segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

EDITORIAL

 
Cinco anos se passaram. Aparentemente, quase tudo continua igual, embora, saibamos que não está, porque impossível. É assim a vida, a cada milésimo de segundo, tudo muda. A transformação é contínua, inexorável.
 
O espaço de tempo onde existimos fez com que muitos de nós ganhássemos experiência, entretanto, a maioria vive em superfícies tranquilas e seguras, e nem sabe o que fazer com ela. Outros aproveitaram a oportunidade, procuraram entendê-la e tornaram-se pessoas melhores. Algumas amarguraram e perderam-se, inclusive, de si mesmas.
 
Conquistamos e perdemos pessoas e coisas. Muitas, apenas, nos visitaram e se foram sem deixar marcas. Felizmente, grande parte delas continua e estão, delicadamente, hospedadas em importantes escaninhos das nossas emoções. Indiferentes, importantes pilares que nos ratificavam ruíram, impedindo que fôssemos o que pretendíamos ser. Mal sabemos como desmoronaram.
 
Ganhar, perder, sorrir, chorar, agradecer. Ignorar o bem que recebemos ou re significar os maus momentos como necessários e importantes testes para nossa capacidade de enfrentar as armadilhas da vida. A sabedoria em reconhecer a legitimidade do ciclo inerente à existência, nascer, crescer, morrer, pois, assim ela está organizada e nada podemos fazer para que aconteça de outra forma. Inverter a ordem natural.
 
Nosso único poder repousa sobre nós mesmos, reciclando nossas infinitas formas de enxergá-la, enquanto tentamos entendê-la. Um dos objetivos pessoais do ser humano poderia ser o de buscar a flexibilidade sem, entretanto, perder princípios. Arigidez pode ser fatal para a evolução, para a simplicidade, para a humildade, para mudanças que melhorariam as relações entre as pessoas, e entre elas e o Planeta.
 
Reitero que este BLOG nasceu motivado por uma grande saudade. Um vazio cheio de motivos, histórias, significados, perguntas sem respostas, conteúdos de paz, melancolia e uma perda que a fé de muitos, nos faz acreditar que um dia reencontraremos quem perdemos. Alguém que possuía as retinas sintonizadas com tudo que a vida tem de bom, nossa inesquecível KILMA.
 
Mais uma vez se faça um singelo registro de uma data que se alimenta tanto pela existência, quanto pela falta. Os cinco anos deste BLOG, cujos motivos e motivações sempre serão associados à vida e à alegria de alguém, que sempre tentava enxergar com simplicidade e amorosa leveza, a complexidade e a importância dos compromissos que justificaram e tornaram exemplar sua breve existência. Porque, além de simples e despretensiosa, sua determinação em privilegiar o exercício do bem, fez com que nunca desistisse de lutar e, jamais, transigir.
 
Entretanto, muitos foram presenteados com pontos de luz, onde puderam depositar o estoque de amor e aceitação que existe em cada um. Ainda foram criadas novas e consistentes possibilidades de momentos felizes, da mesma forma que nossos impulsos destruíram pontes e inviabilizaram caminhos que nos ligavam a verdadeiros afetos.
 
As crianças estão crescendo, outras a violência tem levado cruel e prematuramente, e muitas ainda virão. As árvores, a cada ventania, tiveram suas folhas renovadas, assim como flores brotam a cada primavera. Um lado do planeta esteve mais frio, outro mais quente. A vida manifestando-se independente e ferida mostra seu lado perverso. Com a incompreensão do homem, novas guerras eclodiram, enquanto, outras continuam teimosas e inúteis. Alguns preconceitos foram discutidos, muitos de nós assumimos novos conceitos, outros, entretanto, os recrudesceram. Aconteceram muitas paixões, muitos desamores e outros tantos, ratificados pelo tempo de compreensão e paciência.
 
Enfim, por que não fazer como Clarice Lispector, numa das visitas à própria lucidez?: “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
 
Embora, cada momento seja diferente do anterior e o futuro uma incógnita, o que se mantém constante são as saudades e algumas inconstantes razões, para que este BLOG continue a existir.