quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

EDITORIAL


Apesar do que se ouve, se vê e sente-se o Verso & Reverso, ainda um bebê de dez meses, deixou-se contaminar pelo “espírito natalino” e, consciente das suas limitações, registrou aqui, alguns desejos para o ano que chega:

Que o sol aqueça a todos sem derreter as calotas polares e sem que seja necessário que usemos litros de filtro solar;

Que a chuva caia nas florestas, em lugares onde a água é escassa, onde os rios estejam secos e a terra infecunda. Mas, poupem as cidades e as pessoas de viverem o pânico de serem destruídas;

Que a violência diminua da mesma forma que os presídios se humanizem e as leis sejam cumpridas;

Que nas próximas eleições votemos com responsabilidade e tenhamos consciência da cidadania que nos dá direitos, principalmente, o de cobrar as promessas dos que nos governam;

Que os políticos, uma vez no poder, não esqueçam seus compromissos em não destruir a consciência das futuras gerações e se comprometam a manter as esperanças do país em tornar-se uma nação justa e democrática;

Que conceitos de guerras "necessária”, “conveniente”ou “defensiva”, “bloqueios econômicos”, “golpes de estado”, “regimes de exceção”, “censura à imprensa” e outras justificativas vãs, sejam banidos do jargão dos poderosos;

Que todos os regimes autoritários sejam atingidos pelo veneno da supressão da liberdade e que os ditadores sucumbam aos clamores por um mundo melhor, nem que para isso seja necessário que acreditemos em duendes;

Que nasçam crianças todas desejadas, com direitos assegurados e que suas familias as eduquem dentro de princípios éticos e valores humanos;

Ah! Que os casais que se amam continuem apaixonados, que os que já não se amam tenham a coragem de buscar a felicidade e os que ainda vão se amar encontrem-se no ano que se avizinha.

Como este Blog não tem a pretensão de esgotar desejos, coloca seu espaço reservado a Comentários para que seus leitores e colaboradores, livremente, externem os seus sonhos e suas vontades.

Até 2010!!!


VERSO & REVERSO

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O TETO DO MEU QUARTO

O teto do meu quarto é um verdadeiro telão. Nele, assisto a espetáculos, cujos roteiros, ou nascem do infinito dos meus desejos ou da penumbra de esconderijos, onde poeiras providenciais cobrem alguns fatos com as nuvens do esquecimento. Os motivam ainda, a realidade imprevisível dos meus dias.

Não existe uma imagem ou um roteiro que não guarde a veracidade das vivências ou a virtualidade dos sonhos. As personagens, reais. Muitas, amadas. Poucas, indiferentes. Mas todas importantes.

Desta mistura de cenas que muitas vezes parecem oníricas ou vindas de nichos nunca d’antes visitados, percebo o quanto a vida é rica e pode ser desafiadora. Porque no quadrado cinematográfico em que se transforma meu teto não existe censura. Todos os meus demônios têm pleno direito de atuarem como coadjuvantes, personagens principais, diretores e roteiristas de histórias que só são vividas no libertino telão.

No meu cinema particular e imaginário não existe nem o bem nem o mal. Nem certo nem errado. Neste espaço quadrado e limitado por paredes, paradoxalmente, a liberdade é total. Nele a vida acontece, simples e naturalmente.

Nele tudo é possível; como voar sobre campos, cidades e oceanos, até poder pousar junto a pessoas que estão, por alguma circunstância, distantes. Visitar lugares onde o desconhecido me instiga e o exótico me atrai. Voltar a cenários onde senti que a felicidade era um sentimento permanente e eterno.

Entretanto, muitas vezes, a vontade, ainda que estranha, é a de rastejar. Porque nem sempre voar é o desejo, muito menos a necessidade. Rastejar é preciso. Enxergar a vida de perspectivas outras. Degustar e sentir o gosto amargo das camadas mais inferiores e mesquinhas dos sentimentos humanos. Para alguns, experiência humilhante, para outros, instigante, necessária, transformadora e libertária. Compartilhar do cálice transbordante da angústia dos que sofrem e choram, muitas vezes dão ao nosso riso a razão que precisam para perderem o egoísmo da indiferença.

Ah! Quantas vezes o impulso do arrependimento me flagra desprevenida, querendo que cenas reais tivessem sido escritas de forma diferente. Logo me dou conta da inutilidade do desejo. Fossem os escritos diferentes, os personagens seriam outros, a história seria outra, eu seria outra. E a outra que eu seria, nem conheço. Portanto, mais um desejo, além de inútil, perigoso.

A taquicardia, a excitação, as faíscas que teimem em brilhar nos meus olhos sonolentos, lembram-me que tetos de quartos, além de proteger tem a missão de nos ensinar que sonhar, mais que um dever, é uma necessidade. Que mantenhamos a crença que milagres acontecem que ousadia é virtude e que o sentido de viver é, somente, o viver.

E, nas florestas imaginárias dos nossos sonhos existem gnomos, duendes e todos os seres encantados que se escondem na mata.

E eu preciso acreditar neles!

ALICE ROSSINI

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

DOCE REGRESSO

Viajar é uma maravilha! Se existem disponibilidade de tempo e dinheiro, algumas viagens curtas durante o ano, além de relaxantes, oportunizam conhecer diversos lugares neste mundo, tão vasto quanto surpreendente.

E é a constatação da diversidade do mundo que nos faz pessoas melhores. Testemunharmos as diferentes formas de comportamentos, percebermos a infinita nuance de cores da natureza, de peles e de olhos. As diversas texturas de cabelos, sentir diferentes paladares, ouvir sons que vão dos guturais, aos mais familiares, até os impronunciáveis. Conhecer, através da diversidade arquitetônica, a história da humanidade. Visitar museus e tocar com o olhar as obras dos grandes gênios da arte. Observar monumentos seculares e perceber que a inteligência humana sempre foi capaz de superar-se e chegar à beira do impossível!

Tudo isto alarga a concepção do mundo e aguça nossa percepção do equilíbrio que reside no diverso, no diferente. E no contexto da diversidade, o elogio da individualidade.

Viajar nos faz tolerantes. Inclusive, e principalmente, com o que deixamos para trás: nosso país, nossa cidade, nossa casa, nossa rotina. Faz-nos compreender porque tudo é como é.

Até porque uma viagem é bem mais longa do que parece. Começa com a curiosidade que determinado lugar nos provoca. Nas fantasias e expectativas que criamos em relação ao que vamos conhecer ou reconhecer. Na excitação gostosa e nas dúvidas que se impõem; se fizemos a escolha certa, se a hospedagem corresponderá às nossas necessidades, se o clima nos favorecerá. Se dúvidas não aparecerem, nossa natural ansiedade trata de criá-las. Frutos do “estado de prontidão” em que nos colocamos diante do desconhecido.

Chegando ao nosso destino absorvemos e sorvemos tudo que achamos relevante. Buscamos entender a cultura. Conhecemos rostos nunca vistos, semblantes sequer imaginados. Buscamos apreender o mais representativo do cotidiano do lugar visitado. Superamos com bom humor todos os percalços. Registramos todos os “micos” para rir mais tarde com os amigos e tentamos congelar os momentos em centenas de fotografias.

Mas, nada disso seria assim, tão aparentemente perfeito, não fosse a saudade que sentimos da vida que, temporariamente, deixamos para trás. Não tarda sentirmos necessidade da certeza que tudo que deixamos - coisas e pessoas - continuam iguais. Desejo inconsciente que o tempo tivesse parado, à nossa espera.

Chega o dia do retorno. Eu, pelo menos, sinto um prazer igual ou superior ao dia do embarque. Quando, ainda do avião percebo caminhos tantas vezes percorridos, quando ainda no aeroporto, reconheço um rosto querido e ansioso à minha espera, quando vejo, da esquina da minha rua o imponente jambeiro que, silencioso, assiste todas as manhãs, minha primeira refeição, meu coração bate mais forte.

Entro na minha casa. As paredes, os móveis, alguns objetos de uma vida inteira, meus livros, minha varanda onde mora minha palmeira, se curvam num abraço tão aconchegante a acolhedor que, não raro, lágrimas vêm-me aos olhos. Vou entrando mais devagar os reverenciando agradecida por terem me esperado, tal qual os deixei. Então, reencontro meu quarto. Nele minha cama. Nela meu travesseiro. Aliás, dois comportados travesseiros que, pacientemente, esperam duas cabeças que “parecem” inquietas e aventureiras e só saem “por aí”, porque tem a certeza que tem onde pousar e porque voltar.

ALICE ROSSINI

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

QUANDO A VIDA NÃO VALE NADA


Esta semana, aquela senhora, empregada doméstica da minha vizinha, teve seu único filho morto. Foi lá no morro. Deram-lhe oito tiros. Assim, como quem mata um animal. Simplesmente dispararam e o deixaram estendido na lama do caminho.

O rapaz tinha vinte e dois anos, vivia com uma moça da sua idade e já tinham um filho de um ano e meio. Trabalhava de segunda a sábado, 12 horas por dia, e pensava mudar-se do morro porque várias vezes haviam tentado roubar-lhe a moto, sua única propriedade.

À sua mãe disseram que o filho estava desaparecido há três dias. Ela e outros familiares percorreram hospitais com a esperança de encontrá-lo, por acharem ter sofrido algum acidente de trânsito. Nada. Alguém, então, decidiu ir ao Instituto Médico Legal. Lá o encontraram.

Avisaram à mãe e, depois do reconhecimento, entregaram-lhe o cadáver.

O velório foi horrível. Familiares e amigos se cotizaram para pagar o funeral. Cinco mil reais para ter o direito a um funeral decente. Digno de quem trabalhava e não era bandido. Senão, seria enterrado como indigente. Não há onde sepultar um filho que jaz sem alma, junto à alma de uma mãe despedaçada pela dor. Cinco mil ou nada.

Não há culpados. Nada se sabe. Penso que nunca se saberá. Aquele jovem transformou-se numa pasta a mais no arquivo criminal de algum organismo do Estado, que em alguns meses estará coberta com o pó do esquecimento e da impunidade. Caso encerrado.

Só se sabe do caminho tingido de sangue, da mancha na lama da subida do morro. Lama manchada com a vida de mais um. A chuva se encarregará de fazer desaparecer esta última lembrança. Mais uma saudade naqueles que sobreviveram. Fim da história.

No começo da próxima semana, novas histórias serão escritas com o sangue de mortes provocadas por balas, facadas, roubos, sequestros, assaltos. Mais terríveis que as mortes, são os deflagradores das tragédias. Realidades transformadas em contos de terror. Terrível o sofrimento e a dor de quem sobrevive à cruel realidade.

Pior ainda é acostumar-se a todos esses fatos e viver tendo consciência que não há quem faça algo para solucionar a situação que nos rodeia, que destrói nossos nervos e compromete nossa estabilidade.

Estou convencido que, atualmente, a maior prioridade do brasileiro comum, é viver em paz. Provavelmente uma casa melhor, transporte próprio, educar os filhos. Tudo isto, antecedido pela paz.

Não, imagino que o desejo resumiria algo mais básico, mais instintivo, mais primitivo: viver! E viver envolve planos, estudar, trabalhar, apaixonar-se, ter filhos, ter um teto próprio, divertir-se, conviver com amigos, fazer o que quer, quando quer e como quer. Mas, em paz! Não no meio de uma guerra permitida.

Penso que não há nada pior que viver com a angústia de quem vive num país em guerra. Só que, numa guerra declarada aponta-se o alvo e lança-se uma bomba para destruir o inimigo. No nosso país, parece que somos todos inimigos. A guerra é contra quem caminha pela rua, vai trabalhar, fala no celular, pega o ônibus, dorme ou vê televisão em sua casa. A guerra é nos dias de semana, nos fins de semana, nos dias de festa. A guerra é à noite e durante o dia. A guerra é sempre. A morte é sempre. E as ruas se inundam de lágrimas e de raiva. E não se faz nada. O certo é que o Governo não faz nada.

