consideração a repercussão delas nas nossas vidas. Nem por isso são más, ao contrário, são saudáveis e necessárias! São elas que fazem com que a vida não pare, os sentimentos não se esgarcem, as amizades não terminem, os amores não adoeçam e as paixões fluam. Despindo-se das culpas, das devidas e indevidas, aflorará em nós um sentimento de compaixão, que, aliás, só sentimos pelos outros, que fará com que reconheçamos nossa condição humana, portanto passível de erros, omissões e acertos. E aí vem o melhor da história, livramo-nos dos arrependimentos, prima -irmã dela, a culpa!
Deletemos do dicionário do nosso cotidiano a palavra "arrependimento" e sem ela, convivamos de forma mais saudável com os pecados: o original de Adão e Eva, os Capitais que são sete e, tirando o "Não matarás" e o "Não roubarás" os Dez Mandamentos também! Quabremos a Tábua de Moisés e, com seus cacos escrevamos nosso próprio código e readquiramos o legitimo direito de errar.

Todas as maçãs que Lilith, generosamente, nos presentear, morderemos com gula e volúpia!

Seremos expulsos do nosso Paraiso pessoal, só conseguiremos comer com o suor dos nossos rostos mas, com certeza, podemos, sem culpa, tomar sol, andar na chuva, pisar na lama, meter o pé jaca, dormir o dia todo e, mesmo acordando de ressaca, nos sentirmos "limpos" e leves


Alice Rossini