Quando Freud se perguntou “o que querem as mulheres?” certamente não imaginou que esta pergunta seria emblemática e que nos perseguiria até hoje. Questionou-se sobre nossas idiossincrasias porque dedicou, a maior parte do seu tempo estudando-nos. Tivesse ele se dedicado, da mesma forma ao seu próprio gênero, certamente, faria igual questionamento.
É sabido que o mentor da Psicanálise pensou bem mais além. Tinha consciência que a angústia faz parte da condição humana. A vida por si só, com seus sentidos ocultos e seus imprevistos, contribui para isto. De lá pra cá, muita coisa mudou e hoje sabemos nomear nossas tragédias pessoais. As coletivas, nós mesmos as tornamos infindáveis e algumas irreversíveis.
Homens e mulheres lidam cada qual à sua maneira com as questões inerentes aos respectivos gêneros. Inclusive e principalmente as que advêm do fato de sermos diferentes.
Enquanto nós somos aparelhadas com as características da busca do autoconhecimento, de sermos reflexivas e resistentes às vicissitudes, na sua grande maioria os homens, por razões já sabidas negam-se a se reconhecerem frágeis, preferindo carrear sua energia e inteligência para outras áreas.
Mulheres, com seu instinto gregário, quando sofrem ou estão felizes agrupam-se e, sem pudores falam de si, expõem com naturalidade seus sentimentos, não importando a natureza. Homens quando se juntam não têm o costume de falarem de questões subjetivas e das dores que os angustiam. Preferem discutir desde o problema do aquecimento global à crise palestina. Procurar ajuda de suas companheiras, filhos e amigos íntimos nem é cogitado. Buscar ajuda profissional é passar “atestado de incompetência”.
O resultado deste distanciamento são ilhas de solidão e sofrimento provocados pelo acontecer natural da vida cujos rituais de passagem, todos os seres vivos atravessam independente do que os diferencie.
Sempre fui a favor da mistura. Contra a “apartheid” sexual. Não acho saudável. Só aprenderemos uns sobre os outros se nos juntarmos e nos permitirmos mergulhos profundos, sem pudores nem reservas.
Alguns dizem que a vida é simples e nós a complicamos. Verdade e equívoco.
Tanto homens quanto mulheres somos seres complexos, uns mais que outros, vivendo num mundo em alucinante transformação, cujas demandas teimamos em atender. Junte-se a tudo isto, as questões que fogem ao nosso controle, o fato de termos de lidar com perdas, as previstas e imprevistas, as lutas pelo poder, que queiramos ou não nos atingem e nossa intolerância em relação á nós mesmos.
É... Se quisermos sobreviver, já está passando da hora de transpor nossas diferenças e assumir o que temos em comum, na nossa maravilhosa e desconcertante humanidade
Mais uma vez, neste Blog, levanto a bandeira da solidariedade, da conciliação, da quebra de tabus e do entendimento entre os seres.
“O que será o amanhã? Será o que Deus quiser”. Terreiros sinalizam que Oxalá, o orixá dos orixás, o padroeiro da Paz, regerá este ano. Que entendamos as mensagens dos nossos próprios símbolos.
Ouçamos, também, o "recado" que o Universo nos mandou através de Vênus, planeta do amor e da criatividade.
ALICE ROSSINI
10 comentários:
Alice
Que lindo! Como eu te conheço um pouquinho, sei que esse voto teu é fruto da vida linda que voçe tem com o teu meio familiar e social. Tambem sei que voçe sabe que por aqui, assim partilhamos de tudo. Os homens na sua maioria, realmente tem uma necessidade inutil de esconder suas necessidades emocionais, seus erros e suas fraquezas. Eu ja deixei esses complexos no passado e não tenho vergonha de dizer por exemplo, que choro e me emociono com coisas bobas como canções e cenas do dia a dia ou nem tanto. Parece piegas para muitos mas é autentico. Tambem é autentico e necessário este teu convite, sem deixar de lado os elogios sobre a forma fluida e deliciosa como o escreves-te.
