“Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incômodo no caminho da multidão”
Este é um pequeno trecho do livro “O Estorvo” escrito por Chico Buarque. Este título sempre me incomodou. A condição de ser um estorvo é indigna e humilhante. Estúpida e covardemente nunca o li.
Tlavez porque às vezes me sinto um estorvo de mim mesma. A sensação de que eu própria me atrapalho. Uma pedra no meu caminho quando minha humanidade, impregnada de vicios, covardias, impulsos e fraquezas transborda por todos os cantos e recantos do meu existir. Vez por outra a sensação é de que estou à deriva, perdida no oceano de mim mesma e emitir o sinal "SOS" atrapalharia o salvamento de criaturas mais necessarias.
Poderia ter lido "O Estorvo" numa viagem porque não consigo dormir em avões. Ouço, quieta, os ruídos oriundos da aeronave, os emitidos pelas pessoas mais próximas ou compro um livro e o devoro até que desembarque no meu destino.
Numa destas circunstâncias tive o desprazer de ouvir uma violenta discussão entre um casal, ainda jovem. A princípio normal. Todo casal briga. Até que ouvi a frase “você é um estorvo”.
Como eu, ela ficou petrificada. Apenas o corredor estreito nos separava e pareceu-me que a palavra nos atingia com a mesma intensidade. Estávamos tão próximas que me senti obrigada a dividir com aquela mulher o impacto da agressão. Comecei a divagar. Meus devaneios misturavam minha assumida aversão à presunção das sensações dolorosas que a criatura ao meu lado poderia estar experimentando.
Estorvo é ponto final. É veredicto. Depois de ouví-la sem estar devidamente preparada, o que contra argumentar? Crendo na condição, sair andando sem olhar para trás poderia levá-la ao enfrentamento com uma realidade já sabida e tão cruel, que as nuvens emolduradas pelas janelas da aeronave apontavam uma solução. Não crendo, ainda que saísse correndo sem olhar para trás o veredicto já transformava em fragmentos o que poderia ter restado daquela pessoa. No vértice da encruzilhada, entre um caminho e outro, "o estorvo" se reserva o direito de continuar sem escolha.
Pelo menos na minha cabeça onde se misturavam fantasias e realidades, aquela mulher um dia encantou aquele homem. Um dia não foi estorvo, foi solução. Um dia foi sonho, e o infinito cenário de tudo que acreditavam possível. Jamais imaginaram que entre eles se ergueriam paredes claustrofóbicas.
Questionei-me se existe um marco onde os relacionamentos começam a adoecer ou, simplesmente morrem de “morte matada” pela violência de uma palavra dita ou das que ficam presas nas gargantas e os sufocam. Perguntei-me quando, na convivência de um casal as possibilidades se inviabilizam. Em que momento o que era onírico transforma-se em realidades carregadas de armadilhas e nevoeiros que obstruem caminhos, escondem atalhos.
Cuidado! Palavras tem peso. Densidade emprestada pela história de cada um. E seu significado é acompanhado de conceitos que constroem ou acabam por destruir. O que apenas seria uma simples combinação de caracteres atua como um verdugo comandando uma guilhotina, com poder de pena capital.
Porque, assim como eu, distanciada emocionalmente do confronto sucumbi ao seu poder, a mulher considerada um estorvo pelo companheiro deve, ainda impactada, estar buscando forças para escalar a parede que lhe dê acesso ao que um dia representou.
“Porque nesses seis meses tudo que falamos antes virou barulho, fica difícil retomar a conversa” trecho do livro O ESTORVO de Chico Buarque.
ALICE ROSSINI
o cotidiano e suas contradições, descrito e compartilhado - Blog inaugurado em 18 de fevereiro de 2 009 - ANO VIII
domingo, 26 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
QUERO SER PIRATA!
Cansei! Já estou farto de fazer sempre a mesma coisa, de viver com a cabeça no futuro (leia vestibular), de me uniformizar para aprender a respeitar a variedade, de ser adestrado a escrever as respostas certas nas provas... Não me vejo mais nesta vida preta e branca, onde minha opinião é pré-moldada e onde a coisa mais perigosa que faço é, nos dias de prova sábado apenas, pegar um ônibus Lauro de Freitas.
