Caros amigos,
Tenho lido as mensagens que me repassam sobre fatos que envolvem Lula por atenção aos amigos , assim como as leio e ouço-as através da Imprensa, por respeito e gratidão ao fato de ainda tê-la livre. Há controvérsias...
Mensaleiros; “caixas 2”; escândalo, até hoje não esclarecido, de S. André; “propinodutos” ; ¨dinheiro em cueca¨e tantos outros que já nem lembro. Lula sempre diz que nada sabe e todos acreditam.
Caso ele soubesse, os mais letrados o justificam com pérolas tais como: “é assim que se faz política no Brasil”, “todo mundo rouba”, “o pragmatismo político assim o obriga”, “fazer alianças com quem antes rotulava de ladrão também é necessário para manter a governabilidade”, etc, etc.
Ele ter dito que faria DIFERENTE, não faz nenhuma diferença nas consciências e nos brios dos que votaram nele e ainda o apóiam. Preferem ferir princípios, que dizem ter, que reconhecerem, como qualquer pessoa sensata, que se decepcionaram e se enganaram. Ou foram enganados, como queiram. Eu não fui enganado.
Apagão! Os ministros do governo, que parece não ser de Lula, dizem que foi tudo resolvido e explicado: o problema foi causado por S. Pedro. Lula, que pouco fica por aqui, diz que “tem que haver uma explicação.” Com este “golpe de mestre” seu índice de popularidade sobe mais ainda. Até hoje, existem bairros inteiros no Rio de Janeiro sem luz! Mas, “o problema vai ser resolvido e explicado!” vocifera indignado, o Presidente.
Lula diz num Encontro Internacional de Literatura, realizado em Parati que, “quase dorme na mesa” que compôs na cerimônia de encerramento, “pois passou duas horas sem entender patavina”. Sua deselegância e ignorância ou passam despercebidas ou acham “engraçado e espontâneo” um Presidente de um país expressar-se desta maneira em relação à Literatura e ao “estimulo ao hábito da leitura”, uma das finalidades do Encontro. Se eu ou alguém o critica é rotulado de elitista.
Lula acoita na nossa embaixada em Honduras, um presidente que, no mínimo, cometeu uma ilegalidade contra a Constituição do seu país. Pousa de anfitrião humanitário. Um "imbroglio" até hoje não resolvido!
Coloca o Brasil, junto com seus amigos da Venezuela, Bolívia e Argentina, como únicos defensores, no mundo, do fortalecimento nuclear de um país governado por um louco que nega o Holocausto, numa verdadeira chicotada nas memórias sofridas de milhares de judeus que tiveram suas vidas destruídas. É criticado no mundo inteiro, claro! Provavelmente, a imprensa mundial também está começando a persegui-lo!
Se, para muitos de nós, a complexidade histórica e política do Oriente Médio são um labirinto e uma “cama de gato” que nem eles, até hoje, conseguem entender, Lula, que acha que “ler é chato”, com índices de mortalidade equivalentes à guerra do Iraque devido ao recrudescimento da violência, pensa que pode resolver e pacificar diferenças milenares.
Realmente, Ahmadinejahd é um excelente cabo eleitoral para o Brasil ocupar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU! Um honroso lugar para Lula esperar 2014.
A Folha de São Paulo publica uma denúncia na qual ele, quando preso, já que não conseguia ficar sem buceta, resolve seviciar um companheiro de luta e de cela. Tenham certeza, será considerado um macho dos culhões roxos, tal qual seu aliado e defensor, Collor, e ainda dirão que “nas prisões brasileiras esta prática é normal”
Portanto, meus amigos, nada consegue atingir a imagem de Lula. Ele habilmente desvinculou sua figura do Partido que o apóia, desvinculou seu nome do Governo que representa, assim como desvincula e nada sabe se alguma coisa dá errado.
Pousa lá fora de grande estadista, mediador dos problemas de outros países, distribui esmola aos pobres, deturpando programas que não são de sua autoria e, mais grave, desqualifica o Trabalho como valor assim como a produção de conhecimento, que só ocorre com leitura, estudo e pesquisa, requisitos necessários para o desenvolvimento de qualquer Nação. Enquanto isto a Educação no pais continua sofrível, as universidades sucateadas, a escola pública desacreditada, indices elevados de analfabetismo. Um país de ignorantes.