O certo é que nos ensinam que a vida não vale nada!

FERNANDO TROVADOR, sim, mas triste, muito triste!



segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

HOMENS

Recebi de um amigo, um texto de Zélia Gattai intitulado “Homem Maduro”. Lindo! Fiquei emocionada e pensativa.

Imagino que, para escrever texto tão belo, a escritora deve ter-se inspirado no seu adorado Jorge. Embora tivesse, como eu, a mesma forma de sentir e perceber o sexo oposto, prefiro aguçar meu olhar e falar de homens de forma mais generalizada; os maduros e os jovens, os amadurecidos e os imaturos, os equilibrados e insatisfeitos, os desequilibrados e satisfeitos, tantos quantos hajam por aí.

Existem exemplares que se encaixam em todas as classificações e não pretendo, aqui, esgotá-las. Calma! Reconheço que o universo de perfis femininos é bem mais complexo e de uma variedade desconcertante. Para muitos, desanimadora.

Voltando aos homens maduros a que Zélia referiu-se, são sim, charmosos e experientes em vários aspectos. Por terem vivido décadas tão marcantes para a humanidade guardam resquícios deste tempo. O romantismo, a conquista, o sofrimento, a luta por ideais que, certamente, fizeram deles homens maduros e mais densos que provavelmente serão os homens maduros das próximas gerações.

E por falar em gerações, pensar no homem como maduro, não quer dizer que também falo do homem amadurecido. Não quero correr o risco, repito, de restringir o universo das minhas elucubrações, já que convivo com homens de todas as idades.

Assim, percebo que é ainda muito jovem que o homem maduro perde a consciência do seu processo de amadurecimento e não percebe o quanto poderia sentir-se especial e sedutor.

Os padrões estéticos atuais também os esmagam. Os obrigam a violentarem seus organismos, modificando biotipos, mudando a simetria e a harmonia de seus corpos. Isto seria justificado se este padrão fosse ao encontro de expectativas femininas. Mas, não é isto que vejo e ouço. Mulheres não se encantam por montanhas de músculos. Mulheres gostam de músculos e cabeças definidas com equilíbrio e harmonia.

Então, o que os motiva a carregar “toneladas” de ferro? Aí é que as duas pontas da questão se encontram: o homem jovem ao hipertrofiar seus músculos tenta perenizar os símbolos de virilidade e força próprias da masculinidade. O homem maduro, não se enxerga sedutor e cheio de encantos, porque já não pode sustentar aqueles simbolos que o jovem, tola e inutilmente busca.

E neste tumulto existencial, centrando-se numa simbologia tão inconstante quanto passageira, a grande maioria deixa de construir vínculos mais profundos com a vida, cujos pilares mais consistentes os sustentarão e os adensarão quando maduros.

Entramos, então, nós mulheres, como fator complicador, quando não, coadjuvantes nesta busca e insatisfação insanas. Não abrindo mão do pesado estereótipo de “predador” o homem deixa de lado os encantos e os encantamentos inerentes a cada fase da sua vida, eternizando uma postura belicosa e de superioridade em relação às mulheres, cuja trégua só ocorre na cama.

Ao afastarmo-nos um do outro enfraquecemos o casal que, em alguns casos, ainda mantêm-se refém daquele que morava nas cavernas, com papeis rígidos e definidos, direitos desiguais e nenhum espaço comum. Sem contar o alheamento quanto aos respectivos universos, com suas peculiaridades, riquezas, dificuldades e questões que poderiam ser compartilhadas e resolvidas de forma solidária e madura.

Daí porque me nego a rotular homens em maduros ou jovens. Um, a origem, outro, a conseqüência e seus desdobramentos: de um lado virilidade e saúde perdendo-se em espelhos e halteres ou na busca desenfreada pelo “sucesso” a qualquer custo. Do outro, medo enchendo cabeças cobertas de charmosos fios grisalhos, angústia nublando olhos perspicazes, argutos e fascinantes e acelerando corações que emoções agradáveis os tonificariam, em vez de fragilizá-los. Suores de ansiedade molhando mãos construtoras, calejadas de luta, mas capazes de carícias e força para segurar o essencial da vida.

ALICE ROSSINI

domingo, 29 de novembro de 2009

¨A POPULARIDADE DE LULA¨

Caros amigos,

Tenho lido as mensagens que me repassam sobre fatos que envolvem Lula por atenção aos amigos , assim como as leio e ouço-as através da Imprensa, por respeito e gratidão ao fato de ainda tê-la livre. Há controvérsias...

Mensaleiros; “caixas 2”; escândalo, até hoje não esclarecido, de S. André; “propinodutos” ; ¨dinheiro em cueca¨e tantos outros que já nem lembro. Lula sempre diz que nada sabe e todos acreditam.


Caso ele soubesse, os mais letrados o justificam com pérolas tais como: “é assim que se faz política no Brasil”, “todo mundo rouba”, “o pragmatismo político assim o obriga”, “fazer alianças com quem antes rotulava de ladrão também é necessário para manter a governabilidade”, etc, etc.

Ele ter dito que faria DIFERENTE, não faz nenhuma diferença nas consciências e nos brios dos que votaram nele e ainda o apóiam. Preferem ferir princípios, que dizem ter, que reconhecerem, como qualquer pessoa sensata, que se decepcionaram e se enganaram. Ou foram enganados, como queiram. Eu não fui enganado.

Apagão! Os ministros do governo, que parece não ser de Lula, dizem que foi tudo resolvido e explicado: o problema foi causado por S. Pedro. Lula, que pouco fica por aqui, diz que “tem que haver uma explicação.” Com este “golpe de mestre” seu índice de popularidade sobe mais ainda. Até hoje, existem bairros inteiros no Rio de Janeiro sem luz! Mas, “o problema vai ser resolvido e explicado!” vocifera indignado, o Presidente.

Lula diz num Encontro Internacional de Literatura, realizado em Parati que, “quase dorme na mesa” que compôs na cerimônia de encerramento, “pois passou duas horas sem entender patavina”. Sua deselegância e ignorância ou passam despercebidas ou acham “engraçado e espontâneo” um Presidente de um país expressar-se desta maneira em relação à Literatura e ao “estimulo ao hábito da leitura”, uma das finalidades do Encontro. Se eu ou alguém o critica é rotulado de elitista.

Lula acoita na nossa embaixada em Honduras, um presidente que, no mínimo, cometeu uma ilegalidade contra a Constituição do seu país. Pousa de anfitrião humanitário. Um "imbroglio" até hoje não resolvido!

Coloca o Brasil, junto com seus amigos da Venezuela, Bolívia e Argentina, como únicos defensores, no mundo, do fortalecimento nuclear de um país governado por um louco que nega o Holocausto, numa verdadeira chicotada nas memórias sofridas de milhares de judeus que tiveram suas vidas destruídas. É criticado no mundo inteiro, claro! Provavelmente, a imprensa mundial também está começando a persegui-lo!

Se, para muitos de nós, a complexidade histórica e política do Oriente Médio são um labirinto e uma “cama de gato” que nem eles, até hoje, conseguem entender, Lula, que acha que “ler é chato”, com índices de mortalidade equivalentes à guerra do Iraque devido ao recrudescimento da violência, pensa que pode resolver e pacificar diferenças milenares.

Realmente, Ahmadinejahd é um excelente cabo eleitoral para o Brasil ocupar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU! Um honroso lugar para Lula esperar 2014.

A Folha de São Paulo publica uma denúncia na qual ele, quando preso, já que não conseguia ficar sem buceta, resolve seviciar um companheiro de luta e de cela. Tenham certeza, será considerado um macho dos culhões roxos, tal qual seu aliado e defensor, Collor, e ainda dirão que “nas prisões brasileiras esta prática é normal”

Portanto, meus amigos, nada consegue atingir a imagem de Lula. Ele habilmente desvinculou sua figura do Partido que o apóia, desvinculou seu nome do Governo que representa, assim como desvincula e nada sabe se alguma coisa dá errado.

Pousa lá fora de grande estadista, mediador dos problemas de outros países, distribui esmola aos pobres, deturpando programas que não são de sua autoria e, mais grave, desqualifica o Trabalho como valor assim como a produção de conhecimento, que só ocorre com leitura, estudo e pesquisa, requisitos necessários para o desenvolvimento de qualquer Nação. Enquanto isto a Educação no pais continua sofrível, as universidades sucateadas, a escola pública desacreditada, indices elevados de analfabetismo. Um país de ignorantes.

O povo, seja lá de que classe socio-econômica e cultural pertença, identifica-se com a “esperteza”, com o "cara" que nunca trabalhou, nunca estudou e deu certo. Hoje veste Armani e bebe vinhos de safras centenárias. Este traço está impregnado no inconsciente coletivo do brasileiro. Isto só se modifica com educação, e à longo prazo.

Como estudei e me formei, trabalho desde os 17 anos, já fui empregado, empresário, criei empregos, paguei FGTS, pago impostos, tenho carro, casa própria, não peco na concordância, viajo com meu próprio dinheiro e tenho plano de saúde particular, não tenho direito de manifestar minha opinião. Gente como eu não tem direito de criticar, de falar o que pensa porque pertence à ¨Zelite" e, se critica é rotulado de elitista. Enquanto a censura não vem, sou censurado por meus compatriotas.

Começo a desconfiar que Lula sabe falar corretamente, tem cultura, não rouba, só sodomizou uma cabra, quando adolescente, (dona Mariza que o diga) , sabe de todas as falcatruas, trabalha 12 horas por dia, quando viaja não faz turismo e nem manda assessores fazerem compras, que dona Mariza não gasta dinheiro público para repaginar-se, que Lulinha ficou milionário por competência e esforço próprio e que eu é que sou ignorante e maluco.

MARCO ROSSINI - empresário

domingo, 22 de novembro de 2009

RISO

Há momentos na vida que ficam marcados para sempre, como um jantar, um passeio, uma viagem... São momentos que ficam gravados em nossas lembranças, são momentos que queríamos, do fundo de nossa alma, reviver, são momentos que ficam eternizados em nossa existência. Muitas vezes, são bem rápidos, e deixam uma saudade imensa, tal como a primeira viagem de ônibus sozinho ou o primeiro beijo. Existem ainda, aqueles mais duradouros, como uma gincana especial ou um passeio com os amigos.

E, muitas vezes, apesar de serem divertidos e excitantes, ficamos um tanto abatidos quando terminam, ainda mais quando não existe possibilidade de revivê-los. Quantas vezes você já não pediu a Deus para voltar à época de criança e repetir uma aventura inesquecível com os amigos? Quantas vezes não quis voltar à uma apresentação em grupo que lhe marcou pelo resto da vida?

A tristeza de quando esse bons momentos terminam é singular, mesmo existindo outros momentos por vir, os que já passaram deixam em nós tanto as alegres recordações quanto a triste saudade.

Essa questão sempre me deixou angustiado, me revirava a noite pensando no que fazer diante dessa saudade, era um dilema terrível. Quanto mais me lembrava de como foram bons estes momentos, mais me recordava que não poderia vivê-los outra vez. E, diante de tudo isso, não encontrava nenhuma solução para esse problema.

Mas, quando vivi mais um momento inesquecível de minha vida, decidi que não iria mais ficar sentindo saudade, não sentiria tristeza nenhuma, apenas felicidade. E como fazer isso? Encontrei a resposta no mais simples dos recursos humanos, um reflexo involuntário da nossa espécie que temos desde de que somos bebês e se mantém até o último suspiro de nossas vidas, um ato automático e incontrolável de qualquer ser humano. O riso.

