terça-feira, 16 de março de 2010

IGUALDADE EQUITATIVA!

Sandra Bullock ganhou o Oscar de melhor atriz pelo seu papel no filme “The Blind Side”. Longe vão os dias em que a Academia, ou melhor, os elitistas que decidiam quem ganhava eram, na sua maioria, políticos republicanos com interesses financeiros nas produtoras e guardiões dos “bons” e capitalistas costumes da sociedade americana.

O filme é um drama de água com açúcar, como diriam os puristas. Narra a saga de uma mulher sulista, casada, mãe, loura, ariana, de classe média alta, que decide adotar um garoto negro, fisicamente desenvolvido para a sua idade e proveniente da classe mais baixa e, socialmente conturbada, da população. Não me cabe comentar a qualidade cinematográfica do trabalho em questão, mas só é cego quem não quer ver! O filme dá uma pancada certeira na sociedade americana conservadora nos campos do racismo e do “sexismo”. Não deixem de assistir.

Mas, por que é que eu inicio este texto falando de Sandra? Não porque ela seja a minha atriz favorita, mas sim porque ela é a atriz que, sem fazer alarde, mais luta em seu meio, pelo fim de ambos os preconceitos. A sua voz se levanta em prol da igualdade de salários e funções entre homens e mulheres e eu, aproveito para tentar ser eco dessa luta.

Quando uma mulher se gradua e começa a procurar emprego ela, eventualmente, enfrenta uma experiência frustrante e devastadora. Assim que começa a entrevista de recrutamento, muito provavelmente a primeira pergunta que escutará será: “Voce sabe datilografar?” Uma predisposição ao preconceito repousa silenciosamente por traz desta “inocente” pergunta. Por que é que a nossa sociedade aceita, passivamente, que qualquer mulher possa ser secretária, recepcionista, professora, mas, descarta a possibilidade, a priori, que ela seja forte candidata a gerente corporativa, administradora, Ministra, presidente de conselho, etc?

As que chegaram lá tiveram que provar, continuamente, sua destreza nesses assuntos para poderem ser aceitas como tal. E, mesmo assim, às vezes já consagradas, são vistas com desconfiança. A hipótese tácita é que as mulheres são diferentes. Ao contrário dos homens, elas não nascem com habilidades executivas, poder de liderança, mentes ordenadas e metódicas e estabilidade emocional, enfim, elas são excessivamente emotivas!

Desde o início da história da humanidade até recentemente, duelamos com discriminações de todo o tipo, e todas com base nos mesmos preceitos. “Eles” são diferentes e, obviamente, inferiores! O escravo das plantações e o criado do mandarim, a cor de pele diferente, o que tem olhos puxados, o “este” ou “aquele” de língua, credo ou costumes diferentes são, obviamente, objeto de preconceito.

Mas, as mulheres negras são mais vítimas desse preconceito, não por serem negras, mas por serem mulheres. O preconceito racial hoje e inaceitável, embora, passarão décadas antes que seja eliminado e esquecido. Está diminuindo porque a elite do poder finalmente admitiu que ele existe.

A porcentagem de mulheres no Brasil é significantemente maior que a de homens. No entanto, as mesmas nem chegam a ocupar míseros 2% das posições gerenciais ou cargos políticos e da Administração Pública. Quantas senadoras temos? Quantas deputadas federais? Ministras?

A nossa sociedade necessita, urgentemente, de leis suficientemente claras para estimular o processo de evolução, convencendo a maioria isensível à re-examinar suas atitudes inconscientes. As leis que “protegem” a mulher em nossa Constituição e as complementares argumentam que a mulher necessita de mais proteção do que o homem. Não há necessidade de leis que beneficiem as mulheres por sua condição física nem debilidades orgânicas.

Nos dias de hoje, enquanto a sociedade tenta curar a si mesma, que um sexo necessite de mais proteção que outro, é um mito supressor, chauvinista, ridículo e indigno de respeito. As mulheres não necessitam de proteção que os homens não necessitem.

O que se faz imperativo e urgente em nossa sociedade são leis que protejam quem trabalha, quem produz e quem cria, para garantir compensações justas, seguro médico e social de qualidade. Para garantir assistência em casos de doenças e/ou demissões injustificáveis, condições de trabalho seguras e previsões para aposentadorias dignas e confortáveis.

Mulheres e Homens necessitam de tudo isto de forma IGUAL.

FERNANDO TROVADOR

7 comentários:

Anônimo disse...

E Sandra Bullock, às vezes tão maltratada pela crítica norte-americana, é, além de tudo, uma mulher linda! Homens, agora que ela ganhou um merecido Oscar e calou a boca de muitos detratores, vamos fundar o Fã Club da La Bullock!Tenho dito.

Anônimo disse...

Esqueci de assinar a nota acima.
Sérgio Gomes

Luiz Augusto Vaz disse...

Estou com o nosso amigo quando diz que Mulheres e Homens são iguais nos direitos e vem se tornando regra mulheres suplantarem os Homens na condução de varios seguimentos da sociedade.

Acharia lindo e oportuno
um movimento das mulheres no sentido de barrar as antas que se projetam na sociedade sem um mínimo merecimento.Citaria nossa candidata a Presidente(Guerrilheira,assaltante de banco,com péssima formação intelectual etc).Nossa primeira dama( muda,incompetente,não chegada ao trabalho,gastadeira do dinheiro público,parasita etc)

Em tempo:para igualdade de direitos,vamos incluir o responsável pela projeção das antas acima(Lulinha Paz e Amor)

Um beijão

Tio Luiz

Vitória Régia disse...

É isso aí, Fernando, não queremos protecionismo! Esta prerrogativa é para os fracos. Nós só queremos que a Constituição seja cumprida, que todos sejam iguais perante a LEI.
O que diferencia nosso gênero, que a lei nos permite, licença maternidade, etc, etc, não é favor nem concessão. É o Estado garantindo a sobrevivência dos seus cidadãos.

Otimo texto. Voce é um bom aliado!

Penha Castro disse...

Fernando, depois "daquele" texto em que analisa as crises masculinas, voce se "regenerou"(risos.

Agora lhe vejo como aliado, e defensor das causas femininas que, na verdade, são causas humanas. Porque se, de um lado, somos oprimidas, nossos opressores também o são.

A sociedade é que está doente e precisando de outros parâmetros de convivência.

Mas, para ficarmos so nas mulheres, seu texto está otimo e bastante oportuno.

Parabéns!

Fernando Trovador disse...

Penha

Não se trata de 8 ou 80. Sou, não só aliado da luta femenina, como ferrenho defensor de uma aceitação mais ampla da posição que Elas, por direito, devem ocupar na sociedade.
Mas, isso não significa que eu não defenda os meus direitos e desejos como Homem. Aliás, eu defendo as mulheres, não o feminismo exarcebado que prega o fim do Homem como macho, e considera toda a relação heterosexual mesmo quando consentida, uma violação abominável.

Em materia de direitos e obrigações, ando de um lado e de outro em porções iguaizinhas!
Abraço

Aparecidda Matos disse...

Muito bom seu texto FERNANDO. estávamos precisando de alguem que analisasse os "favores" e "protecionismos" com os quais nos presenteiam, de forma mais justa.

Parabens!