Começamos muito bem 2010. Continua assim escrevendo para o bem de todos nós seres Humanos. É difícil mas como diz o proverbio, “Agua mole em pedra dura tanto bate até que fura”
Que vivamos sempre frelizes e solidários, homens e Mulheres.
Fernando Trovador
Alice,
Este texto abriu o ano de 2010 de forma brilhante! Não só pela clareza e beleza das palavras com que o texto foi elaborado, mas antes de tudo pelo – tema, tão contextualizado... Tão atual... Tão necessário para refletirmos.
Verso e Reverso, hoje é uma leitura que nos faz crescer e que nos leva ao “autoconhecimento”.
Vamos celebrar 2010 com este texto!
Sabemos que a “apartheid de gênero” é cultural... E somos nós, que fazemos a cultura. Que possamos reescrever, redirecionar a nossa história!
Beijinhos,
Bel
PS: Amei a sua poesia. A LUA AZUL sempre nos inspira! LINDA!!!
COMO HOMEM VESTI A "CARAPUÇA" QUE ME CABE NESTE TEXTO.AINDA BEM QUE VOCE SABE AS RAZÕES. FOMOS CRIADOS PARA SERMOS SUPER-HOMENS. QUANTO AO SEU CONNVITE DE UMA NOVA FORMA DE CONVIVENCIA, CONFESSO QUE SOU CÉTICO. ACHO QUE NEM NOSSOS FILHOS ENTENDERÃO A IMPORTANCIA DO SEU CONVITE. SOMOS TODOS MUITO CHEIOS DE CONDICIONAMENTOS MACHISTAS PARA ENTENDERMOS O QUE QUIS DIZER. OU, QUEM SABE, O "BURRO" SOU EU(RISOS)
MAS. VOCE INAUGUROU 2010 COMO DIZ A IZABEL, EM SINTONIA COM O DESEJO DE TODOS.
PARABENS, CONTINUE ESCREVENDO, UM DIA VOCE SERÁ ENTENDIDA.
Querida, louvo e apóio sua intenção de uma convivência mais solidária entre homens e mulheres. O mundo seria melhor porque pessoas felizes sempre são generosas. Mas, infelizmente, este panorama não observaremos. Com algum esforço, nossos bisnetos.
Mas, enquanto existirem pessoas de boa vontade exite esperança de mudança.
Excelente texto mas, utópico. Ainda bem que tem gente que acredita em milagres. Continue assim.
Pois é, Alice.
Não acho que exista diferença nos sentimentos de homens e mulheres nem na forma de ver as questõs que a vida oferece. O que existe é a forma de resolver. De enfrentar. De focar as prioridades destas questões. Acho que a tendencia é a unificação cada vez maior desta forma de encarar as coisas. Não acho que o texto seja utópico. Acho que cada vez mais o ser humano vai usar a solidariedade como forma de vida. De relação de compensação da forma elétrica que vivemos.
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mário Quintana
Bjs,
Bel
Marcos:
Alem disso, do jeito que a Humaninade caminha para um futuro que se preve negro, so mesmo a Solidariedade trara balsamo para as feridas de todo o tipo que ja comecam a abrir-se
Fernando
Lindo texto! E não tem nada de utópico, é otimista. Desde quando fazer convite para viver melhor é utopia? Azar que quem não aceitar e viver nos velhos modelos, com as velhas neuroses que causam as mesmas queixas.
Alguem tem que começar. É como moda, depois que pega, ninguem mais sagura
Adorei!
Ja disseram de tudo. Falaram em utopia, falaram que era o unico caminho, uma coisa eu sei, este texto está excelente! É isso ou nada!
Parabens, voce começou o ano em alto estilo
Querida Alice,
Só os que ousam ser utópicos transformam.
Há muito pouco tempo nós mulheres não podíamos estudar, trabalhar, ter um negócio, dentre outras coisas, sem a permissão do pai ou do marido.
Mas um dia alguém teve a utopia de imaginar diferente e olha onde chegamos....
Parabéns por propor a união, a solidariedade, por querer e dizer que quer um mundo melhor!
beijocas,
Sandra
Postar um comentário