domingo, 30 de agosto de 2009

OBSESSÃO BÉLICA

A condição de militar fracassado gerou no tenente-coronel Hugo Chávez uma autêntica obsessão bélica. Desde que assumiu o poder, a palavra “guerra” tem estado presente em todas as suas formas, em todas as suas manifestações e em todos os seus “fronts”.

Na sua mente e em seu vocabulário, sempre estão presentes ideias e expressões bélicas. Até a estrutura do seu partido (PSUV) está concebida partindo de noções militares: divisões, batalhões, patrulhas, etc, etc.

Em Agosto de 2006, o falecido jornalista venezuelano Alberto Garrido, publicou um artigo intitulado "A hipótese de guerra de Hugo Chávez", no qual se lê: "Desde que subiu ao poder, Hugo Chávez propôs como hipótese final do processo revolucionário, uma confrontação bélica em duas fases. Em primeiro lugar com os Estados Unidos, caracterizado como o inimigo estratégico a derrotar. Por outra parte, com os aliados externos ou internos dos Estados Unidos".

Na obra de Agustín Blanco Muñoz "Habla el Comandante" (1998) o mandatário venezuelano disse: "Nós falamos da luta política como uma guerra política; quero dizer, da guerra ou o combate de ideias que fizemos. Estamos agora em uma guerra política, estamos em outra forma de guerra, e, não sabemos se mais adiante passaremos à guerra novamente".

Entenderam alguma coisa? Dificil não é? A única coisa que fica claro deste "tagarela", é a obsessão bélica. Esta mesma obsessão o induz a comprar armas: Fusis, municões, lança-foguetes, aviões, helicópteros, sistemas de defesa anti-aérea, radares, barcos, submarinos e tudo o que os "cães de guerra" lhe oferecem ele compra espalhando dinheiro em quantidades que já devem superar os dez bilhões de dólares. Obviamente que estes recursos teriam melhor destino se fossem dedicados a saldar a pesada dívida social que tem com os venezuelanos!

Batalhas, campanhas, guerra assimétrica, guerra de quarta geração, guerra de resistência, guerra subversiva, guerra midiática, guerra civil, guerra comercial, guerra anti colonial, guerra necessária, batalha de ideias, são alguns dos conceitos que, como morcegos povoam, constantemente, as cavernas do seu cérebro.

No “front” interno: guerra contra os reacionários, contra os oligarcas, contra os burgueses, contra os ricos, contra a oposição, contra o latifundio, contra o empresariado, contra a indústria, contra a propriedade privada.

No “front” externo: guerra contra o imperialismo, com a Colômbia, contra o livre mercado, contra a ALCA, guerra latino americana, guerra continental.

Enfim, guerra contra todo o mundo. Mas, até agora, sequer fez uma única insinuação, uma ameaça de guerra e muito menos uma ofensiva contra os verdadeiros inimigos da sociedade venezuelana: a corrupção, a insegurança, a miséria e a criminalidade que compõem as brigadas de choque do seu regime, mantidas para agredir a quem não compartilha o seu projeto revolucionário.

Durante a crise política de Honduras disse que no caso daquele país, podía desencadear-se "uma cruenta guerra civil"; "Deus não queira, mas podia terminar em uma guerra civil que poderia espalhar-se pela America Central, que já foi um vulcão até há muito pouco tempo e cujas cinzas ainda estão vivas". Palavras textuais!

Mais que uma preocupação ou uma advertência, estas expressões pareceram refletir, além de uma falsa apreciação, uma desilusão ao constatar que o seu projeto intervencionista no referido
país havia fracassado. De nada lhe serviu infiltrar, alí, mercenários para provocar a insurreição que terminaria em guerra civil que ele queria incitar.

Agora está empenhado em afirmar que na América do Sul "sopran ventos de guerra" porque o presidente da Colômbia, o Sr. Uribe assinou um acordo para que soldados americanos e pessoal civil contratado pelo governo dos Estados Unidos utilizem as instalações de várias bases militares do país vizinho. Segundo o Coronel, esse acordo é parte de um plano do "império" para dividir e desestabilizar a região.