O riso é um calmante, um calmante que não trás nenhum efeito colateral e, ao mesmo tempo, é o que agita as nossas vidas sem trazer nenhum mal. Seja através de uma piada, de uma boa recordação, de um momento feliz... Foi então que me toquei, que em todos os momentos alegres de nossas vidas, não nos esquecemos de rir. E é exatamente a partir disto que encontrei a resposta que tanto procurava.

Sempre que me lembrar de um fato alucinante, de um momento marcante ou de um acontecimento excitante, vou dar gargalhadas. Seja com os amigos que compartilharam tal momento, seja sozinho olhando para um álbum de fotos antigas. Por que o riso nos diverte, nos faz feliz, mas não nos faz sentir saudades nem nos deixa tristes. É diferente de ficar se recordando de um momento e ficar abatido por sentir sua falta; rir é filtrar apenas as coisas boas de uma recordação e senti-la na pele.

Por isso, caros leitores, digo a vocês: “Riam, Riam até não agüentarem mais”

RAFAEL NEVES ( Kachec ) - estudante de 15 anos

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ESTE FENÔMENO, O AMOR

Acabei de ler a obra literária “O Banquete”, onde conheci mais algumas maravilhosas verdades sobre o Amor. Aquelas lindas palavras saboreadas no silêncio de meu quarto, ditas quase ao meu ouvido, não me lembro de tê-las lido anteriormente. Lia a Balada do Café Triste de Carson McCullers, cujo verdadeiro nome é Lila Carson Smith. Esta mulher, dona de uma sensibilidade refinada, desaparecida em 1968 aos cinquenta e um anos de idade, nos fala do amor desde o mais profundo e solitário cantinho do seu ser.

De repente me senti mais rico assimilando em minha mente que o Amor, é uma experiência compartilhada por duas pessoas, mas essa divisão, não é equitativa para ambas. Tanto o amante quanto o amado procedem de regiões distintas da vida. É possível que a pessoa amada constitua somente um estímulo para despertar todo o amor adormecido desde muito tempo no coração do amante.

E, de uma forma ou outra, todo o amante sabe. O amante sente em sua alma que seu amor é algo solitário e esta estranha sensação de solidão, esta certeza, o faz sofrer. Esse sentimento é tão vivo e tão claro, que o amante só pode fazer uma coisa; arroupar o seu amor! Ele tem que criar em seu interior um mundo particular completamente novo, intenso, diferente de seus outros mundinhos interiores, completo em si mesmo.

É bom salientar que nesse meu devaneio sobre esse sentimento que gere a vida, não vejo, necessariamente, a presença de um jovem que aguarda o momento para levar à sua noiva o anel de compromisso. Esse amante pode ser homem, mulher, criança, enfim, qualquer criatura humana.

A pessoa mais medíocre pode ser objeto de um amor turbulento, extravagante, lindo. Um homem bom, pode ser estímulo para um amor agressivo e degradado, e, um louco gago e maltrapilho, pode despertar na alma de alguém um carinho terno e sutil. Portanto, só o próprio amante determina o nivel qualitativo do amor que sente.

Assim, descubro finalmente porque é melhor amar que ser amado. Porque secretamente, a condição de ser amado é, para muitos, intolerável. O amante, continuamente, desnuda o amado; acossando-o, implorando a relação com o amado, inclusive se esta experiência só tenha potencial de causar dor.

Esses são os sentimentos de todos nós, uma vez que o nosso amado chega e se instala em nossos corações, em nosso mundo. Nem beleza nem adornos, nem bens nem males, nem sol nem chuva, nada importa a não ser a incomensurável força do fenômeno AMOR!

É muito bom amar!

FERNANDO TROVADOR

domingo, 15 de novembro de 2009

O JALECO BRANCO

Definitivamente, as medidas com que contamos o tempo impactam cada pessoa de forma diferenciada. Vejam! Já é Natal! Como este ano viajei muito, para mim passou depressa demais.

Mas a óbvia constatação que motiva este texto deve-se a um fato muito pessoal e de uma percepção mais pessoal ainda. Foi tão marcante que atravessou meus poros e encontrou guarida neste teclado, hoje, cúmplice silencioso, mas indiscreto dos meus sentimentos.

Há seis anos, entrei numa loja de uniformes para comprar o primeiro jaleco do meu filho. São eles, os filhos, nossas mais eficazes medidas para avaliar a passagem do tempo. Eu estava tão feliz que a luz, que eu devia emanar, chamou a atenção da vendedora. Comprei o jaleco que me pareceu mais próximo da beleza e da importância daquele evento. Coisas de mãe, afinal todos os jalecos são iguais.

Mas o tempo passa e com a velocidade que nossa emoção determina.

Permitam-me uma conta: 365 x 6 são 2190. Portanto, serão 2190 dias, com todas as suas horas, minutos, segundos, eventos bons de serem lembrados, os que teimo em esquecer, os que todos os relógios do mundo, compassadamente, não farão nenhuma concessão e nenhum calendário mudará suas páginas, antes que os trinta dias aconteçam.

Indiferente à dimensão que emprestei à minha espera, estamos hoje, meu filho e eu, quase 2190 dias depois daquela primeira compra, juntos, para a última compra do seu primeiro jaleco de médico. Desta vez não mais com o nome do curso sob o seu, mas com o título na frente. Sinto, então, que a vida é um ciclo e que as duas extremidades, inexoravelmente, encontrar-se-ão para que um ciclo se complete e outro recomece.

Neste novo ciclo, em que meu filho vai protagonizar, enormes desafios se interporão entre ele e seu objetivo - a cura. O sistema perverso de desigualdade em que vivemos que exigirá que seus princípios não se contaminem. A avassaladora produção de conhecimento que terá que absorver para que seja, cada dia, mais útil àqueles que o procurarão. O cansaço, as noites mal dormidas, os problemas pessoais que deverão ser menos importantes que a dor alheia, enfim, o primeiro jaleco é o recomeço de uma nova vida com um novo compromisso que espero, ele honre com a dignidade que o mundo espera dele.

Agora, com minha missão quase cumprida, abro as portas do meu coração para que meu último pássaro voe.

Além de dividir os fragmentos da minha emoção, porque ela inteira não cabe em palavras, quero concluir, impregnada pela felicidade que me invade, que tudo que fazemos na vida, por nós, por quem amamos, e até, por quem nem conhecemos, retorna de alguma forma, com vários sabores: o adocicado das vitórias, o amargo dos arrependimentos, o insosso das desistências, o agridoce das renúncias necessárias, os apimentados das ousadias.

Que tenhamos a gula de saborear todos os gostos e, se tivermos muita fome, lamber os beiços.

ALICE ROSSINI

domingo, 8 de novembro de 2009

DERRUBANDO MUROS


Nove de novembro de 1989. O mundo assiste a uma multidão enfurecida derrubar um dos monumentos mais vergonhosos da história da humanidade - o Muro de Berlim. Uma cruel parede de concreto, arame farpado e outros “aparatos” mortais que, mais que separar estados com regimes divergentes, dividiram famílias, distanciaram amigos, separaram amantes. Seres humanos que perderam o direito de se verem para concordarem, para divergirem, para produzirem arte, conhecimento, alimentarem dúvidas, responderem perguntas. Pouco importa. A ninguém é dado tirar de nenhum ser o direito de interagir com seus semelhantes. Apenas os sociopatas, depois que a justiça lhes seja aplicada.

Mas a história tem uma força que é maior que qualquer idéia que a deturpe. Porque quem faz a história são os homens. E homens, sejam de que origem for, têm fome de liberdade.

Este muro, o de Berlim, para ser derrubado, vários fatores e circunstâncias históricas determinantes foram acontecendo ao longo de um período conflituado.

Sabemos que ainda existem muros, visíveis e invisíveis, que cerceiam o direito de ir e vir das pessoas, entretanto, muros bem mais altos e mais impiedosos existem, ainda incólumes, dentro de nós. Muros que erguemos com o concreto e as pedras das nossas omissões e fraquezas. Muros, cujos pedregulhos vão se amontoando e, por desatenção ou por comodismo, vão ocupando nossos espaços vazios e, sorrateiramente, crescem e transformam-se em muralhas quase que intransponíveis.

Dentro de mim tenho muros. Muros de preconceitos, de certezas graníticas que assumi como verdades imutáveis. Muros que me sufocam e me impedem de ver outros lados que, tenho certeza, a vida oferece.

Assim, como tenho consciência das minhas muralhas, há quem as desconheça. E, infelizmente, só um aguçado e impiedoso olhar de si para si, é capaz de perceber sua extensão e o quanto ele nos cega e nos impede de sermos felizes.

Como o muro de Berlim foi derrubado com a força do sofrimento, da saudade, do sacrifício e da coragem em aceitar verdades insuportáveis, para nossos muros internos ruírem, é necessário que usemos os machados da nossa autocrítica, e, pedra por pedra, os desconstruamos e os sangremos até que a última pedra transforme-se em pedaços insignificantes.

Assim, como em Berlim, a cicatriz que o muro da separação marca suas ruas repletas de histórias tristes, temos que assumir e cuidar para que nossas cicatrizes transformem-se em sinais redentores


ALICE ROSSINI

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A ESTRADA PARA A FAZENDA DO ZÉ


No texto “Por que Desistimos?”, a minha brilhantíssima amiga Alice se debruçou sobre o enigma que aflige grande parte dos seres humanos. Ela perguntou por que umas pessoas mudam e outras não! Que fatores determinam em uns, a iniciativa, e em outros, a apatia às mudanças?

Continuo sem saber exatamente qual é esse fator determinante, mas sei sim, que posso contribuir como motivador a quem tem dúvidas se vale a pena mudar. Eu mesmo, com a minha família, mudei de endereço, país, escola, amigos e cultura, 16 vezes nos últimos 30 anos. Não foram processos fáceis e muitas horas foram gastas estudando o que e como fazer, para assimilar essas mudanças e torná-las benéficas. Estas são algumas das lições que aprendi nesse processo constante.

Recordo-me então da seguinte história, também conhecida como o Paradoxo do Sucesso:
Uma vez um homem seguia numa estrada do interior procurando por um sítio. Era o sítio do Sr. Zé. Passando por um agricultor, parou o carro e pediu indicações do caminho a seguir. O trabalhador olhou para o horizonte e respondeu. “Moço, você siga por aqui direto, subindo aquele morro lá adiante. No topo dele há duas saídas à esquerda, mas, eu não sei qual delas é a certa. Não faz mal, siga direto, baixe o morro e pergunte na bodega do Antônio que fica antes da ponte”. O viajante seguiu as instruções ao pé da letra e, ao chegar à bodega, voltou a perguntar pelo sítio do Sr. Zé. A resposta foi a seguinte. “Ahhhh! Oh xente, Já passou! de hoje! É a segunda entrada, o “ sinhô” entra e é logo ali mesminho... a uns 300 passos da estrada”.

Existem artimanhas para se sair da apatia e "estratetizar" o nosso dia a dia para empreendermos o caminho às mudanças que só nos irão ser benéficas. Para isso, devemos estar conscientes que as coisas estão do jeito que estão porque chegaram aqui assim. A menos que eu as mude, elas continuarão iguais. Não podemos nos tornar o que queremos ser, continuando a ser o que somos. Só depende de mim criar oportunidades para melhorar. Além disso, é óbvio que a complacência é inimiga da curiosidade. O segredo do equilíbrio e do desenvolvimento, num tempo de paradoxos, é permitir ao passado e ao presente, coexistir com o futuro.

O Mundo está em constante mudança! Os caminhos e as formas que nos trouxeram até onde estamos raramente são os mesmos que nos sustentam aqui. Afogue as suas mágoas e as suas lembranças do passado. Na verdade, somos muitos os que choramos para que nos removam a montanha de dificuldades que enfrentamos, quando do que realmente necessitamos é coragem para escalar a montanha. E isso tem que ser feito já, porque quando finalmente descobrirmos que caminho tomar, já é tarde para o seguirmos. Se continuarmos como estamos, terminaremos na bodega do Sr. António. É lógico que é muito mais fácil explicar coisas olhando para traz, mesmo porque não possamos prever o futuro.

