domingo, 27 de setembro de 2009

ARCO ÍRIS

Era uma vez uma menina que brincava, cantava, sorria. Ela era muito, muito feliz. Fazia daquele mundo o palco das suas fantasias.

Um belo dia viu-se crescida e percebeu que algo estava diferente em suas brincadeiras. Seus olhos já se direcionavam para outros horizontes. Percebeu que o seu mundo já não tinha o mesmo tamanho e que os seus brinquedos e brincadeiras tinham se transformado em “coisas” de adulto.

Esta menina casou-se, teve filhos e continuou vivendo enxergando o mundo diferente. Lembrou-se que, na infância, cada vez que tropeçava e caia ou quando se machucava, chorava e as suas lágrimas tinham cores. Um dia chorava o anil até esvaziar os olhos, depois o laranja, outra vez vermelho, o verde, chorava até transparente! Chorava todas as cores cada vez que sentia necessidade. Agora, ela percebeu que estava chorando sempre a mesma cor – o cinza.

“Porque as minhas lágrimas não têm mais cor?” questionava. E assim a menina ficou por vários e vários anos. Até que um dia ela resolveu parar e tentar responder os seus porquês!! Encostou a sua cabeça no travesseiro e entrou num sono cinzento. Sonhou muito, mas muito mesmo. Neste sonho, viu terremotos, bruxas, monstros, florestas escuras, tempestades avassaladoras, imensos abismos, enfim, um verdadeiro mergulho nas trevas.

Quando o sonho acabou, ela despertou viu que o seu travesseiro e a sua colcha estavam todos tingidos de cores. Piscou o olho mais uma vez e viu que todo o seu quarto estava colorido. Abriu a janela e viu que tudo lá fora também estava colorido.

A menina começou a chorar e percebeu que agora já não chorava mais cinza, também não chorava mais em uma única cor. As suas lágrimas agora estavam coloridas!

(Este pequeno texto foi contextualizado e baseado num trecho de um livro de Rita Apoena.)

LUCIA IZABEL





4 comentários:

Alice Rossini disse...

Que linda metáfora! A aventura pelos perigosos labirintos das fantasmagóricas árvores que erigimos, futos das nossas leituras equivocadas ou possiveis da vidas que nos permitimos; um mergulho até as grutas abissais dos subterrâneos dos nossos "infernos" pessoais...

É preciso coragem, daí o prêmio de regatarmos o arco iris que tingiam as lágrimas da nossa inocência.

Emocionante história para "crianças" inteligentes e adultos com "alma" de criança.

Além de identificar-me fiquei emocionadíssima!

Parabéns!

Beijos!!!

Penha Castro disse...

Que texto lindo. Me parece que foi uma releitura. Achei cheio de significados e podemos lê-lo e relê-lo de acordo com o nosso momento.

Adorei!

Mariana disse...

Que texto lindo e delicado! Realmente uma viagem, como Alice disse, metafórica, ao interior da própria história.

Adorei! Parabens Izabel!

Amanda Carvalho disse...

Seu BLOG está perfeito! Para quem quer ler algo sério, que se pensa mas não se discute nem escreve em BLOG`S. Está preenchendo uma lacuna pois, não é direcionado pra nada mas fala de tudo.

Este texto, por exemplo, onde iria ler um texto com este? Lindo, profundo. Uma metáfora da viagem que muitos fazem para dentro de si mesmo. Isabel, parabéns!