Como ninguém lhe fez muito caso e ele fracassou com o seu empenho em envolver a recém-nascida UNASUR e ao seu ainda não nato Conselho de Defesa desta organização, recorrendo à sua costumeira tática de atribuir aos outros o que faz ou se propõe fazer, acusa o presidente Uribe de estar tramando com os Estados Unidos uma guerra contra a Venezuela. "Teremos que evitar una guerra entre Colômbia e Venezuela? Deus nos livre de una guerra, mas, teremos que neutralizarla desde agora mesmo." "Não tenho a menor dúvida de que o império ianque quer uma guerra entre Colômbia e Venezuela. A Colômbia deve dar-se conta de que os Estados Unidos estão planificando uma guerra contra Venezuela". "Se a Colômbia se atrevesse a cometer uma agressão contra a Venezuela eu me vería obrigado a defender-me".

Mas este discurso patético e arrogante já não impressiona nem atemoriza ninguém. Ao contrário. Gera reações de represália como a do governo peruano. "Non comparto a idea de que a Colômbia busque una guerra continental" disse o chanceler peruano García Belaunde. "Vivemos tempos onde existe a firme vontade dos países latino americanos de fortaleçerem a integração regional".

O Coronel está empenhado em reviver uma nova "guerra fría" que não será entre o Leste e o Oeste senão entre o Sul e o Norte. Ele crê que com aliados tão temíveis e poderosos como Cuba, Bolivia, Equador, Nicarágua, República Dominicana, San Vicente e Granadinas, Antígua y Barbados, Honduras (?), Bielorússia e Irã, será capaz de fazer sucumbir a primeira potência militar e econômica do mundo. No fundo, ele desejaría que os Estados Unidos atacassem a Venezuela para ter sua própria "Bahía dos Porcos" e apresentar-se ao mundo como uma vítima do "império".

Também desejaría um conflito com a Colômbia para ter uma desculpa para apoiar abertamente as FARC e demais facínoras levando esta organização ao território colombiano para implantar alí, a sua "revolução bolivariana" e o seu comunismo do século XXI.

Felizmente, quanto mais ameaça, quanto mais denuncia supostos planos de guerra e, quanto mais antecipa agressões contra Venezuela, menos gente lhe dá importância.

Em que lista o Brasil quer estar? Aliados ou inimigos?

FERNANDO, O TROVADOR

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O VASO QUEBRADO

Recebi de uma amiga uma parábola que conta a história de uma mulher que possuía dois vasos. Todos os dias os enchia de água e os levava, caminhando, até sua casa. Entretanto, um dos vasos estava rachado e quando chegava ao seu destino só continha a metade da água que a mulher havia colhido.

Um dia, o vaso defeituoso “pergunta-lhe”: por que, apesar do defeito, ela ainda o mantinha. Ordenou-lhe então a mulher que “olhasse” para o lado em que era carregado. Ele percebeu que o chão estava todo florido. A água, que deixava cair, possibilitava a vida no local. Ela, percebendo-lhe o defeito, semeou no lado em que a água vazava.

Já li esta parábola várias vezes e sempre acho um sentido novo para ela. Desta vez, no entanto, a história levou-me a refletir sobre os porquês de determinadas relações e como elas vão se desenvolvendo ao longo do tempo.

A não ser em casos patológicos ninguém convive com ninguém sem uma contrapartida. E esta troca acontece de milhares de formas e em todas as “moedas” emocionais e materiais possíveis.

Quando vemos uma mulher que se submete aos maus tratos do parceiro, sejam eles psicológicos ou físicos, nossa tendência é julgar o homem estúpido, violento, covarde, sádico e todos os rótulos comuns nestes casos. E é. Excetuando mulheres que não têm capacidade econômica de manterem a si e os seus filhos, embora conheça várias, guerreiras, que pela sua dignidade, libertam-se e vão à luta, pergunto-me: Que carência ou conveniência a presença do violento marido não estaria preenchendo na vida daquela mulher? Que necessidades, ainda que doentias, a violência e a submissão estão atendendo uma da outra?

Aquele filho usuário de droga cujos pais omitem-se até que a criança ou o jovem se desestruture e assim, não permita que se escancare uma desagregação subjacente na família que, não raro, passa a usar a patologia do outro para manter-se doentiamente junta. O que a olho nu seria, e é um enorme problema a ser enfrentado, nesta família, atende à necessidade de manter-se “unida”, ainda que em detrimento da vida e do equilíbrio de um dos seus membros.