Na vida que levamos, hoje, neste mundo onde tudo anda acelerado, as mudanças se fazem cada vez em menores unidades de tempo. A falta de consciência desta verdade nos impulsiona a mudarmos o que necessitamos, só quando o desastre é iminente. Além disso, nós não mudamos por puro prazer. Mudamos para chegar a um objetivo. A necessidade de mudar tem que ser clara e transparente. Deveríamos sair de um mau relacionamento, muito antes que a situação fique insustentável. Poupa-se dor, sofrimento e reage-se mais rápido no caminho de outra relação que seja mais reconfortante e compensadora.

Não há que ir ao dentista quando a dor já é insuportável.


FERNANDO TROVADOR

domingo, 1 de novembro de 2009

POR QUE DESISTIMOS?

Ouvindo pela televisão depoimentos emocionados e carregados de desespero de moradores atingidos pelos rigores do tempo, cujas casas foram mais uma vez, derrubadas e invadidas pelas águas, experimento uma desagradável sensação de fragilidade e, de alguma forma, identifico-me com aquelas pessoas.

Existem situações na vida que fogem totalmente ao nosso controle, nos impondo uma dolorosa sensação de impotência e de engessamento, que sufoca e imobiliza.

Continuo assistindo ao noticiário e experimento, ainda emocionada, a antítese da sensação acima descrita, através da trajetória de uma atleta paraolímpica. Portadora de uma doença degenerativa fez jus a uma medalha de ouro, com o índice de colágeno no corpo, compatível com o de uma pessoa morta. O inusitado desafiou a ciência a submetê-la a um tratamento de vanguarda e seus índices, hoje, igualaram-se ao de uma pessoa já tendo a cura como uma perspectiva real.

Dois fatos onde a sufocante sensação de nada poder ser feito, com desfechos tão diferentes tiveram repercussão diferenciada em minhas emoções.

Será que existem tantas situações, exceto a da morte, que são irreversíveis? Ou existem pessoas vulneráveis, frágeis onde a desesperança e a apatia encontram confortável hospedagem?

Embora reconheça a crueldade das circunstâncias que esmagam grande parcela das populações carentes, parte delas não possui o espírito de luta que a atleta paraolímpica usou para libertar-se. Será que a vida destruiu nelas esta qualidade ou elas nunca a possuíram?

Questões culturais são determinantes. Cidades de Santa Catarina foram totalmente destruídas pela violenta persistência da água e reconstruíram-se. Com ajuda e solidariedade, mas conseguiram. Nos grandes desastres, todos se comovem. No caso das vitimas das encostas nordestinas o mal é crônico o que o aproxima da pergunta e da identificação levantadas no inicio do texto.

Excluindo questões culturais, a capacidade de superação, que é individual e a ajuda e apoio externos que são acidentais, pergunto-me, o que mantêm pessoas amarradas às “camisas de força” do imobilismo e do medo? Por que abdicam do inalienável direito de arbitrar sobre seus quereres ou de afastarem-se daquilo que as incomoda e aproximarem-se daquilo que as fazem felizes?

Qual o porquê das pequenas desistências, que fazem ruir as paredes que abrigam nossos sonhos?

Sinceramente, confesso que não sei.


ALICE ROSSINI

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

FILHINHO DE PAPAI

Um dia destes, dentro de um taxi em São Paulo, escutando uma rádio local, ouvi uma reportagem sobre algumas "traquinices" perigosas feitas por um grupo de garotos. Se tratava dos famosos "pegas" de carros e coisas de porte suficiente para pôr em risco, não só a vida deles como a vida de quem não tem nada a ver com isso. Tudo bem, isso é errado e alguem, com responsabilidade, tem que acionar um sistema de segurança que anule qualquer possibilidade para esses garotos, e os nem tanto, não terem opção para exercerem tal atividade.

Mas, o caso nao é esse. Nao estou aqui para tentar persuadir pessoas a não fazerem o que não devem em detrimento de sua própria vida ou segurança, ou até mesmo, da de outros. O fato é que havia um vereador “progressista” da Câmara de São Paulo sendo entrevistado e, contínuamente, usava a expressão “filhinhos de papai” de uma forma intensa, inutilmente repetitiva no contexto da entrevista e pejorativa. Sempre em função de outras expressões tais como: “povo”, “excluídos”, “revolução de classes”, “os pobres e os ricos”, “reacionários”, e algumas mais que nem vale a pena mencionar.

Que tem de tão grave para um indivíduo ser criado como o filhinho de papai ou mamãe? Por acaso esse não é o ideal de toda sociedade evoluída: que cada criança nasça, cresça, se desenvolva, viva e se divirta tendo um pai e uma mãe ao seu lado, que os atenda, os ame, os vigie, os apoie em suas escolhas, cuidando-os e educando-os?

Que querem dizer com isso de "serem filhos de papai e mamãe", pronunciado num tom critico e jocoso como que antecipando uma desgraça? Será uma maneira de (des)classificar essas familias estáveis, amorosas e trabalhadoras? Acaso os garotos(as), ricos, meio ricos, meio pobres e pobres em geral que têm a sorte de ter um pai e uma mãe juntos, ou um pai separado da mãe, prósperos, estáveis, responsáveis e que os cuidam porque os amam e são responsáveis, têm que baixar a cabeça envergonhados, como se, na realidade, fossem filhos de proscritos pela sociedade?

Ou esta nova sociedade renovada, a que muitos chamam de nova realidade social brasileira, prescreve o amor, a prosperidade, a estabilidade e a responsabilidade? Ou, somente se é filho de papai quando as rendas familiares excedem uma certa cifra? “O meu filho não é filhinho de papai porque anda de metro ou ônibus e tem um empreguinho para pagar as suas coisinhas”! Se é assím, de quem esse garoto(a) é filho(a)? Quem o(a) criou?
Temos que esperar um artígo na Constitução fruto da nova verdade social apregoada aos quatro cantos do País que diga: "Nenhuma criança tem o direito, sob nenhum conceito capitalista, a ter pai, mãe nem ninguém responsável que exerça essa reacionaria função de velar pelo seu bem-estar"? Se considerará reacionário e capitalista ter um lar feliz e próspero? E, me perdoem que insista com a tal "prosperidade" mas, é que me dá a impressão de que tudo o que cheire a melhoría social individual, ao atual governo, lhe dá "formigueiro" na barriga.

Será que, para “a nova realidade social” brasileira, pais que ofereçam aos seus filhos educação completa e diversificada, alimentação, teto (com suas quatro paredes, banheiro e chão de alvenaria), amor, proteção e diversão, são da oposição? Ou pior ainda, será que são desestabilizadores da nova realidade social, cujo principal propósito é levar a toda a população à vivenciar um "maravilhoso" estado de pobreza ou a indigência coletiva, afectiva e intelectual? Ou, ao contrário, que ninguém possa aspirar a uma solução habitacional, trocar o ônibus por um carrinho em segunda mão? Ou, ainda, jamais viajar nas férias porque ser rico ou remediado é mau e, em consequência, ser pobre não só é ser socialmente correto como também nos define como “progressistas”!

Será que é por isso que se faz "vista grossa" á criminalidade? Para que, com a expansão da mesma, se permita aos PODRES de todo o tipo, se assenhorarem da sociedade em geral, mascarando-a assim, de uma revolução de classes?

FERNANDO TROVADOR

domingo, 25 de outubro de 2009

A ARTE SALVA

Sempre ouvi falar em projetos de inclusão social e vejo, com especial interesse, alguns maravilhosos exemplos, através da televisão e relatos de pessoas que deles participam. Admiro todos e, mais ainda, quem os executa. Aliás, invejo-as pela generosidade de saírem das bolhas dos seus mundinhos pessoais e irem ao encontro de tantos quantos precisem do seu auxílio.

Recentemente, tive a felicidade de assistir, na celebração pelos 40 anos da Tribuna da Bahia, uma orquestra formada por crianças entre 5 a 17 anos que viviam em risco social, num bairro popular de Salvador. Mais uma iniciativa vitoriosa de abnegados cidadãos, que colocam seu saber, seus dons e suas habilidades a serviço da sociedade.

Mais ou menos vinte e cinco violinos, acompanhados por um instrumento de percussão, um órgão e alguns violoncelos foram suficientes para que as estrelas que compunham o nome do grupo musical enfeitassem a Ode à Alegria, de Bach e auxiliasse a Asa Banca, de Luis Gonzaga, a voar para mais além.

O som angelical e onírico ecoava na sala e preenchia, de sentimentos vários, todos os corações que lá pulsavam. Estava à disposição, para quem receptivo estivesse, um das mais carinhosas e poderosas formas de transformar o banal em raro, a euforia em felicidade, a apatia em esperança, a tristeza em melancolia, a revolta em ação ou a saudade em mais saudade.

A arte além de ter o dom de encantar tem, também, e, sobretudo, o poder de salvar o homem da mediocridade do cotidiano, dos seus sofrimentos, das suas perplexidades. Possibilitando a transcendência, burila a sensibilidade. Sensibilizado, aguça a vocação para a justiça e para a fraternidade.

E a música, com as infinitas possibilidades de seus sons, dos seus ritmos, com suas fusas, semifusas, colcheias, sustenidos que dançam em pautas lideradas por claves, até com nome de Sol, consegue, com tudo que vibra no universo, formar uma sinfonia que tanto nos liberta, quanto nos aprisiona e nos acorrenta, ao amor e à beleza

A música salva, mas pode empurrar-nos para os abismos dos nossos tormentos, emaranhar-nos em nossas emoções. Acordes impregnados de poderosa magia nos transportam para um mundo de infinitas possibilidades.

Assim, como aquelas crianças descobriram, para suas vidas, caminhos novos, nós, seus privilegiados ouvintes, poderíamos pegar carona nas asas do possível que só a arte, com seu despudor inocente escancara, mudar rumos, rever desejos, reencontrar a coragem e só assim não nos tornarmos reféns das nossas pequenezas diárias.

­ALICE ROSSINI

domingo, 18 de outubro de 2009

BERGGASSE,19


Quando escrevi este texto, a personagem que o inspirou já não estava comigo. Se estivesse, certamente o teria escrito numa posição mais confortável, pois, ela faz parte de uma estirpe de gente, que demonstra o amor no varejo. Nos pequenos detalhes, nos simples, mas determinantes gestos que podem tornar a vida mais leve e mais amena: a acomodação de um travesseiro, um pedacinho de chocolate na boca, o cuidado com sua segurança, a preocupação com seu cansaço ou o porquê do seu desânimo.

Foi assim, cercada pela generosidade de outra mulher, que o destino quis que realizasse um dos grandes sonhos da minha vida; conhecer onde viveu grande parte da sua profícua existência, um dos homens que mais refletiu sobre a condição humana e influenciou na sua forma de percebê-la: o austríaco judeu, Sigmund Freud.

Gostaria muito que ele soubesse que foi a persistência e a determinação de uma representação das suas maiores preocupações, que permitiu que chegasse até o sobrado da Berggasse n.19, Viena, lugar onde viveu 49 anos até que, obrigado pelo terror do nazismo, se refugiasse em Londres.

Apesar de não termos tido o tempo necessário para que visitássemos o museu, hoje dedicado ao pai da Psicanálise, andar por aquela rua que parecia compreender a grandiosa missão que cumpria para a história do conhecimento, entrar pela pesada e bem talhada porta de madeira que antecede uma ante-sala, preservada por janelas de vidro ornadas com flores jateadas, que permitem que o sol a ilumine, foi tão emocionante quanto sentir a cumplicidade e a adoção do meu sonho por minha amiga que, não por acaso, chama-se Margarida. Uma flor singela, que floresce em generosa profusão, iluminando e alegrando onde quer que esteja.

