sábado, 15 de setembro de 2012

EDITORIAL

O espaço principal deste Blog está reservado, prioritariamente, a textos em prosa. Entretanto, algumas excessões são feitas em nome da beleza e da originalidade deles. Rafael Neves é nosso colaborador. Abriu mão dos seus afazeres, que não são poucos, para tão pouca idade - 18 anos - e nos presenteia com dois poemas, que, como sempre, guardam a marca da modernidade e do seu enorme talento.



"Plim, plim
Ela entra na minha casa
Ele nem bate na porta
Ela escolhe a marca do meu colchão
Ele diz a cor da geladeira
Ela me veste como bem entende
Ele faz sem lavar as mãos
Ela diz que nela eu posso
Ele tinge o corpo de vermelho
Ela tem o brilho que eu quiser
Ele o volume que eu escolher
Ela preenche a urna para mim
Ele põe lágrimas nos olhos meus

Mas não lhes dou a minha resposta,
estufo a barriga na poltrona
Ambos veem na mesma caixa de papelão
À vista ou eternas vezes sem juros
Ela e Ele
Ele e Ela
Mas Eles
Por que Ele é homem
Boa noite"

"Do tamanho do azul
tartaruguinha
quebra casca
tartaruguinha
respira do ar
tartaruguinha
conhece a luz

Quanto tempo ainda falta
tartaruguinha
quanto ainda lhe resta
Faz do ainda já
E caminha agarrada vida
ao grande azul
que nunca nunca
será maior que ti

tartaruguinha
nada nada tudo
tartarguinha
vai de cima abaixo por cima
Tartaruguinha
a vida te espera"

6 comentários:

Alice Rossini disse...

Rafa,

Voce cada dia nos surpreende. Não bastando seu talento em falar do cotidiano em forma de prosa, usa da mesma criatividade e vocação de fugir do senso comum e fazer poesia.

Independente do que a vida lhe reserva, este talento é seu e a tendência é melhorar.Cultive-o

Obrigada, seus texto prestigiam este Blog

AMANDA disse...

Oi Rafael, voltou! Este Blog estava muito parado e nos, seus leitores, ficamos "na mão"(risos)
Seu poema Plim plim, é uma critica bem humorada ao poder que a televisão exerce sobre nossos hábitos.
Esta visão critica é a verdadeira e aceitável censura. Existem, para os jovens de hoje, muitas opções de lazer, que podem ser, simplesmente, conversar com um amigo ou ajudar as pessoas. A opção é sua como é sua a de mudar o canal da televisão ou assistí-la sem se deixar invadir
Parabéns, adorei os dois poemas.

Pancho Gomes disse...

O primeiro poema é muito bom.

Penha disse...

Como tudo na vida tem dois lados, a televisão tanto informa como deforma. O importante é que governos priorizem a educação, os pais estimulem assistir todos os canais para que um não tenha supremacia sobre o outro e, nós mesmos, independente da idade, provemos que não somos robôs, parafraseando a frase que antecede a senha de postagem dos comentários
Rafael mostra, em forma de poema, que está imune à massificação. Parabéns

Gloria Mattos disse...

GOSTARIA DE PARABENIZAR RAFA,COMO SABE FOU UMA FÃ DELE. GOSTO DOS POEMAS DELE NAO SO PORQUE SAO MARAVILHOSOS COMO ME FAZ LEMBRAR ALGUEM QUE TINHA O MESMO ESTILO

Sonia disse...


Rafael,

Já li muitos comentários contra e a favor da televisão. Mas poucos foram rão inteligentes, tão bem humorados, e tão equilibradamente críticos como o seu.

Parabéns