quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A ¨PRAGA BRANCA¨


Estou aqui sentada diante da tela do laptop sem que nenhum assunto me motive a escrever. Garanto-lhes que é uma sensação nada agradável. Incomoda e impõe certa urgência. Quando me propus a ter um blog não imaginava que poderia ter lapsos de criatividade.

Será que tudo que acontece no mundo não me impulsiona os dedos?! Terremotos, as chuvas alagando cidades e matando pessoas, casos de corrupção - está certo, não gosto de falar de política – mas isto não é política é Ética. O Carnaval se aproximando, as calotas polares derretendo-se, já constatada por um cientista da NASA. A China com rusgas com os Estados Unidos – também não é só política, eles, os chineses não podem impedir Obama de receber o Dalai Lama, que vai falar sobre liberdades e este assunto me interessa particularmente. Vejam quantos assuntos palpitantes! E eu aqui sem saber o que escrever.

Poderia falar de mim. Mas falar o que? Nada que vocês já não saibam, ou quase nada. O que penso em relação às mulheres e seus relacionamentos com os homens, não esgotei nem 1% das questões, imaginem o que ainda existe nos 99% restantes! Não dá, acabei de escrever um texto onde abordo a tragédia da violência. Falar dos preconceitos? Que os tenho, mas luto ferrenhamente contra eles, principalmente os que se referem à opção sexual, à raça e à religião? Tenho sinalizado esta intenção em algumas outras postagens.

Falar que acordo triste e só reconheço motivos para me sentir feliz, quando nada me preocupa, a partir das 11 horas da manhã? Que acho minha cama o melhor lugar do planeta - eu e a torcida do Flamengo? Que choro de saudade dos meus filhos, do que casou e, antecipadamente, pelo que está se formando e já participou que não pretende morar comigo? Quer ter sua casa, ser independente? Nem posso questionar a legitimidade do desejo!

Vejam que problemas mais sem graça e previsíveis. Diante do que vemos nas televisões, do que lemos nos jornais, do que testemunhamos nas ruas, os problemas imensos dos nossos amigos, as perdas irreparáveis que experimentei! Tenho até vergonha de tê-los listados.

Não, não tem nada que me motive a escrever uma linha sequer. Que crise, Santo Deus!

E quanto aos assuntos supracitados muitos já escreveram sobre eles e com mais competência. Não quero ser repetitiva nem óbvia. Tenho minhas vaidades, ora!

Eu gostaria de saber quando os grandes escritores são acometidos por esta “praga branca”, o que eles fazem o que sentem? Provavelmente nada. Sabem que é passageira e já tem um trabalho que já os qualificaram.

Certa vez ouvi Saramago dizer, numa entrevista, que independente de ter ou não vontade e inspiração para escrever, senta-se diante do seu computador e espera. É o que estou fazendo! Certamente Saramago senta-se cheio de esperanças e certezas que logo sairá da sua mente privilegiada alguma coisa que a humanidade jamais vai esquecer e quem sabe, lhe valerá um Nobel de Literatura, prêmio, que segundo ele, não o impressiona nem muda sua vida nem sua rotina.

Mas eu, o que faço? Ansiosa, sento diante do meu laptop e não tenho o pudor de ficar quieta, escutando minha mente ou minhas emoções, pois a ansiedade me impulsiona a falar que nada tenho a dizer.

Com certeza é isto que difere os escritores dos diletantes. Os artistas das pessoas comuns, Dos que escrevem com a divina pretensão de mudar o mundo para melhor, dos talentos incontidos que brotam através de seus dedos e fixam-se eternamente nas mentes dos privilegiados que os lêm. São diferentes dos que usam a habilidade de escrever como muleta, como se fossem os ouvidos de um terapêuta ou de um amigo muito paciente.

A uma conclusão, pelo menos, eu cheguei e quero dividir com vocês. Ainda tem muita estrada para que meus “escritos” fujam do meu BLOG, resvalem por caminhos mais perigosos, mais desafiadores, cruzem as fronteiras das minhas amizades e façam a diferença no mundo.

Por favor, não me chamem de pretensiosa, pois todo “blogueiro”- detesto este termo - tem pretensões a escritor.

p.s. Acabei de ler o texto para minha mãe e ela adorou...(risos)

ALICE ROSSINI

8 comentários:

Ricardo Farias disse...

FANTÁSTICO! VOCE É MUITO FIGURA E PROVOU NESTE TEXTO. IMAGINE SE TIVESSE O QUE FALAR! SEUS PENSAMENTOS SAO CHEIOS DE QUESTIONAMENTOS, SEUS MEDOS TEM FANTASMINHAS ALEGRES, INSEGUROS E MODESTOS. FIQUE TRANQUILA E TODA VEZ QUE A TAL DA "PRAGA BRANCA" LHE ATINGIR, SENTE E ESCREVA.

ME DIVERTI BASTANTE COM SUA "FALTA DE CRIATIVIDADE"

Aparecida Matos disse...

Que sorte lhe relê em plena crise de criatividae! Desista desta "pecha". Voce foi muito criativa neste texto. Nunca vi ninguem falar tanto para dizer que não tinha nada pra falar(risos).

Acontece e chegará o dia em que não pensará em nada que ache, vale a pena ser dito. Como voce disse, acontece com os grandes escritores.

Artista não é so aquele que vive da arte e a tem como profissão. Artista é aquela pessoa que não vive sem ela. Voce é uma delas.

Mais uma vez, parabéns!

Luiz Augusto Vaz disse...

Minha Querida Alice.

Concordo com os comentaristas que enriquecem seu artigo.Se voce se diz sem inspiração e produz um texto tão coerente,imagine quando ela chega? Vá em frente e teremos em breve uma escritora que será lida pelas idéias que passa e não porque alguém "ditafamosa",recomendou a leitura de sua obra. Como tem picareta escrevendo bobagens e vendendo como água.Falando então,diga-se de passagem um monte de bobagens e já é Presidente ou Ministro da pobre Nação,meu querido BRASIL.

Seu leitor e tio e leitor

Luiz

Vitória Régia disse...

Nunca vi ninguem falar sobre nada com tantas palavras e com tanto assunto. Voce, alem de uma boa escritora daria uma otima advogada! Fala, fala, diz que não está dizendo nada e ainda convence que falou (risos)

Parabens, me diverti um bocado!

Anônimo disse...

Imagine se tivesse assunto... Adorei, gostaria que minha cabeça, quando ficasse vazia, pensasse tanto.

IZABEL disse...

Alice,

Suas reflexões construíram um lindo texto! Permita-me usar uma metáfora – você foi colocando gotas “coloridas” na tela do seu note e estas gotas foram se transformando num belo Arco – Íris, com direito a um tesouro no seu final.

Que texto gostoso de ler... Li diversas vezes... E me emocionei em todas!

Bravo!! Bravo não... BRAVISSIMO!!!

Beijinhos,

Bel

PS: Verso e Reverso se tornou para mim uma leitura diária!

Fernando Rodrigues disse...

Siga assim, nem que seja sem inspiracao. Quando essa sensação te assaltar outra vez, escreva sobre isso de novo. Os beneficiados somos nos, seus amigos e leitores.

Beijinhos

Anônimo disse...

Amiga estou amando seu blog. Vá sempre em frente,pois os grande escritores tb.tiveram dias de rabiscos e que apos o sucesso esses se tornaram celebres.

Amiga estou curiosa para saber mais Kilma, acredito que conheço daqui de Salvador. Se não que Deus a proteja e que esteja a sorrir nas hostes celestiais. ANA MARIA/donana.freire@hotmail.com.