Não vou ter a pretensão de, aqui, tecer algum comentário sobre o legado freudiano. O que registrarei, na condição de leiga, a humanidade se beneficia e a ciência já reconheceu a importância.

Ter anunciado que o homem age conforme os comandos do inconsciente, que os filhos machos sentem-se atraídos pelas mães, ter falado em sexualidade infantil e em orgasmo feminino na Viena do século dezenove, já o tornaram um homem à frente do seu tempo e um cientista, cuja contribuição, atravessou séculos sempre de forma controversa e instigante. Ao referir-se ao atávico mal estar do ser humano, devolveu-o a possibilidade de reconhecer-se.

Portanto, meu esforço em visitar o que Viena preservou da sua memória, foi uma humilde homenagem e uma singela manifestação de gratidão ao que, ainda representa.

Se Doutor Freud imaginasse quanto nós mulheres lutamos e o quanto ainda falta para sermos livres! Que todos, homens e mulheres ainda vivemos angustiados e insatisfeitos, enquanto a indústria farmacêutica esforça-se para, quimicamente, descobrir a “pílula da felicidade” que minore nossa insatisfação, cujas raízes foram por ele expostas e apontadas para nossa condição de seres finitos...

Apesar de ter passado a maior parte do seu tempo tentando, em vão, desvendar nossos mistérios, pessoal e ousadamente, penso que muitas das suas teorias teriam sido, por ele, desconstruídas, tal a consistência do seu rigor científico e, muito teria ratificado, pois tudo que foi dito a respeito, o teve como referência.

Entretanto, ao reconhecer as especificidades inerentes à nossa condição feminina, equiparou-se à limitada compreensão humana sobre si mesmo, dizendo-se também, incapaz de entender-nos.

Só não imaginou, até porque o mundo àquela época não permitia, do quanto seríamos capazes se nos uníssemos.

Que poderíamos mudá-lo para melhor com as mesmas dificuldades, a mesma cumplicidade e a mesma persistência com que descobrimos, entre todas as ruas de Viena, onde fica o sobrado n. 19 da Berggasse.


ALICE ROSSINI

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

EU, LUCAS E CLARICE

Pouco me passou pela cabeça a idéia de escrever sobre meu neto. Já há diários demais, blogs e vidas expostas em quantidade suficiente. Já tinha até desistido não só de escrever como também de ser avó, quando Lucas, que poderia ser Mateus ou Thiago -- meu nome preferido por acreditar mais forte --, disse olá na minha vida.

Desde que soube que viria, fiquei quietinha, com medo de, ao externar alegria, atrair alguma malasorte (como dizia minha sertaneja mãe, que também insistia em chamar rosbife de malassada ), palavra que o Word logo tinge de vermelho em desaceitação. Alguns contratempos pareciam confirmar a tese de que ele era seria sempre apenas uma ficção, um personagem do livro que jamais escreveria.

Mas ele apareceu, apesar de e por sobre os meus medos. E é um bom menino. É fácil amá-lo. Embora não seja lá muito bem- humorado. O que para qualquer criança é coisa engraçada, de rolar de rir, nele vira apenas um tema de curiosa reflexão e de franzir de testa, como se pensasse: “que diabos ela pensa que está fazendo?”. Escolhe do que rir, como quer, a hora em que quer, e, muitas vezes, faz isso retribuindo o sorriso do outro, daquele que não sou eu, -- na maioria das vezes, seres absolutamente inanimados: plantas que o vento balança, ventiladores de teto, fotos antigas, cores, luzes, meu pai e minha mãe em foto desde que o mundo é mundo.

Mas o que escrevo aqui, penso eu, é menos sobre netos e mais sobre o que eles refletem. É sobre aonde ele me arremessa: ao que fui. Com ele, por exemplo, voltei a viver um tempo inenarravelmente lento, como só os domingos sabem ser. Acho os três meses que fará em 18 de outubro uma eternidade. É o tempo que achava que durava o ano até o chegar o carnaval, quando era menina e acreditava mais em Deus. Ou o Natal, o que dá no mesmo, porque o essencial aqui é a espera de alguma coisa boa.

Lucas é também o único traço a mostrar estive aqui, embora só para alguns, que andei por essas ruas e, mais do que por aqui, caminhei por Salvador, embora não diga mais nada de mim -- de quem fui, como pude e o que restou, ao fim. É também a única testemunha de como mudei, porque os outros mal viram como me encolhi igual a uma concha.

Pensar que andarei por aqui quando não mais estiver, mesmo que não seja exatamente eu, consola e alivia as dores de um tempo em que pessoas não importam. Quiçá, mas isso já seria de uma sorte inacreditável, sonhe os sonhos que não me foram possível.

Em pessoas como eu um neto não convida só ao brincar e a contar peraltices. Obriga à reflexão sobre a velhice e a desistência de ser o que se foi.

Que memória terá o meu neto de mim? Que Deus me ajude a ser só uma pequena parte de quem sou hoje. Não sou nem a sombra do que fui – e nem sei é bom, aliás, creio que de todo não. Hoje sou gentil e cumprimento até a quem não gosto. Mas engulo sapos que coaxiam nas madrugadas de minha alma. Não grito mais que é crime o que andam fazendo com o Velho Chico, meu São Francisco, que vai inundar as terras dos que já têm tudo até água e secar a sua própria e generosa fonte. E o povo nordestino continuará a ser aquele que acha que Dilma, em quem diz que vai votar, é a "esposa" do presidente. Aquele que não só ler sem entender, como também ouve sem pensar (já que as TVs falam dela sempre

Analfabetos funcionais de olhos e ouvidos.

Mas, pensando bem, talvez seja bom que testemunhe o que "pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma". É o que disse Clarice, a Lispector, numa carta as irmãs. "Não pensem que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro" ...

Ela diz mais e melhor do que eu: " Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu…Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força".

Que seja passageiro.esse estado de andar na vida só por ver os outros andarem.

ROZIE BAHIANA, jornalista

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

OBSERVATÓRIO ESPACIAL

Do meu "Observtório Espacial" não vejo a Terra Azul, como foi a visão do astronauta russo. Infelizmente, é preciso reconhecer os fatos e pessoas que compõem meu cotidiano, quando cedo me levanto.

É certo que reparo o mar com suas ondas, as nuvens que passeiam pelo céu, o bando de pássaros que voam, numa sincronicidade maravilhosa. Os pombos que pairam sobre fios elétricos, como equilibristas do grande circo.

De repente, visualizo homens e mulheres, catando o lixo, que os mal-educados jogam na rua. Crianças que andam descalças, sem camisa, acompanhadas de um cão sujo. Os dormitórios das varandas dos restaurantes ou toldos, sob os quais homens e mulheres dormem cobertos por papelão. Usam sacos plásticos como mictórios e saem cambaleando, em direção à orla.

Esta visão triste e inaceitável é contrabalançada pelo operário que passa todos os dias, empurrando um carro com material de construção; o rapaz jovem que corre, olhando o relógio;


a moça que passa todos os dias como se fosse cumprir uma tarefa. Começam a chegar os clientes de duas clínicas e os pontuais frequentadores de uma Academia. Pessoas que passam com seus cães. Algumas, muito poucas, trazem sacos e apanham as fezes. Homens altos e de roupa preta, com aspecto de seguranças..."o hábito faz o monge"? Os corredores que se dirigem à orla.

A alegria vai chegando, com crianças e adolescentes que se dirigem às escolas puxando carrinhos; outras carregadas por pais, avós e babás... Algumas choram, mas é melhor chorar porque vão à escola do que chorar de fome ou fazer malabarismos circenses nas sinaleiras.

Há muitas coisas positivas, mas ainda não posso dizer como Yuri Gagarin: "A Terra é azul"!


Lúcia Araújo, psicóloga

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

OS PENSAMENTOS TÊM VERDADE E VIDA

Eu tenho um hábito de sempre fazer listas que expressam as minhas vontades no que se referem a metas, objetivos, planos e propósitos a realizar. Esta manhã, quando iniciei meu período de trabalho, liguei o meu computador e comecei a delinear tudo o que tinha que fazer durante o dia e talvez, nos dias a seguir que antecedem minha tão aguardada folga.

Enquanto pensava medindo o nível de prioridades, desviei meus olhos para uma frase de Arthur Schopenhauer que eu mesmo havia escrito num pedaçinho de papel: “Os pensamentos próprios tem verdade e vida”.

Isto imediatamente me deteve nas minhas tarefas e retrocedeu minha mente até o mês de Junho quando meu filho perdeu seu melhor amigo de forma abrupta, repentina e inexplicável.

Esta notícia, à idade de 31 anos, sempre movimenta as bases de sustentação de qualquer ser humano, mas de imediato, serviu para reforçar a solidariedade entre amigos e familiares.

Apesar da tristeza que a morte prematura deste jovem provocou no seio da sua família e o impacto que provocou dentro do círculo de amigos mais chegados, foi gratificante ver as reações do meu filho diante da tragédia. A tristeza e a sensação de perda foram tão claras e tão fortes que se tornaram nos dias que se seguiram uma advertência, anunciando que os bons dias de juventude já se haviam acabado. Desdobrou-se em solidariedade com família, e "tomou com os dentes" o papel que cabe realmente a um melhor amigo, numa situação como esta.

Era óbvio que aquela amizade havia contribuído, e muito, para a felicidade dele. Segundo Aristóteles, "A amizade tem como base a busca do bem do amigo, porque esta disposição é essencial, não acidental".

Um amigo é uma pessoa que está sempre ao nosso lado, nos bons e nos maus momentos. Os amigos compartem a alma, se conhecem, se apreciam e se querem. Também se desculpam se ajudam e se unem diante de qualquer adversidade.

Se tivéssemos isto presente, sem dúvida alguma, teríamos um mundo melhor.

Não é fácil tomar decisões na vida onde renunciamos ao nosso próprio querer, e meu filho, afortunadamente nada habituado a estas lides que incluem perdas de pessoas que nos são queridas, me surpreendeu quando, de uma forma inédita, tomou as rédeas da organização do cerimonial que estes acontecimentos carecem.

Muitas vezes questiono e busco um verdadeiro significado para a palavra AMOR e, sem dúvida, sem dar muitas voltas e recorrer às mais variadas Encíclicas, nomeadamente a do papa Benedicto XVI (cuja leitura recomendo a todos), amor é sinônimo de entrega, de doação, de esquecimento de si mesmo.

Quando decidimos nos entregar sem condições ao amado, somos felizes. Se nos perguntarmos, sinceramente, o que nos faz mais feliz, se dar ou receber, creio que todos chegamos à mesma conclusão. Nossa essência humana busca fazer feliz as pessoas que amamos. Verdade gravada em nosso coração desde que nascemos.

A prova disto se encontra na lei natural que não é mais que a verdade gravada no coração de todo o ser humano. "A lei natural, que é uma lei prévia ao Homem e como tal, universal e imutável, e que todos possuímos". Já dizia Tomás de Aquino.

Se refletirmos sobre estes temas tão próximos e simultaneamente tão distantes, tenho certeza que extrairemos conclusões maravilhosas para nossas vidas e converteremos os pensamentos em algo vivo que repercutirá no nosso cotidiano.

Sem dúvida, é importante que nos proponhamos metas e objetivos dentro das nossas profissões. Escrevo no plural porque todos nós temos de ordinário, profissões duplas: a profissional e a familiar. Mas, por um momento, deixemos de parte estas considerações e pensemos em quatro dos pensamentos essenciais descritos acima: solidariedade, amizade, amor e lei natural.