O povo, seja lá de que classe socio-econômica e cultural pertença, identifica-se com a “esperteza”, com o "cara" que nunca trabalhou, nunca estudou e deu certo. Hoje veste Armani e bebe vinhos de safras centenárias. Este traço está impregnado no inconsciente coletivo do brasileiro. Isto só se modifica com educação, e à longo prazo.
Como estudei e me formei, trabalho desde os 17 anos, já fui empregado, empresário, criei empregos, paguei FGTS, pago impostos, tenho carro, casa própria, não peco na concordância, viajo com meu próprio dinheiro e tenho plano de saúde particular, não tenho direito de manifestar minha opinião. Gente como eu não tem direito de criticar, de falar o que pensa porque pertence à ¨Zelite" e, se critica é rotulado de elitista. Enquanto a censura não vem, sou censurado por meus compatriotas.
Começo a desconfiar que Lula sabe falar corretamente, tem cultura, não rouba, só sodomizou uma cabra, quando adolescente, (dona Mariza que o diga) , sabe de todas as falcatruas, trabalha 12 horas por dia, quando viaja não faz turismo e nem manda assessores fazerem compras, que dona Mariza não gasta dinheiro público para repaginar-se, que Lulinha ficou milionário por competência e esforço próprio e que eu é que sou ignorante e maluco.
MARCO ROSSINI - empresário
o cotidiano e suas contradições, descrito e compartilhado - Blog inaugurado em 18 de fevereiro de 2 009 - ANO VIII
domingo, 29 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
RISO
Há momentos na vida que ficam marcados para sempre, como um jantar, um passeio, uma viagem... São momentos que ficam gravados em nossas lembranças, são momentos que queríamos, do fundo de nossa alma, reviver, são momentos que ficam eternizados em nossa existência. Muitas vezes, são bem rápidos, e deixam uma saudade imensa, tal como a primeira viagem de ônibus sozinho ou o primeiro beijo. Existem ainda, aqueles mais duradouros, como uma gincana especial ou um passeio com os amigos.
E, muitas vezes, apesar de serem divertidos e excitantes, ficamos um tanto abatidos quando terminam, ainda mais quando não existe possibilidade de revivê-los. Quantas vezes você já não pediu a Deus para voltar à época de criança e repetir uma aventura inesquecível com os amigos? Quantas vezes não quis voltar à uma apresentação em grupo que lhe marcou pelo resto da vida?
A tristeza de quando esse bons momentos terminam é singular, mesmo existindo outros momentos por vir, os que já passaram deixam em nós tanto as alegres recordações quanto a triste saudade.
Essa questão sempre me deixou angustiado, me revirava a noite pensando no que fazer diante dessa saudade, era um dilema terrível. Quanto mais me lembrava de como foram bons estes momentos, mais me recordava que não poderia vivê-los outra vez. E, diante de tudo isso, não encontrava nenhuma solução para esse problema.
Mas, quando vivi mais um momento inesquecível de minha vida, decidi que não iria mais ficar sentindo saudade, não sentiria tristeza nenhuma, apenas felicidade. E como fazer isso? Encontrei a resposta no mais simples dos recursos humanos, um reflexo involuntário da nossa espécie que temos desde de que somos bebês e se mantém até o último suspiro de nossas vidas, um ato automático e incontrolável de qualquer ser humano. O riso.
O riso é um calmante, um calmante que não trás nenhum efeito colateral e, ao mesmo tempo, é o que agita as nossas vidas sem trazer nenhum mal. Seja através de uma piada, de uma boa recordação, de um momento feliz... Foi então que me toquei, que em todos os momentos alegres de nossas vidas, não nos esquecemos de rir. E é exatamente a partir disto que encontrei a resposta que tanto procurava.