Aquele chefe que impõe a seu empregado todo tipo de humilhações e constrangimentos não estaria patrão e empregado, o primeiro descarregando frustrações, recalques, insatisfações e o segundo escondendo sua covardia, incompetência e fraqueza? O poder de um alimentando a fraqueza de outro?

Poderia continuar neste desgastante e cansativo exercício de imaginar situações que poderíamos classificar de absurdas e revoltantes. Sabemos que a natureza humana e seus complexos mecanismos são capazes de torcer e distorcer fatos para permanecerem em zonas de “conforto” que as protejam de mudanças radicais e corajosas, capazes de modificar o curso de vidas para caminhos ainda desconhecidos, portanto, amedrontadores.

É humana a acomodação até o limite da não degeneração da dignidade e destruição da autoestima. Conviver com um vaso quebrado não significa carregá-lo sem saber por quê nem para quê. Ao contrário, quem acha que deve carregar um vaso defeituoso, deve, até por respeito à utilidade que poderia ter o referido objeto, fazer com que seus braços não se aviltem ao carregá-lo, nem sua expectativa se apequene a ponto de tirar-lhe a esperança de um dia, da sua deficiência, fazer alguma colheita que valha a pena o esforço.

Por isso, ao julgar ou querer intervir nas circunstâncias do “outro” corremos o risco de promover o desequilíbrio do que está sutil e convenientemente ancorado numa balança, cujo fiel é exatamente o que julgamos, sob a luz da nossa ignorância crônica, em relação ao que acontece nas vidas alheias.

Embora nos cerquem, e nelas podemos estar emocionalmente envolvidos, a verdade é que, delas nada sabemos.

ALICE ROSSINI

domingo, 23 de agosto de 2009

SER OU PARECER

De nada vale sermos e não pareçermos o que dizemos ser.

A parte técnica da minha vida profissional é apaixonante, envolvente e me ofereçe desafios que me fazem continuamente exercitar os meus cansados neurônios, me mantendo ativo, atento e com o meu ego "gordinho". Sou engenheiro e trabalho em projetos que se realizam em lugares remotos, longe da civilização e convivendo por semanas a fio com todo o tipo de pessoas das mais variadas origens, credos ou escolhas politicas, sem sexismo, racismo ou qualquer outro “ismo” havido e por haver.

Compartilhamos quartos, banheiros, cozinhas, escritórios, máquinas lavadoras e secadoras de roupa, idéias, opiniões, enfim, quase tudo. No entanto, a função que ocupo, como todas, tem sua descrição específica. O primeiro item subentendido, lógico, é “aguentar as mais variadas pressões sem perder o controle nem sair da linha”. Alem disso, mesmo rodeado de muita gente e nutrido pelas experiências de uns e de outros, frequentemente me sinto sozinho por estar isolado, longe dos meus queridos familiares e amigos, longe do meu País e das minhas coisas.

A terapia mais comum que uso para combater a pressão, a solidão, o isolamento e as saudades de tudo e de todos é pensar. Me concentro agarrando mentalmente a qualquer idéia que me ocorre de forma imprevista. Em silêncio e dentro de mim mesmo, tento esmiuçar os conceitos desta nova idéia por horas ou mesmo dias, até chegar a uma conclusão própria. Para mim é como tricotar.

Assim, me questiono: O que é melhor? Sermos ou parecer que somos?

A verdade única e absoluta é que o ideal é viver o Ser! Do contrário, as nossas vidas poderiam estar dominadas pelo materialismo e, consequentemente, viveriamos as piores “fossas”, depressões e infelicidades quando nos faltassem os bens materiais.
A parte complexa do “Ser”, não é precisamente isto, mesmo porque é fácil dizermos que somos isto ou aquilo, o difícil é parecermos. Isto é muito simples de entendermos quando o reduzimos ao plano de algumas profissões:

Um professor que estudou para ensinar e ao mesmo tempo ser um modelo de virtudes e moral, não pode viver escravo de maus exemplos, danificando a juventude de seus alunos com palavras ou idéias desprovidas de sabedoria ou mau educando com seus gestos, respostas e posicionamentos de quaisquer espécies. O educador se reconhece não só pelos seus conhecimentos e padrões de comportamento, como também pela sua forma de interagir com os alunos, a forma de se vestir, suas atitudes e estilo de vida. No nosso mundo atual, muitos se parecem qualquer coisa, menos educadores.