Translademo-nos ao mais profundo de nossas almas e façamos uma escala de valores e virtudes, com a finalidade de sermos melhores e podermos preparar as nossas famílias, o nosso bairro, a nossa cidade, e assim, o Brasil que tanto sonhamos.

Um Brasil onde todos estejam incluídos, compreendidos, dignificados e considerados. Um Brasil verdadeiramente democrático, justo, seja qual for governo que escolhamos, se essa for a vontade da maioria e o melhor caminho para alcançar mais liberdade e a mais felicidade.

Fernando Trovador

domingo, 4 de outubro de 2009

A PADARIA E A CORTESIA

Fim de tarde na padaria.
Depois de escolher os pães e colocar na cesta, eu me dirigi ao balcão para a atendente ensacar e pesar.
Logo após encostar-me no balcão, outro senhor chegou com a sua cesta.
As atendentes estavam despachando outros clientes e não poderiam mesmo saber qual de nós dois havia chegado primeiro.
Uma das atendentes da padaria veio e dirigiu-se primeiro ao senhor que havia chegado depois.
Ele, incontinenti, disse para ela:
- Esse senhor chegou primeiro – disse meneando a cabeça para mim.
- Ora, que nada – respondi eu – pode atender a ele, não estou com pressa.
O senhor disse dirigindo-se à moça:
- Não, por favor, atenda primeiro a ele.
Dito e feito, a moça começou a ensacar e a pesar os meus pães.
Enquanto realizava a tarefa, comentei com a pessoa:
- O que o senhor acaba de fazer é algo cada vez mais raro e eu lhe agradeço a gentileza e a consideração.
- Ora, não há de que, afinal o senhor chegou primeiro...
- Pois é, mas hoje em dia, infelizmente, o seu comportamento é algo cada vez mais raro...
- Pois é, o mundo está assim!
- Ninguém respeita nada e a ninguém! – completei.
Pães pesados e ensacados, cumprimentei aquele homem gentil e fui ao caixa pagar, feliz por haver experimentado alguns segundos de civilidade e educação coletiva, embora tão coloquiais.
Logo depois, ao chegar ao estacionamento da padaria, os meus sonhos de cortesia se desvaneceram.
O estacionamento estava praticamente vazio, com vagas à vontade, mas outro cliente havia estacionado o seu carro ao lado do meu de uma forma que tornava impossível, a mim, entrar pela porta do motorista.
Ou seja, o condutor do outro carro não se incomodou em parar de forma que me prejudicava. Da maneira que o (ou a) “sacaneta” estacionou, ele pôde desembarcar confortavelmente, enquanto eu não podia entrar corretamente no meu veículo.
Fui obrigado, então, a entrar pelo outro lado e realizar aquela incômoda manobra de sentar no banco do carona, erguer as pernas por sobre o console central, e sobre a manivela de controle do câmbio, para poder me acomodar no banco do motorista.
Fiz isso pensando sobre o que havia levado aquela pessoa, com tantas opções de local para estacionar o seu carro, a escolher exatamente a vaga contígua à minha, estacionar tão mal e me espremer daquele jeito...
Ainda bem que eu estava de bermudas e não de calças.
Quando afinal me acomodei para dar a partida, ocorreu-me um sobressalto:
- Será que esse carro é daquele senhor gentil lá do interior da padaria?
Havia poucas pessoas no interior da loja e talvez fosse dele.
Resolvi esperar para ver, desliguei o motor e aguardei, não só ansioso, mas mesmo esperançoso de que não fosse.
Fiquei ali torcendo para não ser.
Um minuto depois ele entrou no estacionamento e dirigiu-se para um veículo parado em outro local.
Fui para casa com a alma leve e aliviada.
Se o carro fosse o dele, carregaria uma solitária decepção.
Pensei comigo mesmo, enquanto dava a partida:
- O mundo não está inteiramente perdido.


Sérgio Gomes é jornalista

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A DUPLA MORAL INTERNACIONAL E NACIONAL

No que refere ao recente caso de Honduras, se esgrima a existência de um golpe de Estado na “remoção” do presidente Zelaya. Entretanto, as acusações que pesam sobre ele por violar a Constituição do seu país, são ou não um golpe contra as leis de qualquer república?

A dupla moral é uma imoralidade em si mesma, é uma transgressão contra a imparcialidade e a sensatez, porque gera exclusão e injustiça. Dois pesos e duas medidas.

As autoridades que assumiram o poder em Honduras, se lhe reprova sem o haver dado oportunidade de defesa, destituíram o presidente Zelaya por estar incurso, entre outros, nos delitos de traição à pátria, abuso de autoridade, usurpação de funções e outros delitos contra a forma de governo.

Exatamente como em muitos casos sobejamente conhecidos, divulgados e comprovados. Ao mesmo tempo, os governos da região, sem haver dado oportunidade à Honduras para defender-se e expor as razões que conduziram à destituição de Zelaya, sentenciaram que naquele país ocorreu um golpe de estado e, sem demora, repetindo as falhas de processo do próprio governo interino, que não havia dado uma chance de defesa a Zelaya, em um juízo sumaríssimo, impuseram a esse país a máxima pena que a OEA pode aplicar a um estado membro. Nem se deram ao trabalho de refletir e considerar que castigavam a um povo por defender a sua democracia e o Império do Direito.

A decisão da Assembleia Extraordinária dessa organização reza: "Suspender o Estado de Honduras do exercício do seu direito de participação na Organização dos Estados Americanos, em conformidade com o artigo 21 da Carta Democrática Interamericana. A suspensão terá efeito imediatamente". Ou seja, olho por olho, dente por dente! Julgou-se de imediato o afastamento do suspeito, mas não as razões que o levaram a esta decisão. Estamos cansados de ver esse filme por aqui!

O espetáculo que deram os presidentes da região nas reuniões do SICA, do Grupo do Río e na Assembleia Extraordinária da OEA, foi realmente patético. Escutar aqueles discursos pobres de conteúdo e vazios de substância, que não faziam senão repetir como um disco riscado os impropérios e falsidades dos coroneis e demais presidentes populistas que proliferam em nossa tão amada America Latina, inspiravam vergonha .

Igual sensação nos produziu o triste papel da presidenta da Argentina e o pecaminoso ex-sacerdote presidente do Paraguai, somando suas vozes ao coro de apologistas de Zelaya na reunião da Assembleia Extraordinária no dia 4 de Julho. Igualmente patética tem sido a aparição dos presidentes do Equador, Argentina, Paraguai, o Presidente da Assembleia Geral da ONU e o Secretario Geral da OEA junto com o presidente Zelaya na conferência de imprensa que ofereceram no aeroporto de San Salvador logo que o avião que transportava este último, não pode aterrissar em Tegucigalpa. Ou seja, todo o mundo com medo que esta atitude do legislativo/judiciário hondurenho se repita em algum outro país diante de casos semelhantes.

Esforços conjuntos para consolidar a dieta jurídica generalizada na America Latina, livre de punições ou sansões.

Os governos da região rasgam as vestimentas defendendo a um Presidente que, violando a Constituição e o Estado de Direito submissamente se presta a hipotecar a soberania nacional do seu país, submetendo-se a uma relação de dependência colonial com os populistas emergentes de uma moral duvidosa, mancomunados com os irmãos Castro e, sabem-se lá, mais quem. Ou seja, todos com talento para ditadores, de fato ou em potencial.

VIVA A DEMOCRACIA POR CONVENIENCIA E A IMPUNIDADE UNIVERSAL EM NOME DELA!

Os acontecimentos ocorridos recentemente em Honduras serviram para mostrar á comunidade internacional, o nível a que chegou a insolente ingerência do regime venezuelano e outros, na política interna de Honduras. Segundo o “Diário Exterior” de Espanha, o governo deste país tem em seu poder um relatório no qual se declara que os órgãos de segurança de Honduras, detectaram a presença de mercenários armados procedentes da Venezuela e da Nicarágua, com a missão de apoiar a consulta popular "não vinculante" convocada por Zelaya, e mobilizar seus partidários nas ruas para criarem distúrbios.

Obviamente, esses agentes pagos, são os mesmos que mobilizam os agitadores que clamam pelo regresso do presidente destituído. Por outro lado, segundo o diário ABC de Espanha, a equipe de juristas espanhóis que assessorou Hugo Chavez, Evo Morales e Rafael Correa em suas reformas "bolivarianas" na elaboração das Constituições de seus países, foram novamente contratados pelo “teniente coronel presidente”, para aconselhar o presidente Zelaya sobre as modificações da Constituição Nacional, com o objetivo de implantar a re-eleição e estabelecer as bases para instituir a mesma, de forma indefinida. Se isto não bastasse como prova da ingerência do governante venezuelano, os discursos insultantes e agressivos do inquilino de Miraflores contra as autoridades hondurenhas e suas ameaças de intervenção militar em Honduras para devolver pela força, o poder ao presidente Zelaya.

Mas a dupla moralidade a que me refiro não se limita à situação em Honduras. A OEA ativou a Carta Democrática Interamericana para condenar esse país, mas faz vista grossa no caso dos presidentes que já cometeram os mesmos, e até piores delitos que se imputam a Zelaya.

Quando qualquer compendio sobre democracia estabelece, expressamente, que um dos elementos essenciais da democracia, é o exercício do poder conforme o Estado de Direito, está dizendo que a legitimidade de um governante não reside exclusivamente na sua eleição, mas sim que, uma vez no cargo, esse funcionário deve desempenhar-se dentro do mais absoluto respeito à Constituição e às leis.

É como uma empregada doméstica que é apanhada usando as roupas da patroa enquanto dorme uma sesta na cama da mesma. Não POOOOOODE! “Eu não sei de nada e esse problema não é meu”. Tradução: Uma vez que votem em nós, podemos fazer e deixar fazer o que quisermos, pois estamos imunes a qualquer sanção, investigação, punição e etc. Em tempo, latino americanos, isso e válido para todo o território deste vasto continente!

A condenação universal, por uma razão ou outra, pelos velhos complexos e as velhas culpas, por medo dos fantasmas ou pelo que seja, silenciou o que é preciso anotar porque, com tudo o que é condenável de um golpe de Estado, convém salientar que o presidente Zelaya desatou a crise ao pretender dar outro desses perversos golpes. Concretizam-se através de recursos indevidos, violadores das Constituições e dos Estados de Direito. Tipo as articulações macabras para re-instaurar a CPMF!

É triste constatar, como governos que se dizem democratas, cedem diante da chantagem dos ditadores populistas, latino americanos do século XXI e por cima de tudo, contra os interesses daqueles que lhes deram o emprego através do voto, e a quem juraram proteger.

FERNANDO TROVADOR

terça-feira, 29 de setembro de 2009

EDITORIAL

Este BLOG nasceu em 18 de fevereiro de 2009, portanto, ainda, um bebê de sete meses.

Tem se comportado com a mesma despretensão, com a mesma ingenuidade, com o mesmo espírito de descoberta e de curiosidade de uma criança nesta idade sem, no entanto, abrir mão dos princípios que o norteiam, tão sérios quanto inegociáveis: a liberdade de expressão, infelizmente cada vez mais violada.

Nascido sob o signo de Aquário contou com o apoio generoso de parentes e amigos que sempre o enxergam com a benevolência e o carinho devotado às crianças. Participam com textos, comentários, ensinamentos valiosos, leituras silenciosas e discretas e importante divulgação.

Assim, conseguiu o VERSO&REVERSO transcender os limites da virtualidade criando vínculos e fidelizando leitores.

Pois bem, apesar da pouca idade e do amadorismo despretensioso dos seus textos, comemora um número, para mim surpreendente, de 5000 visitas! Indicador tão subjetivo quanto carregado de significados, pois, além de sinalizar curiosidade e interesse, compromete quem o escreve com o que escreve.

