o cotidiano e suas contradições, descrito e compartilhado - Blog inaugurado em 18 de fevereiro de 2 009 - ANO VIII
domingo, 21 de outubro de 2012
“SIMPLES DESEJO”
Hoje eu vi uma Ferrari. Vermelha, é claro. Nem precisa falar das linhas arrojadas, dos canos de descarga prateados e aparentes na parte traseira como mais um acessório luxuoso, de onde nasce o famoso ronco do motor.
A platéia admirava-a, enquanto o orgulhoso proprietário do objeto do desejo de nove entre dez pessoas do mundo “civilizado” fazia pose de ”não estou nem aí”.
Fiquei, então, imaginando o que baliza o desejo das pessoas. A quantidade de dinheiro que possuem? Não sei, conheço muita gente cuja conta bancária mal dá para suas despesas pessoais e deseja uma Ferrari. Outras, levadas pelo nível cultural mais burilado, usariam o dinheiro da Ferrari e comprariam um quadro de Picasso. Já tem quem sonhe ser rico para dar a melhor educação possível para seus filhos ou pagar a complicada cirurgia que curaria um ente querido, no melhor hospital do mundo.
A verdade é que, como seres “desejantes”, o planeta é uma vitrine, onde estão expostos, desde objetos cuja concretude nos esmaga, até devaneios, cujo alcance nos engrandece.
Entretanto, existe uma grande maioria, neste mundo tão diverso, que possui desejos simples, mas cuja grandeza e necessidade de ser alcançado, faria falta até ao dono da Ferrari vermelha.
A cantora Luciana Mello tem uma composição, onde capta a essência dos desejos humanos, aqueles que servem de lastro e lhes motivam a diversificá-los, bem diferentes da Ferrari, do quadro de Picasso, até a luta pela própria casa.
“Legal ficar sorrindo à toa
........................................
“Andar sem rumo pela rua”
Sim, a liberdade, maior bem do ser humano, é a base que lhe permite desejar, que torna o que almeja, alcançável. Bem, pelo qual, infelizmente, sempre terá que lutar por ela, historicamente, e defendê-la, existencialmente.
Como diz a compositora, para viver é necessário pouco. Uma Ferrari daria alegria e prazer, mas não garantiria a felicidade, tampouco, ter um quadro de Picasso na parede só acariciaria, de forma grandiosa a sensibilidade artística de quem a tem. “A felicidade está no mar, está no ar, está no brilho dos seus olhos”, tem dias, e não são poucos, em que carros luxuosos, obras de arte, objetos valiosos e tudo que só o dinheiro pode comprar deixam de ser prioridade e, até, os esquecemos.
Numa frase, Luciana conseguiu resumir qual a maior necessidade, minha e de muita gente: “eu só quero que o dia termine bem”...um simples desejo.
ALICE ROSSINI
Assinar:
Postagens (Atom)