Sempre que me lembrar de um fato alucinante, de um momento marcante ou de um acontecimento excitante, vou dar gargalhadas. Seja com os amigos que compartilharam tal momento, seja sozinho olhando para um álbum de fotos antigas. Por que o riso nos diverte, nos faz feliz, mas não nos faz sentir saudades nem nos deixa tristes. É diferente de ficar se recordando de um momento e ficar abatido por sentir sua falta; rir é filtrar apenas as coisas boas de uma recordação e senti-la na pele.
Por isso, caros leitores, digo a vocês: “Riam, Riam até não agüentarem mais”
RAFAEL NEVES ( Kachec ) - estudante de 15 anos
E, muitas vezes, apesar de serem divertidos e excitantes, ficamos um tanto abatidos quando terminam, ainda mais quando não existe possibilidade de revivê-los. Quantas vezes você já não pediu a Deus para voltar à época de criança e repetir uma aventura inesquecível com os amigos? Quantas vezes não quis voltar à uma apresentação em grupo que lhe marcou pelo resto da vida?
A tristeza de quando esse bons momentos terminam é singular, mesmo existindo outros momentos por vir, os que já passaram deixam em nós tanto as alegres recordações quanto a triste saudade.
Essa questão sempre me deixou angustiado, me revirava a noite pensando no que fazer diante dessa saudade, era um dilema terrível. Quanto mais me lembrava de como foram bons estes momentos, mais me recordava que não poderia vivê-los outra vez. E, diante de tudo isso, não encontrava nenhuma solução para esse problema.
Mas, quando vivi mais um momento inesquecível de minha vida, decidi que não iria mais ficar sentindo saudade, não sentiria tristeza nenhuma, apenas felicidade. E como fazer isso? Encontrei a resposta no mais simples dos recursos humanos, um reflexo involuntário da nossa espécie que temos desde de que somos bebês e se mantém até o último suspiro de nossas vidas, um ato automático e incontrolável de qualquer ser humano. O riso.
O riso é um calmante, um calmante que não trás nenhum efeito colateral e, ao mesmo tempo, é o que agita as nossas vidas sem trazer nenhum mal. Seja através de uma piada, de uma boa recordação, de um momento feliz... Foi então que me toquei, que em todos os momentos alegres de nossas vidas, não nos esquecemos de rir. E é exatamente a partir disto que encontrei a resposta que tanto procurava.
Sempre que me lembrar de um fato alucinante, de um momento marcante ou de um acontecimento excitante, vou dar gargalhadas. Seja com os amigos que compartilharam tal momento, seja sozinho olhando para um álbum de fotos antigas. Por que o riso nos diverte, nos faz feliz, mas não nos faz sentir saudades nem nos deixa tristes. É diferente de ficar se recordando de um momento e ficar abatido por sentir sua falta; rir é filtrar apenas as coisas boas de uma recordação e senti-la na pele.
Por isso, caros leitores, digo a vocês: “Riam, Riam até não agüentarem mais”
RAFAEL NEVES ( Kachec ) - estudante de 15 anos
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
ESTE FENÔMENO, O AMOR
Acabei de ler a obra literária “O Banquete”, onde conheci mais algumas maravilhosas verdades sobre o Amor. Aquelas lindas palavras saboreadas no silêncio de meu quarto, ditas quase ao meu ouvido, não me lembro de tê-las lido anteriormente. Lia a Balada do Café Triste de Carson McCullers, cujo verdadeiro nome é Lila Carson Smith. Esta mulher, dona de uma sensibilidade refinada, desaparecida em 1968 aos cinquenta e um anos de idade, nos fala do amor desde o mais profundo e solitário cantinho do seu ser.
De repente me senti mais rico assimilando em minha mente que o Amor, é uma experiência compartilhada por duas pessoas, mas essa divisão, não é equitativa para ambas. Tanto o amante quanto o amado procedem de regiões distintas da vida. É possível que a pessoa amada constitua somente um estímulo para despertar todo o amor adormecido desde muito tempo no coração do amante.