Feliz, percebo que, o que seria apenas o verso dos meus reversos, mais que isto, tornou-se um prazer irreversível.

domingo, 27 de setembro de 2009

ARCO ÍRIS

Era uma vez uma menina que brincava, cantava, sorria. Ela era muito, muito feliz. Fazia daquele mundo o palco das suas fantasias.

Um belo dia viu-se crescida e percebeu que algo estava diferente em suas brincadeiras. Seus olhos já se direcionavam para outros horizontes. Percebeu que o seu mundo já não tinha o mesmo tamanho e que os seus brinquedos e brincadeiras tinham se transformado em “coisas” de adulto.

Esta menina casou-se, teve filhos e continuou vivendo enxergando o mundo diferente. Lembrou-se que, na infância, cada vez que tropeçava e caia ou quando se machucava, chorava e as suas lágrimas tinham cores. Um dia chorava o anil até esvaziar os olhos, depois o laranja, outra vez vermelho, o verde, chorava até transparente! Chorava todas as cores cada vez que sentia necessidade. Agora, ela percebeu que estava chorando sempre a mesma cor – o cinza.

“Porque as minhas lágrimas não têm mais cor?” questionava. E assim a menina ficou por vários e vários anos. Até que um dia ela resolveu parar e tentar responder os seus porquês!! Encostou a sua cabeça no travesseiro e entrou num sono cinzento. Sonhou muito, mas muito mesmo. Neste sonho, viu terremotos, bruxas, monstros, florestas escuras, tempestades avassaladoras, imensos abismos, enfim, um verdadeiro mergulho nas trevas.

Quando o sonho acabou, ela despertou viu que o seu travesseiro e a sua colcha estavam todos tingidos de cores. Piscou o olho mais uma vez e viu que todo o seu quarto estava colorido. Abriu a janela e viu que tudo lá fora também estava colorido.

A menina começou a chorar e percebeu que agora já não chorava mais cinza, também não chorava mais em uma única cor. As suas lágrimas agora estavam coloridas!

(Este pequeno texto foi contextualizado e baseado num trecho de um livro de Rita Apoena.)

LUCIA IZABEL





quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ABORTAR PARA VIVER

Passamos uma parte das nossas vidas nos convencendo que existem fatos que só acontecem com os outros. Principalmente, os trágicos. A outra, tentando negar nossa intuição, que muitas vezes nos sinaliza o futuro.

Quatro viagens internacionais num curto espaço de tempo foram motivos suficientes para justificar meu pouco entusiasmo por esta última.

Ainda na sala de espera do aeroporto de Salvador, descobri que o médium José Medrado seria nosso companheiro de vôo e, claro, devidamente acompanhado por Dr. Bezerra, seu guia espiritual.

Lembrando que não tenho asas para voar e todo o Atlântico pela frente, minhas convicções de que depois da morte só sobrevivem as lembranças de quem parte e o legado da saudade para quem fica, mostraram-se não tão fortes assim.

A possível presença da Entidade me “emprestou” certa sensação de segurança e um conforto emocional que minora a sensação de desamparo e impotência que experimento sempre que entro num avião. A sensação é tão forte que anula o medo natural sentido por mim e por grande parte das pessoas.

Sinto-me totalmente entregue ao que alguns chamam de destino, mas que, no caso, é o somatório de uma serie de fatores que determinam o sucesso ou o fracasso de voar sem ser pássaro.

Pois bem. Obedecendo ao horário previsto, o avião começa os procedimentos de “descolagem”, segundo o Português falado em Portugal.

“Aceleração um”, segundos depois “Aceleração dois” quando, uma forte e inesperada trepidação suspende a respiração dos quase trezentos passageiros do pássaro de ferro. Os poucos cinco ou seis segundos seguintes que o piloto precisava para decidir entre a “Aceleração três”, esta irreversível, ou abortar a decolagem foram decididos a nosso favor. Se continuasse, a aeronave não teria velocidade suficiente para sair do chão. Numa manobra de habilidade e experiência, o aparelho para abruptamente a poucos metros do final da pista.

Poucos segundos foram suficientes para que nossas vidas fossem salvas e para que o pânico de perdê-las se instalasse no avião, sentimento facilmente captado em situações desta natureza. Foi tudo tão rápido que, pessoalmente, fiquei estranhamente calma.

Um instintivo alerta pela descarga de adrenalina e, mais tarde, a “quase” certeza de uma morte indolor. Psicologicamente, pelo alheamento do que estava por vir e, fisicamente porque, carregado de combustível, o avião explodiria logo que acabasse a pista.

Passado o susto, tento analisar as necessidades humanas numa situação na qual sua sobrevivência ou a de quem ama fuja ao seu controle. A primeira é a de ter suas perguntas respondidas; o que aconteceu, por que aconteceu e o que ocorrerá daqui pra frente. Esta ultima, certamente, uma penosa “via cruci” de dúvidas e surpresas desagradáveis.

A situação de impotência diante de fatos que abalam nossa segurança potencializa nossa necessidade de compreender para justificar o acontecimento. Pelo menos é assim que sinto. Hoje, entendo a persistência de parentes de vitimas de mortes trágicas em nunca desistirem de respostas às suas dolorosas e, muitas vezes, irrespondíveis perguntas.

Outra conclusão é a “certeza” de que fatalidade é um conceito além de amplo, relativo. Partindo do pressuposto de que para todas as coisas que envolvam pessoas e, claro, sua sobrevivência com segurança, existam protocolos que, se seguidos, evitariam a maioria dos acidentes, tendo a concluir que a maioria deles não é observada com a seriedade proporcional à importância da vida como valor a ser preservado.

Para isto seria necessário que a vida humana fosse verdadeiramente valorizada, pois no caso do nosso avião, ficou muito claro, que houve negligência por parte da companhia, pois, a simples não observância dos pneus da aeronave seria a causa de mais uma tragédia que mudaria e destruiria vidas de forma irreversível.

Uma pergunta me inquieta e uma “certeza” me oferece a verdadeira dimensão de cada vida em relação a tudo que vive no Universo.

A pergunta é; muda, a vida, seu curso normal desviando-se para um atalho ou, o que chamo de atalho é o verdadeiro caminho?

A “certeza”, se ainda as tenho, daí ter aspeado a palavra em todo o texto, é de que tudo continuaria acontecendo independente de mim, embora de outra forma e com outros sentimentos mas, pelo mesmo caminho e desviando-se por outros atalhos. Disto, tenho certeza. Sem aspas.

ALICE ROSSINI

domingo, 6 de setembro de 2009

VAMOS SER FELIZES?

Desta vez, me desarmo de conceitos pré-estabelecidos, me limpo de costumes e hábitos próprios e mergulho fundo nas inquietudes e nos conceitos tão bem expressos em alguns dos textos que Alice nos proporciona. De repente, esses trabalhos soam como sussurros incontidos de um suave desespero, ou até desabafos inquietos de impotência por uns não serem capazes de influenciar outros, no processo de todos sermos felizes. Deito-me a deriva destes pensamentos insólitos e deixo que a maré da minha razão me leve, empurrado pelo vento das minhas experiências.

Confesso que me perturbo quando me dou conta que me deixo levar pela estranha força que me faz sentir mais macho quando sou desafiado a tentar reparar o que de mim não depende, mas deixo este aspécto como um ítem a mais na lista das minhas características de personalidade.

Por que será que é tão difícil ser feliz? Por que uns não podem influenciar outros na ardua batalha da busca da felicidade? Que tem de tão extraordinário o mundo de hoje, com suas conturbadas peripécias de todo o tipo, que faz com que a as pessoas confundam felicidade com ser socialmente visível ou estar “bem”? Pessoalmente eu me sinto muito feliz a maior parte do tempo, o resto dele eu sou apenas feliz. Que é que eu faço de especial? É esta uma atitude consciente minha? São estratégias planificadas e aplicadas ao pé da letra? Será que inconscientemente eu me nego a viver com medo para não complicar o que, a priori, me poderia parecer confuso?

Afinal, ser feliz só requer um pouco de questionamento preciso e um mergulho introspectivo bem fundo na nossa alma para sabermos como vemos a nós mesmos e ao mundo a nossa volta.

A maior parte das nossas crenças é falsa, outras foram iniciadas por condicionamentos externos e muitas são ou foram perpetuadas pela sociedade e pela mídia. Só podemos nos reinventar depois de descascarmos as camadas externas e superficiais de nossas crenças e examinarmos com precisão, imparcialidade e integridade o miolo das nossas convicções. Posso até acreditar que a relalidade é a mesma para todos e que todos funcionamos no mesmo nível. Mas, acho que não é assim! A vida é única para cada um de nós. Nossos mundinhos pessoais são um composto de como vemos as nossas vidas e nós mesmos.


Tenho uma colega de trabalho que tem a metade da minha idade. Um dia destes a vi desmanchando-se em gargalhadas porque um colega, homem, disse-lhe que parecia uma caricatura de si mesma. Honestamente, a moça é esteticamente “desencontrada”. Ela tem uma aparência gozada e totalmente despida de simetria... Porra, me dói, mas ela é feia mesmo! No entanto, é a uma das pessoas mais doces e mais faceis de lidar que conheço. É absolutamente brilhante e querida por todos os que a conhecem ou que investem um tempinho conversando com ela. É, sem dúvida, bastante feliz. Conscientizou-se das limitações estéticas e até faz piadas com isto. O mais importante, é que ela nunca se define por sua aparência e os que a conhecem rapidamente esquecem-se desta particularidade. Para ela isto simplesmente não é problema e ela não se vê como uma pessoa sem atrativos.

Por outro lado, todos nós sabemos que existem pessoas, que em determinado dia, não saem de casa porque durante a noite lhes nasceu uma "bolhinha" no canto do lábio ou despertaram sentindo-se mais pesadas, mais gordas ou mais inchadas. Tenho a certeza, que o termo “dia de cabelo ruim” se originou de alguém que teve seu dia arruinado porque não conseguiu arrumar o penteado como queria. “Nestes” dias, é dificil conversar com esta pessoa sem escutar dela queixas sobre absolutamente tudo o que a rodeia. Estes são os dias preferidos para se falar mal do mundo de uma forma acentuadamente negativa, evocando assuntos tais como crimes, pobreza, violência, economia, a ganância, as doenças e as guerras.

É muito fácil acreditar que o mundo é um lugar hostil não porque o seja, mas sim porque esta é a nossa percepção e, para alguns, é até uma convicção. Obviamente que nós somos influenciados por estas mensagens e muito se deve à frequência com que as escutamos. Filmes, novelas, noticiários, jornais, até música, a nossa obcessão e o nosso enfoque, parecem ser sempre, predominantemente, negativos.

Todos os dias bilhões e mais bilhões de eventos ocorrem. Alguns são péssimos, horrorosos e a maioria são, provavelmente, comuns mas, muitos são espetacularmente fabulosos. Somente por um momento consideramos a semana passada ou até o mes passado ou o ano passado. Quantas vezes fomos roubados, assaltados, caimos em desgraça com os bancos ou tivemos nossos cartões de crédito negados, e mais, quantas vezes estivemos doentes? Quantas de nossas funções corporais já não estão tão bem hoje se compararmos com o tempo em que trabalhavam perfeitamente? Quantas refeições perdemos comparadas com as vezes que nós comemos mais do que deviamos no mesmo período? Voce riu mais esta semana do que chorou? Em resumo, a pergunta é esta; de que é que nós reclamamos e o que é que nós agradecemos? Se alguém lhe faz um comentario infeliz e fora de lugar que fere os seus sentimentos, voce se ressente? Fica ruminando o acontecimento? Estende o “bate boca” mesmo que de forma diplomática por algum tempo? Comenta o acontecimento com terceiros gerando assim uma sessão de fofocas cruzadas sobre a pessoa que fez o comentário? Espera o momento adequado e mais tarde revida com outro comentário sarcástico?