Já me decidi, foi nessa sexta-feira pela manhã. Vou ser pirata!, não levo jeito pro mundo acadêmico mesmo. Pegarei um barco qualquer, juntarei alguns bons amigos e um grande sonho. Zarparemos o mais cedo possível, de preferência antes dos nossos pais acordarem e porem um fim no que eles chamam de “bagunça”. Ou talvez seja melhor assim, para lhes dizer que prefiro uma boa bagunça a este plano cartesiano que eles chamam de vida.
Vamos conhecer cada centímetro desse vasto mundo. Não precisarei de aulas de geografia para saber que a gente não cai quando ultrapassa o horizonte, não precisarei de nada disso para saber onde é a África, Oceania, Europa e por aí vai... Jogarei ao ar qualquer conhecimento sobre latitude e longitude, pois só o que me importa são as dimensões do meu sonho.
Caçaremos tesouros sem precisar de diploma, conquistaremos oceanos sem precisar de guerras, alcançaremos os confins do planeta sem a necessidade de uma aula em "Power Point". Não preciso de conhecimentos de física avançados para saber que eu caio se pular e que morro se cair. Não preciso de aulas de química para saber que o ouro é um metal, ele é precioso e é isto o que importa. Dane-se a aula de biologia, se eu ficar doente, tomo remédio, chupo uma laranja e acabou. De que me adianta saber o que é bioenergética? Se precisar de energia, é só comer.
Pro inferno com a matemática! Sei somar e subtrair, multiplicar e dividir, dá ou não dá para sobreviver no mar? Não enfrentarei expressões algébricas quando invadir o navio inimigo, não precisarei resolver sistemas para saber como duelar com meus adversários e não vai ser a raiz de delta que me safará de uma emboscada. Não preciso de aulas extras para saber que o “X” do mapa é a localização do tesouro e não o resultado de ax² + bx + c, sendo Δ = b² - 4ac.
Não vai ser necessário ler livros para desvendar os mistérios do mundo, a história de cada lugar estará lá, viva e pronta para ser tocada (e sem qualquer tipo de lousa eletrônica). Exploraremos cada mínimo detalhe do mundo sem precisar de aulas em 3D, mas somente olhos e mentes abertas. Construiremos nossa própria opinião, teremos acesso ao mundo sob a nossa visão e, a partir dela, formaremos nosso caráter.
Gramática? Se eu falar, você me entende, se você disser, eu entendo, é só disso que preciso. De que me serve saber que o que são paroxítonas, ditongos, crases e toda aquela besteira que chamam de norma culta? Os únicos sujeitos que me interessam somos eu e você, nosso predicado é a nossa jornada.
A literatura quem faz sou eu, narro minha viagem e você verá o que realmente é uma redação. Não serei um especialista na dissertação e uma lesma na ação, escrevo o que penso e que faço. Qual a razão de saber o que Platão e Aristóteles pensaram? A filosofia é fruto do que chamo de mundo, e não do que um dia chamaram.
Jogarei para o alto livros pesados, boletins, provas, lápis, borracha, caneta e qualquer outro artefato das trevas que me lembre sobre como era sentar-se numa cadeira de uma sala quadrada e ouvir, passo-a-passo, como responder a uma avaliação. Minha nota não será um número, mas sim um valor, e não vai ser um pedaço de papel que me dirá quanto vale, eu mesmo decidirei. Vou viver o conhecimento, sentirei o saber na pele e só assim estarei completo um dia. Adeus, vou ser pirata!
RAFAEL NEVES – Estudante 16 anos
Já me decidi, foi nessa sexta-feira pela manhã. Vou ser pirata!, não levo jeito pro mundo acadêmico mesmo. Pegarei um barco qualquer, juntarei alguns bons amigos e um grande sonho. Zarparemos o mais cedo possível, de preferência antes dos nossos pais acordarem e porem um fim no que eles chamam de “bagunça”. Ou talvez seja melhor assim, para lhes dizer que prefiro uma boa bagunça a este plano cartesiano que eles chamam de vida.
Vamos conhecer cada centímetro desse vasto mundo. Não precisarei de aulas de geografia para saber que a gente não cai quando ultrapassa o horizonte, não precisarei de nada disso para saber onde é a África, Oceania, Europa e por aí vai... Jogarei ao ar qualquer conhecimento sobre latitude e longitude, pois só o que me importa são as dimensões do meu sonho.
Caçaremos tesouros sem precisar de diploma, conquistaremos oceanos sem precisar de guerras, alcançaremos os confins do planeta sem a necessidade de uma aula em "Power Point". Não preciso de conhecimentos de física avançados para saber que eu caio se pular e que morro se cair. Não preciso de aulas de química para saber que o ouro é um metal, ele é precioso e é isto o que importa. Dane-se a aula de biologia, se eu ficar doente, tomo remédio, chupo uma laranja e acabou. De que me adianta saber o que é bioenergética? Se precisar de energia, é só comer.