E, de uma forma ou outra, todo o amante sabe. O amante sente em sua alma que seu amor é algo solitário e esta estranha sensação de solidão, esta certeza, o faz sofrer. Esse sentimento é tão vivo e tão claro, que o amante só pode fazer uma coisa; arroupar o seu amor! Ele tem que criar em seu interior um mundo particular completamente novo, intenso, diferente de seus outros mundinhos interiores, completo em si mesmo.
É bom salientar que nesse meu devaneio sobre esse sentimento que gere a vida, não vejo, necessariamente, a presença de um jovem que aguarda o momento para levar à sua noiva o anel de compromisso. Esse amante pode ser homem, mulher, criança, enfim, qualquer criatura humana.
A pessoa mais medíocre pode ser objeto de um amor turbulento, extravagante, lindo. Um homem bom, pode ser estímulo para um amor agressivo e degradado, e, um louco gago e maltrapilho, pode despertar na alma de alguém um carinho terno e sutil. Portanto, só o próprio amante determina o nivel qualitativo do amor que sente.
Assim, descubro finalmente porque é melhor amar que ser amado. Porque secretamente, a condição de ser amado é, para muitos, intolerável. O amante, continuamente, desnuda o amado; acossando-o, implorando a relação com o amado, inclusive se esta experiência só tenha potencial de causar dor.
Esses são os sentimentos de todos nós, uma vez que o nosso amado chega e se instala em nossos corações, em nosso mundo. Nem beleza nem adornos, nem bens nem males, nem sol nem chuva, nada importa a não ser a incomensurável força do fenômeno AMOR!
É muito bom amar!
FERNANDO TROVADOR
De repente me senti mais rico assimilando em minha mente que o Amor, é uma experiência compartilhada por duas pessoas, mas essa divisão, não é equitativa para ambas. Tanto o amante quanto o amado procedem de regiões distintas da vida. É possível que a pessoa amada constitua somente um estímulo para despertar todo o amor adormecido desde muito tempo no coração do amante.
E, de uma forma ou outra, todo o amante sabe. O amante sente em sua alma que seu amor é algo solitário e esta estranha sensação de solidão, esta certeza, o faz sofrer. Esse sentimento é tão vivo e tão claro, que o amante só pode fazer uma coisa; arroupar o seu amor! Ele tem que criar em seu interior um mundo particular completamente novo, intenso, diferente de seus outros mundinhos interiores, completo em si mesmo.
É bom salientar que nesse meu devaneio sobre esse sentimento que gere a vida, não vejo, necessariamente, a presença de um jovem que aguarda o momento para levar à sua noiva o anel de compromisso. Esse amante pode ser homem, mulher, criança, enfim, qualquer criatura humana.
A pessoa mais medíocre pode ser objeto de um amor turbulento, extravagante, lindo. Um homem bom, pode ser estímulo para um amor agressivo e degradado, e, um louco gago e maltrapilho, pode despertar na alma de alguém um carinho terno e sutil. Portanto, só o próprio amante determina o nivel qualitativo do amor que sente.
Assim, descubro finalmente porque é melhor amar que ser amado. Porque secretamente, a condição de ser amado é, para muitos, intolerável. O amante, continuamente, desnuda o amado; acossando-o, implorando a relação com o amado, inclusive se esta experiência só tenha potencial de causar dor.
Esses são os sentimentos de todos nós, uma vez que o nosso amado chega e se instala em nossos corações, em nosso mundo. Nem beleza nem adornos, nem bens nem males, nem sol nem chuva, nada importa a não ser a incomensurável força do fenômeno AMOR!
É muito bom amar!
FERNANDO TROVADOR
domingo, 15 de novembro de 2009
O JALECO BRANCO
Definitivamente, as medidas com que contamos o tempo impactam cada pessoa de forma diferenciada. Vejam! Já é Natal! Como este ano viajei muito, para mim passou depressa demais.
Mas a óbvia constatação que motiva este texto deve-se a um fato muito pessoal e de uma percepção mais pessoal ainda. Foi tão marcante que atravessou meus poros e encontrou guarida neste teclado, hoje, cúmplice silencioso, mas indiscreto dos meus sentimentos.