E que tal se alguém lhe faz um elogio ou lhe diz algo que alimente seu ego? Também fica ruminando, nutrindo-se mentalmente? Compartilha com terceiros? Espera por uma oportunidade para retribuir? Voce fica obcecado com as grandes coisas que lhe acontecem diariamente?Em outras palavras, investimos o nosso tempo e energia em fantasias positivas ou negativas?A resposta a esta pergunta nos dará uma visão cristalina da nossa percepção.

Não tenho dúvida nenhuma que as grandes barreiras contra a felicidade são o medo e a insegurança. Nós somos animais obsessivos na prevenção e preparação de acontecimentos negativos. É impossível pensar em ser ou começar a ser feliz se as nossas mentes estão sempre concentradas no mal. O medo é um mal debilitante. Ele rouba tudo de nós, principalmente nossa alegria e nossa energia. Por traz da fachada de muitos de nós, há uma insegurança implacável que nos bloqueia em cada passo que damos. Claro que não estamos falando de medo propriamente dito. Estamos sim, nos referindo a nossa habitual resposta negativa a quase todas as situações que enfrentamos diariamente

Observem as crianças. Elas são criativas, aventureiras, alegres e estão sempre contentes. Elas expressam as suas necessidades e esperam que as mesmas sejam atendidas. Se sentem iguais entre si e esperam que o mundo as apoiem em tudo. Crianças não carregam rancores, nem se sentem inúteis ou mal amadas se as coisas não ocorrem do jeito que querem. Quando caem, se levantam em seguida e continuam o seu caminho. O mundo é apenas um enorme parque de diversões cuja função é entretê-las e apoiá-las.

Os pais, obviamente, devem proteger seus filhos e alertá-los sobre os verdadeiros perigos. As crianças necessitam estar preparadas, educadas e equipadas para lidar com todos eles. Porém, será que elas realmente necessitam de toda esta hipnótica e estressante carga de avisos a cada minuto do dia? Será a vida um corriqueiro passeio sobre campo minado até que, finalmente, pisamos em uma das minas? Frequentemente, a grande maioria das pessoas carrega consigo demasiada inseguraça e medo.

Façamos um teste. Lendo este texto que me ocorreu escrever sem fundamento técnico mas fruto do enorme prazer que tenho de pensar em tudo, verifiquem o seguinte: Aí sentados, sentem a bunda meio contraída? Os ombros mais altos que o normal? Os olhos estão tensos? A testa apresenta sinais de enrrugamento? Voce está sentindo seu corpo contraído mais do que o normal? Pode parar…! Voce está apenas lendo um texto escrito por um cara "metido" a escritor que relata suas ideias e suas emoções e expõe, abertamente, suas próprias teorias. Por que é que voce está preparando-se para resistir a um ataque? Espreguice-se, respire e relaxe...


Até hoje eu escuto a minha mãezinha me dando constantes alertas de perigo cada vez que tenho que viajar para longe de onde ambos moramos. Ser a sentinela dos perigos que rodeiam seus filhos se tornou sua missão. É praticamente impossivel para ela ter uma conversa comigo ou com minha irmã sem nos dar algum “bom conselho”. Por alguma razão ela parece acreditar que o amor e a proteção aos seus filhos são diretamente proporcionais ao número de avisos e recomendações sobre os perigos do mundo que ela, constantemente, descarrega sobre nós. Ou, até mesmo, pela quantidade de preocupação que ela sente a nosso favor.

Quase todos os dias recebemos informações sobre como o mundo vai acabar e quando. O pior de tudo, e que me parece que apesar de o fazermos inconscientemente, nós, automática e frequentemente passamos estes sinais e alertas adiante, a título de conversas informais e inócuas. Muitas pessoas racionalizam isto como sendo parte do seu nivel de informação, preparação cultural ou até educação. Outras, como mamãe, também pensam que as suas mensagens de alerta são baseadas no amor e carinho que sentem pelos seus filhos.

A nossa infância é cheia de florestas povoadas por predadores e animais peçonhentos. Infelizmente, antes mesmo de avaliarmos a validade desta afirmação, descobrimos que absorvemos tanto este conceito que nos tornamos adultos completamente lavados cerebralmente esperando dolo e hostilidade vindos de todas as esquinas.


"Mãe! Chega de avisos e conselhos repetidos. Eles são como venenos que estão matando-me e impedindo-me de ser feliz!" Nós estamos criando e mantendo um ambiente terrivelmente hostil, uma crença ferrenha e hermeticamente fechada de que o mundo é basicamente mau, as pessoas são naturalmente más e que o melhor que podemos esperar, com um pouco de sorte, é nos mantermos respirando enquanto pudermos. O pensamento nobre justo e essencial sobre perseguir a felicidade nos parece frívolo, fora de alcance, até mesmo impossível. É apavorante se pensarmos que nós colhemos o que plantamos!Meu Deus! Este texto esta se tornando realmente sério! Mas isto é normal porque afinal sou uma pessoa crescida, responsável e acima de tudo, cautelosa!

Muita educação e muita “grana” são os únicos caminhos para sobrevivermos hoje em dia. Todos nós olhamos para baixo para ver os pobres que tem que varrer ruas, ser camelôs, empacotar as compras no supermercado, os “flanelinhas”, o frentista e outros tantos. Pobres das famílias que tem que repartir banheiros, quintais e até mesmo moradias com terceiros. Pobres daqueles que tem que dirigir carros com mais de cinco anos de uso, isto sem falar nos que dependem de transportes públicos. Que horror aquelas famílias que não conseguiram fazer seus filhos se graduarem em nenhuma Universidade!

Bom, pensando bem, não é tão grave como não ter grana nem crédito para fazer um "lifting" ou uma "lipo", isto, sem mencionanar ter de morrer com os seios ao nível do umbigo. Isto sim é terrível! Raramente nos lembramos que as pessoas simples que mencionei acima, são os mesmos que vão de ônibus a caminho de suas casas tamborilando um sambinha com os dedos, sobre qualquer superficie sonora. E os que não, muito provavelmente, estarão pensando de como será bom beijar os filhos e a companheira(o) ao chegar em casa!


Pois é! Ultimamente é realmente difícil ser feliz! Vejam só a quantidade de coisas que necessitamos fazer, ter e ser para sermos felizes! Obviamente ninguém será feliz se não puder se medir igualmente com o vizinho ou com um amigo ou amigos, ou mesmo com a média do ambiente que frequenta ou ao qual pertence! Esta é a teoria! Não é fácil sair nas colunas sociais ou estar social e politicamente correto! Esqueçam tudo isso! Eu corto meu pescoço ou qualquer outro apêndice do meu corpo em como um dia todos nos seremos felizes, quando...

Sob o ponto de vista psicológico, nós todos nos agarramos, desesperadamente, ao comodismo, ao conforto e aos hábitos. As “areas confortaveis” são diariamente pesquisadas e testadas e sempre nos sentimos seguros dentro delas. Esses patamares de acomodação não carregam consigo desafios, nem nos preocupamos com eles. Quando um hábito se torna confortável o adotamos imediatamente.


Em muitos casos as nossas "areas de conforto" não são seguras, não são saudáveis nem nos dão prazer. Na verdade, a curto prazo, elas se tornam uma fonte de problemas e contradições. É como aquele chinelinho ou aquele tênis velhinho que relutamos em jogar fora, estes, tambem tem o seu dia de ir para o lixo.

É fácil manter uma relação que não leva a nada ou ficar muito tempo no mesmo emprego sem futuro e por nenhuma razão, a não ser o fato de que se está confortável e livre de “coisas novas que podem ser o berço de novos problemas”. Para melhorar a nossa vida necessitamos mudá-la. Assim, simples!

Precisamos fazer coisas novas, de novas formas, por novos caminhos com pessoas novas e em meios diferentes. Quanto mais alto quisermos chegar, menos confortáveis nos sentiremos. A felicidade assim como o sucesso, são empreendimentos de alto risco. Admito que, fatalmente, nos sentiremos vulneráveis ao fazê-lo. O desejo de ficar onde estamos habituados será insuportável. A mudança de rumo requer que sejamos valentes e audazes porque o erro é odiado. O erro é humilhante.

Somos constantemente intimidados e sentimos um pavor absoluto da palavra “não”. Acho que é boa ideia ficar na frente do espelho repetindo essa palavra um milhão de vezes até que nos sintamos numa "area confortável" que inclua frequentemente esta palavra. Voce nunca se sentirá melhor, fará o melhor ou terá o melhor se continuar a ter medo da palavra “não”.

A justificativa mais comum para voce não ter a maioria das coisas que mais deseja, é porque não pediu. Se decidir não pedir é porque havia decidido inconscientemente não tê-las. Esses “nãos” voce deu a si próprio – não vieram de nenhum outro lugar. Devemos parar de respondermos “não” a nós mesmos e perguntar o que ainda não fizemos. O “sim” ou o “não” devem vir de quem vai tomar a decisão, não dos nossos medos.Voce conhece a solução da “moeda ao ar”? Às vezes é necessário atirar uma moeda ao ar onde a cara é sim e a coroa é não. Fazemos nossa perguntinha e atiramos a moeda e com base no resultado da queda decidimos. Voce verá que, estatisticamente, as soluções serão uma ou outra, em partes iguais, 50% para sim e 50% para não. Na vida é exatamente a mesma coisa de acordo com o número de vezes que voce fizer suas perguntas.


Outro obstáculo que devemos suplantar é o medo da rejeição. Começamos por perguntinhas simples praticando-as escutando “não” e vamos nos habituando a isso. As pessoas normalmente tem uma certa simpatia por quem escuta um “não” delas. Por isso, normalmente o fazem de uma forma gentil. Outra forma é perguntar sobre coisas grandes, não emocionalmente importantes, mas inesperadas. Como jogar na loto todas as semanas. Voce pode até encontrar um certo sentimento de diversão com isto, mas esta negativa, não o humilhará porque não está carregada de emoção.

Faça como o cara lindo e sexy que chegando a uma discoteca ou bar, começa imediatamente a insinuar-se e a cantar, de uma forma inteligente, graciosa e extremamente simpática. As gatas ao seu redor insinuando-se para irem a um motel com ele. A maior parte diz que não mas o faz rindo-se da situação. Eventualmente, esse cara tem sorte! O certo é que para cada porta que se fecha, outra se abre. A merda toda é saber porque é que a que se abre o faz, somente, quando a outra se fecha. Porque as duas não ficam simultaneamente abertas, mesmo que seja por pouco tempo? Normalmente, a que se abre o faz muito depois de que a outra se fechou. Aí voce fica em pânico no corredor. Dá medo! A vida nos arma muitas situações que nos fazem saírmos da nossa "area de conforto" antes que uma nova oportunidade se materialize. A vida é um inferno mesmo. No processo de se reinventar, voce terá que aceitar que esse inferno não so é uma probabilidade; voce terá que entrar nele ativa e deliberadamente.

Quantas vezes não temos pesadelos nos quais somos perseguidos por um incêndio e não nos resta alternativa a não ser correr montanha acima? O fogo nos persegue e nós vamos correndo ofegantes até chegarmos à beira de um altíssimo precipício. Aí, o pavor nos deixa imobilizados porque nos restam duas terríveis opções. Ou morremos queimados pelo fogo que se aproxima das nossas costas, ou nos atiramos no vazio e nos amassamos contra as rochas lá embaixo.
Neste
momento, escutamos uma voz dentro de nossos corações que nos diz:
- Salta, voce pode voar!


Se voce quer que mudanças seguras e pequenas ocorram em sua vida, o esforço e o risco não serão tão amedrontadores nem deveras desafiantes. Se voce deseja ser feliz e crescer como pessoa ou mudar radicalmente sua vida para melhor, deve aceitar o fato de que todos somos valentes e audazes.

Nunca voaremos se não tirarmos os pés do chão!

Fernando Trovador!