Pro inferno com a matemática! Sei somar e subtrair, multiplicar e dividir, dá ou não dá para sobreviver no mar? Não enfrentarei expressões algébricas quando invadir o navio inimigo, não precisarei resolver sistemas para saber como duelar com meus adversários e não vai ser a raiz de delta que me safará de uma emboscada. Não preciso de aulas extras para saber que o “X” do mapa é a localização do tesouro e não o resultado de ax² + bx + c, sendo Δ = b² - 4ac.
Não vai ser necessário ler livros para desvendar os mistérios do mundo, a história de cada lugar estará lá, viva e pronta para ser tocada (e sem qualquer tipo de lousa eletrônica). Exploraremos cada mínimo detalhe do mundo sem precisar de aulas em 3D, mas somente olhos e mentes abertas. Construiremos nossa própria opinião, teremos acesso ao mundo sob a nossa visão e, a partir dela, formaremos nosso caráter.
Gramática? Se eu falar, você me entende, se você disser, eu entendo, é só disso que preciso. De que me serve saber que o que são paroxítonas, ditongos, crases e toda aquela besteira que chamam de norma culta? Os únicos sujeitos que me interessam somos eu e você, nosso predicado é a nossa jornada.
A literatura quem faz sou eu, narro minha viagem e você verá o que realmente é uma redação. Não serei um especialista na dissertação e uma lesma na ação, escrevo o que penso e que faço. Qual a razão de saber o que Platão e Aristóteles pensaram? A filosofia é fruto do que chamo de mundo, e não do que um dia chamaram.
Jogarei para o alto livros pesados, boletins, provas, lápis, borracha, caneta e qualquer outro artefato das trevas que me lembre sobre como era sentar-se numa cadeira de uma sala quadrada e ouvir, passo-a-passo, como responder a uma avaliação. Minha nota não será um número, mas sim um valor, e não vai ser um pedaço de papel que me dirá quanto vale, eu mesmo decidirei. Vou viver o conhecimento, sentirei o saber na pele e só assim estarei completo um dia. Adeus, vou ser pirata!
RAFAEL NEVES – Estudante 16 anos
domingo, 12 de setembro de 2010
DESABAFO
“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá “
Há vários dias não me sai da cabeça este trecho da música de Chico Buarque, versos que saúdo pela sabedoria e capacidade de representar, com precisão cirúrgica, a realidade. Embora este sentimento repouse sonolento em todas as pessoas, muitas vezes a roda das nossas vidas gira contrária ao esperado e nos deixa desnorteados e vulneráveis.
A chegada da maturidade nos trás, entre outras coisas, a certeza que passado e futuro são duas entidades nas quais não temos poder de interferir. Quanto ao passado, a única "borracha" que podemos usar para melhorar nossa leitura e sentimentos em relação a ele é a busca incessante pelo autoconhecimento e muita maturidade. O futuro não passa da nossa atração pela eternidade e uma vontade, quase infantil, que tudo aconteça como planejamos. Embora o presente seja um conceito abstrato e volátil, uma vez que sua duração, medida em centésimos de segundos, logo se transforma em passado. Portanto, é sobre o presente que vivemos todos os fatos das nossas existências, qualquer que seja a importância, profundidade, raridade, casualidade e as infinitas variáveis e circunstâncias que os determinam.
Durante nossos “agoras” possuímos poder, autonomia e capacidade de fazer escolhas, de exercer o livre arbítrio. E queiramos ou não exercemos este direito até quando dele abdicamos. Ainda que resolvamos que nada faremos ou escolheremos, estamos escolhendo não escolher.Paralelo a este poder existe o poder do outro, semelhante ao nosso em todos aspectos. E este poder, queiramos ou não, interfere em nossas vidas, muitas vezes, de forma determinante.
Assim como acontecem fatos esperados e planejados por muitos anos, entre um e outro, muitos acontecem sem que nenhuma mente, por mais criativa que seja, seja capaz de imaginar. Não estou preconizando que tudo seja previsível, até porque a vida seria entediante e os conflitos entre os seres humanos exacerbados. Aí reside a beleza e o desafio de Ser e Estar, a convivência com o imponderável, com o imprevisível.