Há seis anos, entrei numa loja de uniformes para comprar o primeiro jaleco do meu filho. São eles, os filhos, nossas mais eficazes medidas para avaliar a passagem do tempo. Eu estava tão feliz que a luz, que eu devia emanar, chamou a atenção da vendedora. Comprei o jaleco que me pareceu mais próximo da beleza e da importância daquele evento. Coisas de mãe, afinal todos os jalecos são iguais.
Mas o tempo passa e com a velocidade que nossa emoção determina.
Permitam-me uma conta: 365 x 6 são 2190. Portanto, serão 2190 dias, com todas as suas horas, minutos, segundos, eventos bons de serem lembrados, os que teimo em esquecer, os que todos os relógios do mundo, compassadamente, não farão nenhuma concessão e nenhum calendário mudará suas páginas, antes que os trinta dias aconteçam.
Indiferente à dimensão que emprestei à minha espera, estamos hoje, meu filho e eu, quase 2190 dias depois daquela primeira compra, juntos, para a última compra do seu primeiro jaleco de médico. Desta vez não mais com o nome do curso sob o seu, mas com o título na frente. Sinto, então, que a vida é um ciclo e que as duas extremidades, inexoravelmente, encontrar-se-ão para que um ciclo se complete e outro recomece.
Neste novo ciclo, em que meu filho vai protagonizar, enormes desafios se interporão entre ele e seu objetivo - a cura. O sistema perverso de desigualdade em que vivemos que exigirá que seus princípios não se contaminem. A avassaladora produção de conhecimento que terá que absorver para que seja, cada dia, mais útil àqueles que o procurarão. O cansaço, as noites mal dormidas, os problemas pessoais que deverão ser menos importantes que a dor alheia, enfim, o primeiro jaleco é o recomeço de uma nova vida com um novo compromisso que espero, ele honre com a dignidade que o mundo espera dele.
Agora, com minha missão quase cumprida, abro as portas do meu coração para que meu último pássaro voe.
Além de dividir os fragmentos da minha emoção, porque ela inteira não cabe em palavras, quero concluir, impregnada pela felicidade que me invade, que tudo que fazemos na vida, por nós, por quem amamos, e até, por quem nem conhecemos, retorna de alguma forma, com vários sabores: o adocicado das vitórias, o amargo dos arrependimentos, o insosso das desistências, o agridoce das renúncias necessárias, os apimentados das ousadias.
Que tenhamos a gula de saborear todos os gostos e, se tivermos muita fome, lamber os beiços.
ALICE ROSSINI
Mas a óbvia constatação que motiva este texto deve-se a um fato muito pessoal e de uma percepção mais pessoal ainda. Foi tão marcante que atravessou meus poros e encontrou guarida neste teclado, hoje, cúmplice silencioso, mas indiscreto dos meus sentimentos.
Há seis anos, entrei numa loja de uniformes para comprar o primeiro jaleco do meu filho. São eles, os filhos, nossas mais eficazes medidas para avaliar a passagem do tempo. Eu estava tão feliz que a luz, que eu devia emanar, chamou a atenção da vendedora. Comprei o jaleco que me pareceu mais próximo da beleza e da importância daquele evento. Coisas de mãe, afinal todos os jalecos são iguais.
Mas o tempo passa e com a velocidade que nossa emoção determina.
Permitam-me uma conta: 365 x 6 são 2190. Portanto, serão 2190 dias, com todas as suas horas, minutos, segundos, eventos bons de serem lembrados, os que teimo em esquecer, os que todos os relógios do mundo, compassadamente, não farão nenhuma concessão e nenhum calendário mudará suas páginas, antes que os trinta dias aconteçam.
Indiferente à dimensão que emprestei à minha espera, estamos hoje, meu filho e eu, quase 2190 dias depois daquela primeira compra, juntos, para a última compra do seu primeiro jaleco de médico. Desta vez não mais com o nome do curso sob o seu, mas com o título na frente. Sinto, então, que a vida é um ciclo e que as duas extremidades, inexoravelmente, encontrar-se-ão para que um ciclo se complete e outro recomece.
