quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ESTE FENÔMENO, O AMOR

Acabei de ler a obra literária “O Banquete”, onde conheci mais algumas maravilhosas verdades sobre o Amor. Aquelas lindas palavras saboreadas no silêncio de meu quarto, ditas quase ao meu ouvido, não me lembro de tê-las lido anteriormente. Lia a Balada do Café Triste de Carson McCullers, cujo verdadeiro nome é Lila Carson Smith. Esta mulher, dona de uma sensibilidade refinada, desaparecida em 1968 aos cinquenta e um anos de idade, nos fala do amor desde o mais profundo e solitário cantinho do seu ser.

De repente me senti mais rico assimilando em minha mente que o Amor, é uma experiência compartilhada por duas pessoas, mas essa divisão, não é equitativa para ambas. Tanto o amante quanto o amado procedem de regiões distintas da vida. É possível que a pessoa amada constitua somente um estímulo para despertar todo o amor adormecido desde muito tempo no coração do amante.

E, de uma forma ou outra, todo o amante sabe. O amante sente em sua alma que seu amor é algo solitário e esta estranha sensação de solidão, esta certeza, o faz sofrer. Esse sentimento é tão vivo e tão claro, que o amante só pode fazer uma coisa; arroupar o seu amor! Ele tem que criar em seu interior um mundo particular completamente novo, intenso, diferente de seus outros mundinhos interiores, completo em si mesmo.

É bom salientar que nesse meu devaneio sobre esse sentimento que gere a vida, não vejo, necessariamente, a presença de um jovem que aguarda o momento para levar à sua noiva o anel de compromisso. Esse amante pode ser homem, mulher, criança, enfim, qualquer criatura humana.

A pessoa mais medíocre pode ser objeto de um amor turbulento, extravagante, lindo. Um homem bom, pode ser estímulo para um amor agressivo e degradado, e, um louco gago e maltrapilho, pode despertar na alma de alguém um carinho terno e sutil. Portanto, só o próprio amante determina o nivel qualitativo do amor que sente.

Assim, descubro finalmente porque é melhor amar que ser amado. Porque secretamente, a condição de ser amado é, para muitos, intolerável. O amante, continuamente, desnuda o amado; acossando-o, implorando a relação com o amado, inclusive se esta experiência só tenha potencial de causar dor.

Esses são os sentimentos de todos nós, uma vez que o nosso amado chega e se instala em nossos corações, em nosso mundo. Nem beleza nem adornos, nem bens nem males, nem sol nem chuva, nada importa a não ser a incomensurável força do fenômeno AMOR!

É muito bom amar!

FERNANDO TROVADOR

6 comentários:

Alice disse...

Fernando,

Acho muito bom que um homem passe parte do seu tempo refletindo sobre o amor e toda a sua complexidade. Melhor ainda que esta reflexão extrapolou os conceitos do amor romântico, mais comum entre um homem e uma mulher. Seu reciocínio universalizou o conceito.

Muito bom...

Marco Rossini disse...

Fernando,

Excelentes colocações. Falar de amor é incrivelmente difícil. O tema é vasto e corre-se o risco de se tornar piegas. Participei de um culto religioso semana passada e fiquei impressionado como se usa indevidamente a palavra amor. Aliás, deve ser politicamente correto, né?
Mas este amor a que se refere, tema de O Banquete, é interessante sim, Na minha opinião a forma de externar este amor é o estopim de 9 entre 10 crises conjugais. A individualidade é que deve ser entendida e compreendida. O amor se realiza quando constitui o todo. Quando a cara metade é finalmente identificada, plugada e linkada. E olhe que não estou me referindo tão somente ao amor entre sexos diferentes. Segundo a mitologia, todas as mulheres que fizeram corte a mulheres passaram a gostar de mulheres. Assim também aconteceu com os homens. E ai é que o conceito de amor começa a ser desvirtuado perante a igreja e a sociedade hipócrita.
Este tema é adrenalina pura se analisado por trás de suas entranhas. Rsrsrsrsrs

Marco Rossini

Fernando Trovador disse...

Amigos Alice e Marcos:

Foi vendo o amor assim como esta desossado no texto, que eu pude começar a entender aquelas pessoas que mesmo insultadas, abusadas, ofendidas e até violentamente espancadas pelo ser amado, seguem a seu lado até que o amor perde a força para resistir a tanto abuso.

Fernando

Sandra Cristina disse...

Gosto especialmente de um trecho da Bíblia que trata do tema. Vejamos:1 Coríntios, 13:4,5,6,7:"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não ufana, não se ensorbebece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regogija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
E conclui, no versículo 13, que o maior dom que Deus nos deu é o amor.
bjs,
Sandra

Penha disse...

Falar de assunto tão importante e ao mesmo tempo tão amplo e complexo é um desafio que poucos vencem.

Imagino que o texto não teve a pretensão de esgotar o assunto mas, conseguiu a profundidade que o tema exige.

Parabéns

IZABEL disse...

Fernando,
Amei o seu texto, independente de qualquer crença, somos AMOR. Pois ao nascer o ser humano é AMOR. Para mim a civilização nasceu de um ato de amor, que compreende duas facetas que “duelam” – TÂNATOS E EROS. Dois impulsos – regras, proibições impostas pela sociedade e o prazer, os desejos.

O amor consegue ser simples quando sentimos e complexo ao tentarmos descrevê-lo. Envolve perdas e ganhos. É sofrimento e felicidade, é concreto e abstrato, é força e fraqueza... Enfim é o que eu transfiro para o outro, que é MEU! É o reflexo das minhas expectativas. Eu me amo no “outro”.

Jamais iremos esgotar este tema – o que poderemos fazer é encontrar diversas vertentes para analisar este sentimento.

Fantástica reflexão!

Um abraço,
Izabel