Quando somos jovens, independente das sensações de leveza e coragem com que a juventude nos preenche, a “Impermanência”, este movimento contínuo que garante a dinâmica da vida, nos estimula e nos excita. Mas o passar do tempo que tanto nos fortalece quanto nos fragiliza, permite que este vai e vem de acontecimentos empreste a cada amanhecer um sentimento de impotência e uma desconfortável expectativa, pois, não são poucas as vezes que, apesar de nossos esforços a “roda da vida” gira ao contrário e, como sempre, sem aviso prévio.
Utilizando uma imagem metafórica, sinto que acentua-me a sensação de sermos uma folha que cai aleatória de uma árvore qualquer e a natureza se incumbe, com indiferença, de levar-nos onde se lhe aprouver, usando a velocidade, tanto de brisa tranquila quanto de um furioso tornado que definem nossos destinos. Esta sensação latente em todos os homens, de forma consciente ou elaborada por mecanismos que os defendem de medos, fobias e inseguranças, e em animais que lidam com estas circunstâncias utilizando a sabedoria dos seus instintos, vem sendo exacerbada pelos fatos, bons e ruins que, confesso, não estou sabendo como lidar com a valentia compatível com meu grau de esclarecimento e tudo que já vivi.
O que me redime é a plena consciência das minhas sensações e motivos não me faltam para que sentimentos desta natureza emerjam. Não estou louca nem sou totalmente imatura. Sou sensível e tanto as minhas angústias quanto as alheias me afetam, e muito!Também não me sinto só. Os consultórios psiquiátricos estão lotados de pessoas que, como eu, tiveram coragem e humildade para pedir ajuda.
Sinceramente, não creio que alguém, minimamente compassivo, consiga amanhecer, passar o dia atento e reencontrar-se no aconchego, muitas vezes invasivo e denunciador do próprio travesseiro, sem que a angústia o invada. Entretanto, existem os mais corajosos e seguros, ansiosos por saber se a roda da vida os levará para onde, inocentemente, planejaram.
À DERLY, QUE NÃO TEVE TEMPO DE REFLETIR.
ALICE ROSSINI
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá “
Há vários dias não me sai da cabeça este trecho da música de Chico Buarque, versos que saúdo pela sabedoria e capacidade de representar, com precisão cirúrgica, a realidade. Embora este sentimento repouse sonolento em todas as pessoas, muitas vezes a roda das nossas vidas gira contrária ao esperado e nos deixa desnorteados e vulneráveis.
A chegada da maturidade nos trás, entre outras coisas, a certeza que passado e futuro são duas entidades nas quais não temos poder de interferir. Quanto ao passado, a única "borracha" que podemos usar para melhorar nossa leitura e sentimentos em relação a ele é a busca incessante pelo autoconhecimento e muita maturidade. O futuro não passa da nossa atração pela eternidade e uma vontade, quase infantil, que tudo aconteça como planejamos. Embora o presente seja um conceito abstrato e volátil, uma vez que sua duração, medida em centésimos de segundos, logo se transforma em passado. Portanto, é sobre o presente que vivemos todos os fatos das nossas existências, qualquer que seja a importância, profundidade, raridade, casualidade e as infinitas variáveis e circunstâncias que os determinam.
Durante nossos “agoras” possuímos poder, autonomia e capacidade de fazer escolhas, de exercer o livre arbítrio. E queiramos ou não exercemos este direito até quando dele abdicamos. Ainda que resolvamos que nada faremos ou escolheremos, estamos escolhendo não escolher.Paralelo a este poder existe o poder do outro, semelhante ao nosso em todos aspectos. E este poder, queiramos ou não, interfere em nossas vidas, muitas vezes, de forma determinante.
Assim como acontecem fatos esperados e planejados por muitos anos, entre um e outro, muitos acontecem sem que nenhuma mente, por mais criativa que seja, seja capaz de imaginar. Não estou preconizando que tudo seja previsível, até porque a vida seria entediante e os conflitos entre os seres humanos exacerbados. Aí reside a beleza e o desafio de Ser e Estar, a convivência com o imponderável, com o imprevisível.
Quando somos jovens, independente das sensações de leveza e coragem com que a juventude nos preenche, a “Impermanência”, este movimento contínuo que garante a dinâmica da vida, nos estimula e nos excita. Mas o passar do tempo que tanto nos fortalece quanto nos fragiliza, permite que este vai e vem de acontecimentos empreste a cada amanhecer um sentimento de impotência e uma desconfortável expectativa, pois, não são poucas as vezes que, apesar de nossos esforços a “roda da vida” gira ao contrário e, como sempre, sem aviso prévio.