Neste novo ciclo, em que meu filho vai protagonizar, enormes desafios se interporão entre ele e seu objetivo - a cura. O sistema perverso de desigualdade em que vivemos que exigirá que seus princípios não se contaminem. A avassaladora produção de conhecimento que terá que absorver para que seja, cada dia, mais útil àqueles que o procurarão. O cansaço, as noites mal dormidas, os problemas pessoais que deverão ser menos importantes que a dor alheia, enfim, o primeiro jaleco é o recomeço de uma nova vida com um novo compromisso que espero, ele honre com a dignidade que o mundo espera dele.
Agora, com minha missão quase cumprida, abro as portas do meu coração para que meu último pássaro voe.
Além de dividir os fragmentos da minha emoção, porque ela inteira não cabe em palavras, quero concluir, impregnada pela felicidade que me invade, que tudo que fazemos na vida, por nós, por quem amamos, e até, por quem nem conhecemos, retorna de alguma forma, com vários sabores: o adocicado das vitórias, o amargo dos arrependimentos, o insosso das desistências, o agridoce das renúncias necessárias, os apimentados das ousadias.
Que tenhamos a gula de saborear todos os gostos e, se tivermos muita fome, lamber os beiços.
ALICE ROSSINI
domingo, 8 de novembro de 2009
DERRUBANDO MUROS
Nove de novembro de 1989. O mundo assiste a uma multidão enfurecida derrubar um dos monumentos mais vergonhosos da história da humanidade - o Muro de Berlim. Uma cruel parede de concreto, arame farpado e outros “aparatos” mortais que, mais que separar estados com regimes divergentes, dividiram famílias, distanciaram amigos, separaram amantes. Seres humanos que perderam o direito de se verem para concordarem, para divergirem, para produzirem arte, conhecimento, alimentarem dúvidas, responderem perguntas. Pouco importa. A ninguém é dado tirar de nenhum ser o direito de interagir com seus semelhantes. Apenas os sociopatas, depois que a justiça lhes seja aplicada.
Mas a história tem uma força que é maior que qualquer idéia que a deturpe. Porque quem faz a história são os homens. E homens, sejam de que origem for, têm fome de liberdade.
Este muro, o de Berlim, para ser derrubado, vários fatores e circunstâncias históricas determinantes foram acontecendo ao longo de um período conflituado.
Sabemos que ainda existem muros, visíveis e invisíveis, que cerceiam o direito de ir e vir das pessoas, entretanto, muros bem mais altos e mais impiedosos existem, ainda incólumes, dentro de nós. Muros que erguemos com o concreto e as pedras das nossas omissões e fraquezas. Muros, cujos pedregulhos vão se amontoando e, por desatenção ou por comodismo, vão ocupando nossos espaços vazios e, sorrateiramente, crescem e transformam-se em muralhas quase que intransponíveis.
Dentro de mim tenho muros. Muros de preconceitos, de certezas graníticas que assumi como verdades imutáveis. Muros que me sufocam e me impedem de ver outros lados que, tenho certeza, a vida oferece.
Assim, como tenho consciência das minhas muralhas, há quem as desconheça. E, infelizmente, só um aguçado e impiedoso olhar de si para si, é capaz de perceber sua extensão e o quanto ele nos cega e nos impede de sermos felizes.
Como o muro de Berlim foi derrubado com a força do sofrimento, da saudade, do sacrifício e da coragem em aceitar verdades insuportáveis, para nossos muros internos ruírem, é necessário que usemos os machados da nossa autocrítica, e, pedra por pedra, os desconstruamos e os sangremos até que a última pedra transforme-se em pedaços insignificantes.
Assim, como em Berlim, a cicatriz que o muro da separação marca suas ruas repletas de histórias tristes, temos que assumir e cuidar para que nossas cicatrizes transformem-se em sinais redentores
ALICE ROSSINI
terça-feira, 3 de novembro de 2009
A ESTRADA PARA A FAZENDA DO ZÉ
No texto “Por que Desistimos?”, a minha brilhantíssima amiga Alice se debruçou sobre o enigma que aflige grande parte dos seres humanos. Ela perguntou por que umas pessoas mudam e outras não! Que fatores determinam em uns, a iniciativa, e em outros, a apatia às mudanças?
