Mais um Natal, quando vemos repetir os mesmos excessos e as mesmas carências. A maioria continua possuindo as faltas e a minoria detendo a fartura. Há mais de dois mil anos é assim. Mas, a cada Natal renovam-se as esperanças de um mundo mais fraterno. Esta esperança é que estimula e sustenta nossa fé na vida.
O mundo está tão desigual e tão cruel que uma parcela da humanidade com alguma lucidez fica cada dia mais constrangida em reclamar do seu cotidiano, já que se sente uma ilha, isolada pela violência, pela insanidade da indiferença e perdida nos limites cada vez mais tênues e relativos entre o certo e o errado, entre o ético e o aético.
Durante o ano que passou, como a maioria dos leitores deste Blog, realizei sonhos, vivenciei momentos difíceis, presenciei tragédias. No ano que chega, a vida continuará o seu fluxo indiferente às nossas lágrimas e aos nossos sonhos, mantendo sua eterna vocação de surpreender.
Portanto, consciente da nossa insignificância diante das teias do Universo e do imenso poder que temos sobre nós mesmos, desejo que alguma coisa se modifique na nossa capacidade de compreender e aceitar o irreversível e fortaleça nossa vontade para transformar a realidade que nos incomoda, nos avilta e nos distancia da nossa condição humana.
o cotidiano e suas contradições, descrito e compartilhado - Blog inaugurado em 18 de fevereiro de 2 009 - ANO VIII
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
VIVER: DIREITO OU OBRIGAÇÃO?
Escrever sobre assuntos pesados em época natalina pode ser classificado como um sádico mal gosto. Embora, a partir de novembro, quando o comercio começa a convocação para o consumo, os assuntos fome, miséria, desigualdade, entre outros, emerjam com mais força a ponto de comover alguns corações que permaneceram impermeáveis nos outros dez meses do ano.
Portanto, sinto-me à vontade para falar sobre um tema, além de controverso, muito pouco discutido: Eutanásia. Calma, não vou falar da Eutanásia como recurso médico, quando a Ciência desiste de seus poderes e, como última alternativa para economizar sofrimentos, delega ao paciente ou aos parentes o direito de escolher a morte, a uma sobrevida isenta de qualquer sentido de vida ou possibilidade de recuperação.
A Eutanásia a que vou me referir, pode até incomodar mais algumas pessoas, já que a referida acima possa ser encarada apenas como um conceito distante e estranho à nossa realidade. Refiro-me às pequenas desistências, que tem a gravidade daquela Eutanásia que coloca em xeque viver com uma qualidade de vida que nos pareça digna e, por medo, covardia, ignorância, oportunismo, masoquismo, seja lá que motivo for, consentindo que nos seja negado tudo que nos tornaria mais feliz, preferindo uma vida isenta de alegria, realizações, liberdade e milhares de outros prazeres.
Claro que a vida é feita de renúncias, as necessárias e as que muitas vezes são assumidas pelo simples prazer de servir, de ser útil, de abrir mão de algum privilégio em pró de alguém que achamos ter o mesmo direito de possuí-los. A ajuda ao próximo, a divisão do muito que temos, o ensinar ou abrir caminhos para que outros alcancem seus objetivos, além de louvável é necessária.
Talvez como haja um consenso universal de que todos tem o direito à vida, esta premissa nos impede de perguntar: A que tipo de vida todos temos direito?
Há quem se sinta feliz vivendo sob ou em qualquer circunstância. Há os mais exigentes que lutam por direitos. Úteis e necessárias, estas pessoas. Ainda que suas lutas não sejam coletivas, uma vez alcançados os objetivos, outros se beneficiam com a conquista, tornando-se exemplos de tenacidade e determinação. E há os eternos insatisfeitos. Por mais que tenham, acham que a vida ainda lhes deve alguma “coisa”.
Não pretendo, aqui, limitar as aspirações alheias ou determinar escala de valores para a felicidade, mas há que haver um equilíbrio nos desejos e conceitos dos quereres e daquilo que nos obrigamos ou somos obrigados a desistir.
Todas as pessoas querem a vida, “sempre desejada, por mais que esteja errada”, mas há que se respeitar e valorizar tanto os que lutam por uma vida melhor, quanto os que desistem de alguns aspectos dela para, quem sabe, conferir-lhe mais sentidos.
Alice Rossini
Portanto, sinto-me à vontade para falar sobre um tema, além de controverso, muito pouco discutido: Eutanásia. Calma, não vou falar da Eutanásia como recurso médico, quando a Ciência desiste de seus poderes e, como última alternativa para economizar sofrimentos, delega ao paciente ou aos parentes o direito de escolher a morte, a uma sobrevida isenta de qualquer sentido de vida ou possibilidade de recuperação.
A Eutanásia a que vou me referir, pode até incomodar mais algumas pessoas, já que a referida acima possa ser encarada apenas como um conceito distante e estranho à nossa realidade. Refiro-me às pequenas desistências, que tem a gravidade daquela Eutanásia que coloca em xeque viver com uma qualidade de vida que nos pareça digna e, por medo, covardia, ignorância, oportunismo, masoquismo, seja lá que motivo for, consentindo que nos seja negado tudo que nos tornaria mais feliz, preferindo uma vida isenta de alegria, realizações, liberdade e milhares de outros prazeres.