Utilizando uma imagem metafórica, sinto que acentua-me a sensação de sermos uma folha que cai aleatória de uma árvore qualquer e a natureza se incumbe, com indiferença, de levar-nos onde se lhe aprouver, usando a velocidade, tanto de brisa tranquila quanto de um furioso tornado que definem nossos destinos. Esta sensação latente em todos os homens, de forma consciente ou elaborada por mecanismos que os defendem de medos, fobias e inseguranças, e em animais que lidam com estas circunstâncias utilizando a sabedoria dos seus instintos, vem sendo exacerbada pelos fatos, bons e ruins que, confesso, não estou sabendo como lidar com a valentia compatível com meu grau de esclarecimento e tudo que já vivi.
O que me redime é a plena consciência das minhas sensações e motivos não me faltam para que sentimentos desta natureza emerjam. Não estou louca nem sou totalmente imatura. Sou sensível e tanto as minhas angústias quanto as alheias me afetam, e muito!Também não me sinto só. Os consultórios psiquiátricos estão lotados de pessoas que, como eu, tiveram coragem e humildade para pedir ajuda.
Sinceramente, não creio que alguém, minimamente compassivo, consiga amanhecer, passar o dia atento e reencontrar-se no aconchego, muitas vezes invasivo e denunciador do próprio travesseiro, sem que a angústia o invada. Entretanto, existem os mais corajosos e seguros, ansiosos por saber se a roda da vida os levará para onde, inocentemente, planejaram.
À DERLY, QUE NÃO TEVE TEMPO DE REFLETIR.
ALICE ROSSINI
domingo, 5 de setembro de 2010
A VIDA É UMA NOVELA
Mais além do papel ou do monitor, da técnica simples, das historias mais extravagantes ou dos best-sellers mais famosos, escrever e uma terapia curativa. Palavras escritas que definem ideias e sentimentos, ajudam-nos a tomar decisões, fortalecem a nossa consciência e a construção do destino que nós mesmos nos propomos a seguir. Para mim escrever é uma forma de me servir de um leque de opções que surgem a galope, provenientes das mais variadas fontes de ensinamento, de motivação e de espiritualidade para ajudar-me a enfrentar os grandes desafios da vida.Viver, no fim, é escrever a própria novela.
As crises representam oportunidades de crescimento e de adaptação. Muitos mestres escreveram as suas grandes obras depois de padecerem por longos períodos, que lhes serviram, finalmente, de fontes inesgotaveis de inspiração. Muitos textos, crônicas, livros e obras magistrais nascem, justamente, destes momentos da vida, no qual nos questionamos profundamente para tomarmos decisões dificeis. Em períodos de adversidade pelos quais todos passamos, escrever se torna um instrumento de superação e fortalecimento de nossas convicções e é, justamente aí, que a vida é análoga a uma novela.
Escrever é tambem a arte de criarmos novos mundos com as palavras. Inventar historias fantasiosas ou até mesmo realistas. Pode ser considerado um modo de vida ou, pelo menos, uma forma especial de relacionar-se com ela. Inclui diversas técnicas, conceitos e fórmulas que, mesmo que possam parecer exagerados, se aplicam perfeitamente à nossa vida e nos ajudam a enfrentar os nossos maiores desafios, sonhos ou desejos.
Somos linguagem. Expressamos as nossas experiências através dela. É através delas que fazemos a leitura do que vemos e sentimos no nosso microcosmo. Estou convicto que é assim que moldamos a nossa personalidade. Por este caminho posso até concluir que a minha vida assemelha-se a um romance no qual eu tenho o poder, embora não totalmente, de mudar o argumento, a trama, os cenarios e até mesmo os personagens. Os capítulos de hoje produzem efeitos no futuro e, da mesma maneira, o futuro que sonho configura o meu presente.
Considerar que a vida é como uma novela, incita-nos a pensar que podemos ser também os herois da nossa trama e conquistarmos os sonhos que temos desde muito jovens. Todos podemos passar de um estado de passividade e observação a outro estado de consciência no qual vamos lavrando o futuro desejado. Este conceito de consciência na mão do escritor vital, só se consegue interiorizando as consequências dos atos cotidianos e seu impacto na obra completa. Até quando não disponho de todos os elementos para influir na trama diaria posso, em muitas ocasiões, mudá-la e orientá-la para as metas que me proponho. Para isto é necessario observar o meu redor, observar-me e aplicar certas técnicas e artimanhas pessoais.
