domingo, 4 de abril de 2010

DA DISCUSSÃO NASCE A LUZ


Vivemos em tempos em que as tensões entre muitos grupos crepitam entre os acontecimentos do nosso cotidiano. Crescemos condicionados a esta dinâmica, mas normalmente damos um jeitinho de driblar os choques. Sejam entre árabes e americanos, muçulmanos e cristãos, negros e brancos e tudo que se opõe.
De todas as maneiras, há um conflito muito mais silencioso em andamento e, embora sem armas de fogo, lâminas ou demandas judiciais, a tensão corre profunda, as reivindicações são muitas e não há lugar onde possamos nos esconder.

Mulheres e os homens do mundo inteiro estão confrontando-se num afã intenso de re-definir tanto divisão de trabalhos quanto os novos códigos que regulam o amor.
Embora esta “guerra” exista há séculos estão adquirindo novos significados nos tempos modernos. Os relacionamentos entre mulheres e homens estão passando por uma intensa redefinição. As regras para esta guerra histórica mudam, e a nossa cultura se desvia para um caminho de uma maior intimidade entre gêneros.

A tensão e o conflito entre mulheres e homens parece novidade nos dias de hoje mas, a história das relações entre eles tem sido marcada pela turbulência, ambivalência, resignação, indiferença e, amiúde, hostilidade. Embora os dois sexos tenham vocação natural de se juntarem fisicamente, a nossa relação intelectual, social e emocional, tem retratado muito mais um campo de batalha do que um lugar de encontros.

As atuais circunstâncias sociais e físicas contribuem para maiores níveis de stress, tensão e raiva em potencial, do que no passado não tão distante. Nunca antes as apostas foram tão altas porque as mulheres e os homens encaram este conflito sentindo-se iguais entre si. Este equilíbrio de recursos e poder gera maiores expectativas em ambos.

Ao longo da história documentada, mulheres e homens não se viam a si mesmos como amigos, muito menos como iguais. Simplesmente assumiram que eram dissimilares, até mesmo opostos, que o homem era superior. Criando assim uma situação que deixava os quesitos de confiança e compreensão difíceis de serem preenchidos. Hoje a situação é diferente do passado porque, pela primeira vez, pelo menos na História ocidental, as mulheres estão prestes a chegar à igualdade com os homens. Alguns dizem que as mulheres podem, e são mais agressivas e enérgicas hoje. A verdade é que continuam sujeitas a muito mais limitadas que os homens.

Não podemos deixar de admitir que mulheres e homens divirjam, essencialmente, pelas mesmas razões, aceitando razoavelmente que existam diferenças de tom quando a raiva é limitada ao contexto de gênero. Mesmo que mulheres e homens compartilhem as mesmas metas num relacionamento - compreensão, respeito e igualdade - é provável que cada sexo anexe significados diferentes a estes objetivos e use estratégias diferentes para os atingir. Com isto geram mal entendidos, frustrações e, muito provavelmente, raiva.

Entretanto, algumas mulheres que lutam pela igualdade emergente e o aumento de oportunidades, seguem afirmando-se como não feministas mas continuam querendo ser tratadas como mulher “à moda antiga”! Algumas aceitam as mudanças nestas dimensões, do jeito que ocorrem. Outras prefeririam um ritmo mais acelerado. É constante observar num grupo mais progressista, que tanto eles quanto elas tem preocupações com muitas coisas entre si e dos caminhos que a sociedade tende como um todo.
É também claro que muitos estão aprendendo lições de peso neste difícil caminho da igualdade. Estamos encontrando melhores caminhos para vivermos harmoniosamente com nossos pares, muitas vezes, mudando o que interpretamos como improdutivo e doentio na solução de confrontos ou expressando descontentamento.

Por mais que busquemos fórmulas milagrosas, talvez escondidas nas bainhas da Psicologia ou da Sociologia, a maioria consciente concorda, muito provavelmente, que são poucas as formas existentes e disponíveis para administrar conflitos e confrontos no sentido de melhorar a relação entre sexos.

Embora o nível cultural e as tradições determinem a forma como uns administram a raiva dos outros e a sua própria, independentemente da língua em que se expresse, o consenso parece ser Universal, altamente previsível e livre de expectativas.

Em caso de confronto, acalmem-se! Sentem-se e, racionalmente discutam o problema que os atormenta!