Um engenheiro se gradua para nos oferecer soluções, ter repostas acertadas e concretas para resolver qualquer problema que se lhe apresente, em função de proporcionar harmonia entre o Homem e o Meio Ambiente. Ele não pode atuar para confundir e criar conflitos na resolução prevista dos casos que abraça como também não pode ser lento na tomada de decisões que se façam necessária.

O adovogado, que se preparou para o conhecimento e aplicação das leis em favor da justiça e da igualdade social, não deve utilizar os instrumentos jurídicos para prejudicar a dignidade de inocentes, pondo os recursos da Nação à sua disposição, para uso pessoal. O terno e a gravata sofisticados e de grife, não são suficientes para ser advogado. Se necessita mais do que isso. Honestidade e transparência em todos os seus atos publicos sem nada escondido “debaixo das mangas” são o principal.

Aqueles que estudam medicina devem fazê-lo motivados por uma vocação para salvar vidas e uma consciência prestativa no sentido de fazer o bem. Ser médico não é só ficar fechado em elegantes consultórios enriquecendo a custa da falta de saude de uma grande maioria. Um diploma pendurado na parede do consultório e um jaleco impecavelmente branco não dão méritos a ninguém para se ser um grande médico. O que o faz assim é a sua entrega e dedicação em defesa da saude sem comercio ou mercantilismo.

Os que vivem metidos em igrejas de todo o tipo e se dizem arautos do Senhor, disparando a esmo palavras, testemunhos, pensamentos e condutas de santidade, até em sua forma de vestir devem parecer praticantes dos ensinamentos que pregam o amor ao próximo.

Entender a filosofia do Ser e Parecer se resume no justo significado de cada palavra: “SER” corresponde ao curriculum e ao marco teórico que representam os nossos ideais, do que supostamente estudamos ou sabemos fazer, enquanto “PARECER” representa a prática e a realidade do que somos, onde o suposto desaparece e o restante é atributo do nosso comportamento.

Diante deste cenário, não há lugar para falsas aparências ou correções políticas e, muito menos, máscaras. Aqui, se abrem espaços para os verdadeiros testemunhos de vida de cada um de nós.

Ainda que o “SER” seja determinante na nossa personalidade, isso não é suficiente. O dificil e parecermos o que dizemos ser. Os fatos falam por si só.

Que a nossa vida seja a nossa menssagem.

FERNANDO TROVADOR

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"O AMOR PODE ESTAR DO SEU LADO..."

“Mas tudo que acontece na vida
Tem um momento e um destino
Viver é uma arte, é um ofício
Só que precisa cuidado...

Prá perceber
Que olhar só prá dentro
É o maior desperdício
O teu amor pode estar
Do seu lado...¨

As duas estrofes acima que pertencem a uma música do grupo JOTA QUEST, que sempre chamou minha atenção.


Certa vez, conversando com uma amiga bem mais velha que eu, comentei sobre relações que começam entre pessoas já comprometidas ou tão amigas, que se irmanam, fazendo a relação parecer incestuosa.

Ela surpreendeu-me e desafiando meu preconceito que esperava uma opinião reacionária, disse-me com a simplicidade e sinceridade que caracterizam sua personalidade, que “só nos apaixonamos por quem está próximo”. Hoje, além de achar que minha amiga tem razão e ter amadurecido, alio à sua sábia reflexão a descoberta que não existe amor impossível, existem relações inconvenientes.

Se o amor aconteceu é porque não era impossível. Acontece porque é da natureza humana amar sem submeter este sentimento a normas baseadas na sensatez e em parâmetros objetivos. O amor, portanto, é um sentimento insubordinado e revolucionário.

Como tal, muitas vezes, nem merece nem necessita transformar-se numa relação. Transgressor, o amor desconhece conveniências. Entretanto, forçado pela impulsividade que lhe é inerente, quer mostrar-se e ser reconhecido. A assunção da formalidade pode roubar-lhe a magia e, contaminado pela realidade, atirar-se na vala comum dos desamores. E o que era alegria, encantamento e esperança, transforma-se em amargura e saudade.