Escrever não é uma ciência exata e absoluta. Cada escritor ou candidato a tal tem seu proprio manual, seus costumes e manías, mesmo que esteja impossibilitado de ter o controle total sobre o mundo exterior. Por isto, insisto ser primordial que o estado de escritor vital passa, inevitavelmente, por aceitar-me, lutar sempre por meus sonhos e aprender com meus erros. A escrita vital supõe mudanças de paradigmas e uma mão cheia de positividade e de esforço para escrever os melhores capítulos de uma novela que depende de cada um de nós.
O mundo da literatura está cheio de casos e conceitos inspiradores que incitam a realização dos nossos sonhos. É óbvio que tudo pode melhorar e, usando as ferramentas de escritor que a vida nos dá, esta também pode aperfeiçoar-se no día a día para motivar-nos a escrever as linhas de uma novela única e memorável. Cada um de nós tem seu tempo e sua hora de fazê-la.
Na minha opinião já é hora de que Alice nos permita ler seu livro.
FERNANDO TROVADOR
As crises representam oportunidades de crescimento e de adaptação. Muitos mestres escreveram as suas grandes obras depois de padecerem por longos períodos, que lhes serviram, finalmente, de fontes inesgotaveis de inspiração. Muitos textos, crônicas, livros e obras magistrais nascem, justamente, destes momentos da vida, no qual nos questionamos profundamente para tomarmos decisões dificeis. Em períodos de adversidade pelos quais todos passamos, escrever se torna um instrumento de superação e fortalecimento de nossas convicções e é, justamente aí, que a vida é análoga a uma novela.
Escrever é tambem a arte de criarmos novos mundos com as palavras. Inventar historias fantasiosas ou até mesmo realistas. Pode ser considerado um modo de vida ou, pelo menos, uma forma especial de relacionar-se com ela. Inclui diversas técnicas, conceitos e fórmulas que, mesmo que possam parecer exagerados, se aplicam perfeitamente à nossa vida e nos ajudam a enfrentar os nossos maiores desafios, sonhos ou desejos.
Somos linguagem. Expressamos as nossas experiências através dela. É através delas que fazemos a leitura do que vemos e sentimos no nosso microcosmo. Estou convicto que é assim que moldamos a nossa personalidade. Por este caminho posso até concluir que a minha vida assemelha-se a um romance no qual eu tenho o poder, embora não totalmente, de mudar o argumento, a trama, os cenarios e até mesmo os personagens. Os capítulos de hoje produzem efeitos no futuro e, da mesma maneira, o futuro que sonho configura o meu presente.
Considerar que a vida é como uma novela, incita-nos a pensar que podemos ser também os herois da nossa trama e conquistarmos os sonhos que temos desde muito jovens. Todos podemos passar de um estado de passividade e observação a outro estado de consciência no qual vamos lavrando o futuro desejado. Este conceito de consciência na mão do escritor vital, só se consegue interiorizando as consequências dos atos cotidianos e seu impacto na obra completa. Até quando não disponho de todos os elementos para influir na trama diaria posso, em muitas ocasiões, mudá-la e orientá-la para as metas que me proponho. Para isto é necessario observar o meu redor, observar-me e aplicar certas técnicas e artimanhas pessoais.
Escrever não é uma ciência exata e absoluta. Cada escritor ou candidato a tal tem seu proprio manual, seus costumes e manías, mesmo que esteja impossibilitado de ter o controle total sobre o mundo exterior. Por isto, insisto ser primordial que o estado de escritor vital passa, inevitavelmente, por aceitar-me, lutar sempre por meus sonhos e aprender com meus erros. A escrita vital supõe mudanças de paradigmas e uma mão cheia de positividade e de esforço para escrever os melhores capítulos de uma novela que depende de cada um de nós.
O mundo da literatura está cheio de casos e conceitos inspiradores que incitam a realização dos nossos sonhos. É óbvio que tudo pode melhorar e, usando as ferramentas de escritor que a vida nos dá, esta também pode aperfeiçoar-se no día a día para motivar-nos a escrever as linhas de uma novela única e memorável. Cada um de nós tem seu tempo e sua hora de fazê-la.
Na minha opinião já é hora de que Alice nos permita ler seu livro.
FERNANDO TROVADOR
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