Claro que a vida é feita de renúncias, as necessárias e as que muitas vezes são assumidas pelo simples prazer de servir, de ser útil, de abrir mão de algum privilégio em pró de alguém que achamos ter o mesmo direito de possuí-los. A ajuda ao próximo, a divisão do muito que temos, o ensinar ou abrir caminhos para que outros alcancem seus objetivos, além de louvável é necessária.
Talvez como haja um consenso universal de que todos tem o direito à vida, esta premissa nos impede de perguntar: A que tipo de vida todos temos direito?
Há quem se sinta feliz vivendo sob ou em qualquer circunstância. Há os mais exigentes que lutam por direitos. Úteis e necessárias, estas pessoas. Ainda que suas lutas não sejam coletivas, uma vez alcançados os objetivos, outros se beneficiam com a conquista, tornando-se exemplos de tenacidade e determinação. E há os eternos insatisfeitos. Por mais que tenham, acham que a vida ainda lhes deve alguma “coisa”.
Não pretendo, aqui, limitar as aspirações alheias ou determinar escala de valores para a felicidade, mas há que haver um equilíbrio nos desejos e conceitos dos quereres e daquilo que nos obrigamos ou somos obrigados a desistir.
Todas as pessoas querem a vida, “sempre desejada, por mais que esteja errada”, mas há que se respeitar e valorizar tanto os que lutam por uma vida melhor, quanto os que desistem de alguns aspectos dela para, quem sabe, conferir-lhe mais sentidos.
Alice Rossini
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Camisa 12
Esta semana a torcida do Esporte Clube Bahia, merecidamente, recebeu o prêmio de Torcida Ouro, pelo estímulo e apoio que, de forma apaixonada e incondicional, manteve viva a motivação do time para ascender à primeira divisão do futebol brasileiro.
“Camisa 12” é uma forma usada para denominar torcidas, que participam e são coadjuvantes de vitórias de times que entram em campo com desejos e necessidades de performances, que os levem a resultados necessários. Entretanto, só conseguem absorver o estímulo das arquibancadas quando estas intencionalidades dialogam entre si, gerando assim "a motivação" dos que correm no campo. Claro que outros fatores objetivos são determinantes. Competência e condições materiais destacam-se.
Assim acontece na vida. A maioria de nós tem um “camisa 12” que, de milhares de formas, silenciosas, explícitas, materiais ou imperceptíveis está na arquibancada da nossa existência torcendo, sofrendo e sorrindo por nossas vitórias e nossos infortúnios.
Como as torcidas de times, a do Bahia em particular, o “camisa 12” da vida de cada um de nós, nada pode fazer se não estivermos gestando algum sonho que nos motive a torná-lo realidade.
Como sofrem os que vestem a “tal” camisa! Percorrem e experimentam todos os tipos de emoções. Da impotência limitada a apenas assistir o jogo, às tentativas vãs de passar para o outro experiências já vividas. Não poder chutar o “pênalti” decisivo nem prever aquela jogada impregnada de um perigo potencial que sufoca o grito na garganta ou o privilégio da visão ampla e global do “jogo”, tornando sua atuação, em alguns casos, pouco eficazes, mas nunca desnecessárias.
Sabermos que em nossa arquibancada tem pelo menos um “camisa 12” nos vincula à vida e por ela lutamos. Esta consciência nos impulsiona a atingir objetivos e fazer deles um degrau para que outros sonhos tornem-se críveis e necessários, já que somos seres incompletos, inconclusos e inacabados.
ALICE ROSSINI
“Camisa 12” é uma forma usada para denominar torcidas, que participam e são coadjuvantes de vitórias de times que entram em campo com desejos e necessidades de performances, que os levem a resultados necessários. Entretanto, só conseguem absorver o estímulo das arquibancadas quando estas intencionalidades dialogam entre si, gerando assim "a motivação" dos que correm no campo. Claro que outros fatores objetivos são determinantes. Competência e condições materiais destacam-se.
Assim acontece na vida. A maioria de nós tem um “camisa 12” que, de milhares de formas, silenciosas, explícitas, materiais ou imperceptíveis está na arquibancada da nossa existência torcendo, sofrendo e sorrindo por nossas vitórias e nossos infortúnios.
Como as torcidas de times, a do Bahia em particular, o “camisa 12” da vida de cada um de nós, nada pode fazer se não estivermos gestando algum sonho que nos motive a torná-lo realidade.
Como sofrem os que vestem a “tal” camisa! Percorrem e experimentam todos os tipos de emoções. Da impotência limitada a apenas assistir o jogo, às tentativas vãs de passar para o outro experiências já vividas. Não poder chutar o “pênalti” decisivo nem prever aquela jogada impregnada de um perigo potencial que sufoca o grito na garganta ou o privilégio da visão ampla e global do “jogo”, tornando sua atuação, em alguns casos, pouco eficazes, mas nunca desnecessárias.
Sabermos que em nossa arquibancada tem pelo menos um “camisa 12” nos vincula à vida e por ela lutamos. Esta consciência nos impulsiona a atingir objetivos e fazer deles um degrau para que outros sonhos tornem-se críveis e necessários, já que somos seres incompletos, inconclusos e inacabados.
ALICE ROSSINI
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