Com base nesta crença, meramente pessoal, observo pessoas solteiras ávidas por um parceiro, participando de turmas e programas na justa esperança de encontrar companhia. O método parece-me eficaz. Se nos escondermos, daremos menos chance à probabilidade de encontrar pessoas novas que possam vir a nos interessar.

Mas a vida tem métodos próprios e o acaso veste-se de tantos subterfúgios e surpresas que, na ansiedade de enxergar mais, acabamos ficando míopes para o óbvio e hipermetropes para o que está na “nossa cara”.

Voltando à conversa com minha amiga, quando afirmou com toda naturalidade que “só nos apaixonamos por quem conhecemos”, não desmereço o trabalho, muitas vezes eficaz, de Cupidos que lançam flechas por aí, aproximando e unindo pessoas que nunca se veriam, não fosse sua inestimável ajuda.


Entretanto, reitero, mais uma vez, a necessidade de prestarmos atenção ao recado do JOTA QUEST de que “tudo que acontece na vida, tem um momento e um destino” e que “só precisa cuidado... ". Muito cuidado para não deixarmos de perceber todas as pessoas que estão ao nosso lado. Despirmos-nos de conceitos e preconceitos e evitar a postura do “nunca faria” ou do “julgar quem já fez”, o que facilita “perceber que olhar pra dentro é o maior desperdício, porque teu amor pode estar do teu lado.”

Escrevi este texto a propósito de um fato tão comum e até certo ponto previsível, mas que não deixou de surpreender-nos. Meu sobrinho, a quem amo com a um filho está namorando e reciprocamente apaixonado por minha enteada, por quem também sinto carinho materno. Os dois conhecem-se e convivem desde que nasceram e só depois de vinte e cinco anos de convivência familiar, descobriram-se enamorados.

O amor esteve vinte cinco anos ao lado um do outro. Só agora o perceberam.


ALICE ROSSINI

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O BAILE DOS DESALMADOS

É uma vergonha! E agora? O que eu digo aos meus filhos?

Toda a vida lhes ensinei o valor da verdade, sem ela a mentira prevaleçe e, pior ainda, a omissão e o descaso se cerram com um simples encolher de ombros. A mentira passou a ser determinante em todos os setores da vida pública. É até difícil hoje em dia convencer um jovem que o bom é ser fiel à verdade. Que exemplos temos para dar? A Moral é um conceito extinto e quase inexistente. A Ética politica só se conhece como um fóssil que raramente se encontra no deserto de Brasília. Ou seja, no que se refere a este capítulo: Eu fui o mentiroso que pintou um quadro irreal!

Fiz questão absoluta de lhes ensinar tudo o que pude sobre honestidade. Passei a minha vida me comportando exemplarmente para poder passar a menssagem aos meus herdeiros. Paguei minhas dívidas e meus impostos, sempre. Lutei ferozmente para subir na vida com meu trabalho e minha entrega. Nunca me meti em “maracutaias” nem em negócios escusos. Este foi sempre o exemplo que dei. No mundo em que meus filhos vivem, a todo o momento a menssagem é que talvez seja mais lucrativo ser malandro, esperto e, de preferência, legítimo representante do Povo no Congresso ou no Senado da República.

Menti de novo! Trabalhar faz calos! O bom mesmo é roubar!

Roubar é bom com o respaldo adequado, é fácil e lucrativo. Mas tem suas técnicas. Se voce rouba uma galinha ou um pote de margarina porque esta com fome, é imediatamente preso por vários motivos. Itens como a falta de cultura para se expressar em sua defesa, aparência miseravel que impressiona negativamente as autoridades que o prendem e necessidade absoluta e básica do item que roubou, entre outras, são justificativas determinantes para que se o mantenha enjaulado, muitas vezes, sem direito sequer a ser julgado.

Desculpem se o paragrafo acima foi curto. Me falta uma base de datos suficientemente sólida para me estender neste tema. Minha expêriencia em roubar se resume ao que leio nos jornais ou vejo na televisão.

