terça-feira, 3 de novembro de 2009

A ESTRADA PARA A FAZENDA DO ZÉ


No texto “Por que Desistimos?”, a minha brilhantíssima amiga Alice se debruçou sobre o enigma que aflige grande parte dos seres humanos. Ela perguntou por que umas pessoas mudam e outras não! Que fatores determinam em uns, a iniciativa, e em outros, a apatia às mudanças?

Continuo sem saber exatamente qual é esse fator determinante, mas sei sim, que posso contribuir como motivador a quem tem dúvidas se vale a pena mudar. Eu mesmo, com a minha família, mudei de endereço, país, escola, amigos e cultura, 16 vezes nos últimos 30 anos. Não foram processos fáceis e muitas horas foram gastas estudando o que e como fazer, para assimilar essas mudanças e torná-las benéficas. Estas são algumas das lições que aprendi nesse processo constante.

Recordo-me então da seguinte história, também conhecida como o Paradoxo do Sucesso:
Uma vez um homem seguia numa estrada do interior procurando por um sítio. Era o sítio do Sr. Zé. Passando por um agricultor, parou o carro e pediu indicações do caminho a seguir. O trabalhador olhou para o horizonte e respondeu. “Moço, você siga por aqui direto, subindo aquele morro lá adiante. No topo dele há duas saídas à esquerda, mas, eu não sei qual delas é a certa. Não faz mal, siga direto, baixe o morro e pergunte na bodega do Antônio que fica antes da ponte”. O viajante seguiu as instruções ao pé da letra e, ao chegar à bodega, voltou a perguntar pelo sítio do Sr. Zé. A resposta foi a seguinte. “Ahhhh! Oh xente, Já passou! de hoje! É a segunda entrada, o “ sinhô” entra e é logo ali mesminho... a uns 300 passos da estrada”.

Existem artimanhas para se sair da apatia e "estratetizar" o nosso dia a dia para empreendermos o caminho às mudanças que só nos irão ser benéficas. Para isso, devemos estar conscientes que as coisas estão do jeito que estão porque chegaram aqui assim. A menos que eu as mude, elas continuarão iguais. Não podemos nos tornar o que queremos ser, continuando a ser o que somos. Só depende de mim criar oportunidades para melhorar. Além disso, é óbvio que a complacência é inimiga da curiosidade. O segredo do equilíbrio e do desenvolvimento, num tempo de paradoxos, é permitir ao passado e ao presente, coexistir com o futuro.

O Mundo está em constante mudança! Os caminhos e as formas que nos trouxeram até onde estamos raramente são os mesmos que nos sustentam aqui. Afogue as suas mágoas e as suas lembranças do passado. Na verdade, somos muitos os que choramos para que nos removam a montanha de dificuldades que enfrentamos, quando do que realmente necessitamos é coragem para escalar a montanha. E isso tem que ser feito já, porque quando finalmente descobrirmos que caminho tomar, já é tarde para o seguirmos. Se continuarmos como estamos, terminaremos na bodega do Sr. António. É lógico que é muito mais fácil explicar coisas olhando para traz, mesmo porque não possamos prever o futuro.

Na vida que levamos, hoje, neste mundo onde tudo anda acelerado, as mudanças se fazem cada vez em menores unidades de tempo. A falta de consciência desta verdade nos impulsiona a mudarmos o que necessitamos, só quando o desastre é iminente. Além disso, nós não mudamos por puro prazer. Mudamos para chegar a um objetivo. A necessidade de mudar tem que ser clara e transparente. Deveríamos sair de um mau relacionamento, muito antes que a situação fique insustentável. Poupa-se dor, sofrimento e reage-se mais rápido no caminho de outra relação que seja mais reconfortante e compensadora.

Não há que ir ao dentista quando a dor já é insuportável.


FERNANDO TROVADOR

Um comentário:

Neto disse...

Excelentes textos. Realmente o mundo esteve, está e estará em constante devir. O filósofo Parmênedes ja dizia que ninguem toma banho no mesmo rio, pois, segundo ele, a pessoa já não será mais a mesma e o rio também. As águas do primeiro banho, com certeza, já não serão as mesmas do segundo. \a correnteza trata de modificá-las constantemente.
Neto.