FERNANDO TROVADOR

9 comentários:

Alice Rossini disse...

Fernando, definitivamente voce resolveu abraçar a causa do entendimento.

Com a experiência de vida e a bagagem existencial que sei que possui, a vida só podia lhe levar por este caminho, para mim também, único.

A Psicologia prega que quando estamos com nossas questões pessoais resolvidas somos mais tolerantes e compreensivos com os equívocos alheios. E a psicanálise, mais que qualquer outro método, preconiza a fala, o discurso, a palavra como meio de cura e um caminho para uma possível lucidez.

Parabéns pela sua que alcançou vivendo a vida

Luiz Augusto Vaz disse...

O Artigo do Fernando sobre igualdade entre sexos,me trouxe uma reflexão que se não me assusta,me faz lembrar do meu pai que ainda nas demostrações acanhadas da década de 70 ,e ao ver homens já liberais demais, dizia:"Saia e sapato alto eu não uso".

Fernando chama à atenção para o grau de escolaridade e educação nas polênicas sobre o assunto.Hoje por exemplo,no interior de um supermercado e ao esperar em uma fila de lotérica,deparei-me com três jovens do sexo feminino,fardadas em uniformes do Exército enquanto ao meu lado,dois do sexo mascilino portavam
brincos.

Veja que dentro de pouco tempo poderemos ver "homens" com posturas muito mais comprometedora. Como o relacionamento entre sexos no Brasil está se degradando pelos dois fatores acima citados(escolaridade e educação),homem que é homem no Brasil é predador e mulher liberal e moderna.

Logo,estaremos chegando aos costumes da savana onde,o mais forte é o dono do rebanho .Acho que homens e mulheres são iguais .

Penha Castro disse...

Fernando,

Não só as mulheres como a humanidade beneficia-se com o diálogo, com o debate. As diferenças são saudáveis e necessárias. São elas que promovem os avanços.
Tudo na vida se opõe e na natureza esta oposição em vez de desagregar, completa-se.
Sua proposta do diálogo é mais que bem vinda num mundo onde a diversidade em vez de ser encarada como natural e bela é encarada como antagonismo e motivo para guerra e opressão.
Parabens por ser um pacifista num mundo tão belicoso e intolerante

Amanda disse...

Fernando, acho que muitos dos nossos problemas devemos a nós mesmos. Algumas arrefeceram a luta, outras, se dizem feministas mas agem de forma contraditória, outras, dentro do primeiro grupo acomodam-se no protecionismo, na acomodação e na resignação.

Poucas são as mulheres que questionam seus salários com quem tem poder de mudá-los, poucas são as mulheres que tem com as outras tolerância e generosidade, preferindo fazer coro com os homens.

Se temos força para tantas coisas, energia para criarmos filhos, por que não a canalizamos de forma mais eficaz e objetiva?

Valeu a força mas, mais que os homens, mulhres tem que modificar seus comportamentos.

LIA disse...

Muito bom seu texto. Fico feliz em saber que temos pessoas com mentalidade moderna e que ainda acredita que uma boa conversa consegue milagres.

Parabéns!

Marco Rossini disse...

fernando
de uma boa conversa ninguem escapa. salva-se vidas, une-se vidas, termina-se guerras desnecessarias e muitas vezes acaba-se com a paz nescessaria. Ainda tem o lado da mudança de valores, cultura, hábitos enfim:a conversa é a base de tudo.
ótimo texto.

Anônimo disse...

Este tema sempre será oportuno e acompanhará a humnidade enquanto ela existir. E a solução, por mais que nos acreditemos evoluidos, (isto só será verdadeiro) enquanto a saida para qualquer oposição for o diálogo

Aparecida Matos disse...

Fernando,
Será que chegará o dia em que superaremos o que chamamos de "diferenças" e vamos dialogar sobre as causas esenciais da vida? Espero que sim, pois ja que temos os mesmos direitos, isto está posto na LEI, acho uma involução ficarmos discutindo o que ja está assegurado.

Quanto as pequenas formas de discriminação que algumas de nós ainda sofrem são permitidas por nos mesmas.

Parabéns!

Vitória disse...

Muito bom texto. Por incrível que pareça,será sempre atual. No dia que homens e mulheres habituarem-se a discutir e falar com clareza sobre seus problemas, tenho certeza que esta postura se estenderá pela humanidade e a PAZ deixará de ser uma possibilidade para ser uma realidade.