O bom mesmo é ser politico ou ter influência sobre um deles. Aí o esquema funciona às mil maravilhas. As “maracutaias” outrora escondidas, hoje são claramente investigadas e comprovadas, mas arquivadas porque só pode apedrejar aquele que não tiver pecados. Isto é impossível de se encontrar em Brasilia. Nos palácios e nos castelos, os vampiros planejam na calada da noite a forma mais lucrativa de chupar o sangue dos inocentes, traduzido em cargas exageradas de impostos que são cobradas ao povo sem descanso. Alguns dos nossos algozes no poder, devem lamentar que o dia não tenha mais de 24 horas.

E agora que digo eu aos meus filhos? Só se vê neste País pessoas que roubaram e se deram bem. Só eles tem espaço na mídia. Não se vê nenhum órgão de informação gastando tempo com alguém que ficou bem de vida trabalhando e conseguiu sobreviver às taxas, tarifas e contribuições que lhe foram cobradas.

Estou no mato sem cachorro. Já não sei como ensinar o que é certo e o que é errado. Tanta proteção, tanto dinheiro público gasto, tanto espaço midiático, tanta nojeira para livrar um senador de ser oficialmente chamado de ladrão!

Imagino o que aconteceu quando foi presidente deste País, Patria Amada, Mãe Gentil...
Brasil, il, il, il, il, il, il

Com profunda tristeza

FERNANDO TROVADOR

domingo, 16 de agosto de 2009

POR QUE NÃO ¨FUI¨ À WOODSTOCK ?

Está fazendo 40 anos que a humanidade, tais quais as explosões solares, através da arte e sob o comando da juventude, protagonizou o maior movimento pacífico do Planeta. O que foi planejado para ser mais um festival de música, onde um grupo de empresários ganharia “rios” de dinheiro, o impulso humano pela liberdade, derrubou cercas tornando o festival gratuito. Cerca de 500 000 pessoas fizeram de Woodstock um marco, uma firme sinalização para um mundo conturbado pela violência da guerra e imerso numa crise de valores.

Embora a qualidade musical do evento seja considerada altíssima, o festival, cujo slogan, “Três dias de paz e música” foi considerado emblemático e se destacou pela atitude harmônica em que, meio milhão de jovens presentes imprimiu ao encontro. Em três dias de liberdade total, onde drogas, sexo e rock´n roll não tiveram limites, morreram duas pessoas de "overdose" e três crianças vieram ao mundo sob o signo de uma verdadeira manifestação da Era de Aquário.

“Tente
E não diga que a vitória está perdida,
Se é de detalhes que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!...”

A década de 60 foi a mais conturbada do século passado. A águia americana cravava suas garras no Vietnã, a despeito da indignação da humanidade. E, para orgulho desta mesma humanidade, deixava também marcas na Lua. A Europa emprestava seus belos e históricos cenários para manifestações de protestos e na América Latina o breu das ditaduras calava bocas, tornava mães órfãs de filhos, torturava culpados e inocentes, transformava cidadãos em apátridas. Entretanto, algumas consciências resistiam incólumes ao inferno do medo.

“É voce olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
E só usa dez por cento
De sua cabeça animal”

Enquanto escrevo este texto, tento rever-me em 1969: “Ela só quer, só pensa em namorar”. Completa e naturalmente alienada, "desconhecia" que, no ventre do mundo, estavam sendo gestadas as contradições das quais a humanidade jamais conseguiria libertar-se. Quanta riqueza!

Se de um lado o Mal incendiava uma guerra que se dizia “fria”, do outro a contracultura, forças do Bem diziam não insistindo em mostrar que a paz, não só era possível, mas direito de todos e uma necessidade de cada um.

“Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu vim, eu vou”

No raiar do dia 18 de agosto de 1969, em Woodstock, sobe ao palco Jimi Hendrix. Saúda a coragem e a persistência do público ainda presente e, da sua sagrada guitarra, arranca "estranhos" sons de explosões de bombas, granadas e rajadas de metralhadoras. A forma de a arte dizer não à morte do homem pelo seu semelhante. Interpreta então, o Hino Nacional dos Estados Unidos da América.

“Se hoje sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã eu tenho amor”

Ainda escrevendo este texto, experimento sentimentos antagônicos. