“Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar.
Talvez as derradeiras noites de luar”
Em “Lunik 9”, a genialidade de Gilberto Gil previa que logo, o homem alcançaria a Lua. Dois anos mais tarde, 20 de julho de 1969, enfim, a conquista.
São assim os poetas, sonham com o impossível. Tão incríveis são seus sonhos, que a vida lhes ensina que alguns têm a estranha vocação para vestirem-se com os mantos da realidade.
Tão grandiosa e irreal foi a façanha, quanto o direito de duvidar da sua veracidade. Teorias conspiratórias “criaram” histórias inverossímeis em que americanos, os donos da aventura, teriam iludido a humanidade para assim passar à frente dos russos, numa peculiar disputa que, paradoxalmente, era apelidada “Guerra das Estrelas”
Fato é que, ainda hoje, alguns poucos duvidam da ousadia humana, embora, para todos os argumentos contra, existe um tão forte que os derruba.
A Arte, mãe de todos os devaneios, na tentativa de manter o mito, pegou carona nas asas do imaginário poético de Gil, para impedir, tão logo fosse desvirginada, pelas pegadas humanas, a Lua perdesse seu encanto e mistério.
Hoje, quarenta anos depois, se mantém altaneira e majestosa, indiferente à curiosidade humana, senhora dos dons de encantar e de fazer sonhar.
Sempre pacata e silenciosa acolheu o homem. Ferida pelo mastro de uma bandeira desbravadora, nem sangrou. Permaneceu igual e continuamos a contemplá-la com o mesmo sonhador olhar, a cantá-la em poesias e a suspirar quando alguma saudade nos esmaga o peito.
Mares, rios e matas continuaram prateando-se com as madrepérolas inquietas que fogem ariscas da sua luminosidade.
Permanece crescendo, minguando, quarto minguando-se, renovando-se, eclipsando e ressurgindo, seguindo seus ciclos naturais e mantendo intactos, em cada um, o impacto da sua beleza e a fantasia de, definitivamente, conquistá-la.
Felizmente, a triste profecia do poeta não se cumpriu:
. “Talvez não tenha mais luar, pra clarear minha canção. O que será do verso sem luar? O que será do mar. Da flor, do violão?”
Sosseguemos! Se um dia a possuímos, ela, todo dia, nos possui; se sua luz tornar-se opaca, terá sido nossa ingratidão que estendeu sujas cortinas para escondê-la.
Continuaremos a ouvir canções em seu louvor, pois haverá sempre, homens de boa vontade para marcar encontros entre o verso e o luar.
O mar, espelhado e límpido, sempre refletirá, através dela, estrelas platinadas. Vaidoso, jamais renunciará à sua condição de ser belo.
O violão generoso vibrará suas cordas, em melodiosas formas, tendo-a sempre como sua Musa preferida; e a flor, com delicadeza e humildade, ensinará ao amor a possibilidade de ser simples e forte, embora perecível.
O homem foi á lua. Foi e voltou. Tanto o homem permaneceu igual na grandiosidade dos seus sonhos e na capacidade de os apequenarem quando alcançados; quanto a lua, mesmo desvirginada e possível, não perdeu sua brancura e mistérios virginais.
Para viver nela, dela e com ela, basta olhar para o céu...
ALICE ROSSINI
6 comentários:
Que lindo! Emocionante e atual sua abordagem sobre a ida do homem ao espaço. Tinha menos de 1 ano quando o homem foi á LUA. Mas ja ouvi falar muito este episódio tão importante para a humanidade mas nunca de forma tão poética.
Parabéns!
Sua prosa em forma de poesia, vai me fazer olhar a LUA de forma diferente. Lindo! Deveria, também, escrever poesias! Todos os seus textos ela, a poesia, está, de alguma forma, presente.
Mais uma vez, parabens! Este BLOG, é tratado com o carinho e o cuidado de um filho muito querido.
QUANDO OLHAR A LUA, VOU ASSOCIÁ-LA A VOCE, INATINGÍVEL, INDIFERENTE, MAS SEMPRE PRESENTE.
Olá sou dona de um blog dedicado a lua e gostaria de montar parceria com o seu e todos que curtem tanto quanto eu a lua e gostam tamb´me de versos se estiver interessado por favor me preucure o link do meu blog é: http://luarespecial.blogspot.com/
e o nome dele é Mundo da lua.
Obrigada
Lindo texto para comemorar data tão importante para o homem. Que ele tenha humildade diante de tanto poder e canalize sua sabedoria para o bem do planeta.
Seu BLOG é tudo de bom!
Adorei a poesia! Poste outras, tenho certeza que deve ter...! rsrs
Belo texto. Quase uma poesia. Aliás, estive analisanos seus textos e é evidente sua "queda" para este gênero literário.
Eu adoro musica e esta sua "fala" sobre a lua me sugeriu uma idéia que venho acalentando ha algum tempo: fazer uma pesquisa pela nossa musica e gravaar um CD onde a LUA foi fonte de inspiração.
Quem sabe lhe dê de presente?
Postar um comentário