Continuo sem saber exatamente qual é esse fator determinante, mas sei sim, que posso contribuir como motivador a quem tem dúvidas se vale a pena mudar. Eu mesmo, com a minha família, mudei de endereço, país, escola, amigos e cultura, 16 vezes nos últimos 30 anos. Não foram processos fáceis e muitas horas foram gastas estudando o que e como fazer, para assimilar essas mudanças e torná-las benéficas. Estas são algumas das lições que aprendi nesse processo constante.
Recordo-me então da seguinte história, também conhecida como o Paradoxo do Sucesso:
Uma vez um homem seguia numa estrada do interior procurando por um sítio. Era o sítio do Sr. Zé. Passando por um agricultor, parou o carro e pediu indicações do caminho a seguir. O trabalhador olhou para o horizonte e respondeu. “Moço, você siga por aqui direto, subindo aquele morro lá adiante. No topo dele há duas saídas à esquerda, mas, eu não sei qual delas é a certa. Não faz mal, siga direto, baixe o morro e pergunte na bodega do Antônio que fica antes da ponte”. O viajante seguiu as instruções ao pé da letra e, ao chegar à bodega, voltou a perguntar pelo sítio do Sr. Zé. A resposta foi a seguinte. “Ahhhh! Oh xente, Já passou! de hoje! É a segunda entrada, o “ sinhô” entra e é logo ali mesminho... a uns 300 passos da estrada”.
Existem artimanhas para se sair da apatia e "estratetizar" o nosso dia a dia para empreendermos o caminho às mudanças que só nos irão ser benéficas. Para isso, devemos estar conscientes que as coisas estão do jeito que estão porque chegaram aqui assim. A menos que eu as mude, elas continuarão iguais. Não podemos nos tornar o que queremos ser, continuando a ser o que somos. Só depende de mim criar oportunidades para melhorar. Além disso, é óbvio que a complacência é inimiga da curiosidade. O segredo do equilíbrio e do desenvolvimento, num tempo de paradoxos, é permitir ao passado e ao presente, coexistir com o futuro.
O Mundo está em constante mudança! Os caminhos e as formas que nos trouxeram até onde estamos raramente são os mesmos que nos sustentam aqui. Afogue as suas mágoas e as suas lembranças do passado. Na verdade, somos muitos os que choramos para que nos removam a montanha de dificuldades que enfrentamos, quando do que realmente necessitamos é coragem para escalar a montanha. E isso tem que ser feito já, porque quando finalmente descobrirmos que caminho tomar, já é tarde para o seguirmos. Se continuarmos como estamos, terminaremos na bodega do Sr. António. É lógico que é muito mais fácil explicar coisas olhando para traz, mesmo porque não possamos prever o futuro.
Na vida que levamos, hoje, neste mundo onde tudo anda acelerado, as mudanças se fazem cada vez em menores unidades de tempo. A falta de consciência desta verdade nos impulsiona a mudarmos o que necessitamos, só quando o desastre é iminente. Além disso, nós não mudamos por puro prazer. Mudamos para chegar a um objetivo. A necessidade de mudar tem que ser clara e transparente. Deveríamos sair de um mau relacionamento, muito antes que a situação fique insustentável. Poupa-se dor, sofrimento e reage-se mais rápido no caminho de outra relação que seja mais reconfortante e compensadora.
Não há que ir ao dentista quando a dor já é insuportável.
FERNANDO TROVADOR
domingo, 1 de novembro de 2009
POR QUE DESISTIMOS?
Ouvindo pela televisão depoimentos emocionados e carregados de desespero de moradores atingidos pelos rigores do tempo, cujas casas foram mais uma vez, derrubadas e invadidas pelas águas, experimento uma desagradável sensação de fragilidade e, de alguma forma, identifico-me com aquelas pessoas.
Existem situações na vida que fogem totalmente ao nosso controle, nos impondo uma dolorosa sensação de impotência e de engessamento, que sufoca e imobiliza.
Continuo assistindo ao noticiário e experimento, ainda emocionada, a antítese da sensação acima descrita, através da trajetória de uma atleta paraolímpica. Portadora de uma doença degenerativa fez jus a uma medalha de ouro, com o índice de colágeno no corpo, compatível com o de uma pessoa morta. O inusitado desafiou a ciência a submetê-la a um tratamento de vanguarda e seus índices, hoje, igualaram-se ao de uma pessoa já tendo a cura como uma perspectiva real.
Dois fatos onde a sufocante sensação de nada poder ser feito, com desfechos tão diferentes tiveram repercussão diferenciada em minhas emoções.
Será que existem tantas situações, exceto a da morte, que são irreversíveis? Ou existem pessoas vulneráveis, frágeis onde a desesperança e a apatia encontram confortável hospedagem?
Embora reconheça a crueldade das circunstâncias que esmagam grande parcela das populações carentes, parte delas não possui o espírito de luta que a atleta paraolímpica usou para libertar-se. Será que a vida destruiu nelas esta qualidade ou elas nunca a possuíram?
Questões culturais são determinantes. Cidades de Santa Catarina foram totalmente destruídas pela violenta persistência da água e reconstruíram-se. Com ajuda e solidariedade, mas conseguiram. Nos grandes desastres, todos se comovem. No caso das vitimas das encostas nordestinas o mal é crônico o que o aproxima da pergunta e da identificação levantadas no inicio do texto.
Excluindo questões culturais, a capacidade de superação, que é individual e a ajuda e apoio externos que são acidentais, pergunto-me, o que mantêm pessoas amarradas às “camisas de força” do imobilismo e do medo? Por que abdicam do inalienável direito de arbitrar sobre seus quereres ou de afastarem-se daquilo que as incomoda e aproximarem-se daquilo que as fazem felizes?
Qual o porquê das pequenas desistências, que fazem ruir as paredes que abrigam nossos sonhos?
Sinceramente, confesso que não sei.
ALICE ROSSINI
Existem situações na vida que fogem totalmente ao nosso controle, nos impondo uma dolorosa sensação de impotência e de engessamento, que sufoca e imobiliza.
Continuo assistindo ao noticiário e experimento, ainda emocionada, a antítese da sensação acima descrita, através da trajetória de uma atleta paraolímpica. Portadora de uma doença degenerativa fez jus a uma medalha de ouro, com o índice de colágeno no corpo, compatível com o de uma pessoa morta. O inusitado desafiou a ciência a submetê-la a um tratamento de vanguarda e seus índices, hoje, igualaram-se ao de uma pessoa já tendo a cura como uma perspectiva real.
Dois fatos onde a sufocante sensação de nada poder ser feito, com desfechos tão diferentes tiveram repercussão diferenciada em minhas emoções.
Será que existem tantas situações, exceto a da morte, que são irreversíveis? Ou existem pessoas vulneráveis, frágeis onde a desesperança e a apatia encontram confortável hospedagem?
Embora reconheça a crueldade das circunstâncias que esmagam grande parcela das populações carentes, parte delas não possui o espírito de luta que a atleta paraolímpica usou para libertar-se. Será que a vida destruiu nelas esta qualidade ou elas nunca a possuíram?
Questões culturais são determinantes. Cidades de Santa Catarina foram totalmente destruídas pela violenta persistência da água e reconstruíram-se. Com ajuda e solidariedade, mas conseguiram. Nos grandes desastres, todos se comovem. No caso das vitimas das encostas nordestinas o mal é crônico o que o aproxima da pergunta e da identificação levantadas no inicio do texto.
Excluindo questões culturais, a capacidade de superação, que é individual e a ajuda e apoio externos que são acidentais, pergunto-me, o que mantêm pessoas amarradas às “camisas de força” do imobilismo e do medo? Por que abdicam do inalienável direito de arbitrar sobre seus quereres ou de afastarem-se daquilo que as incomoda e aproximarem-se daquilo que as fazem felizes?
Qual o porquê das pequenas desistências, que fazem ruir as paredes que abrigam nossos sonhos?
Sinceramente, confesso que não sei.
ALICE ROSSINI
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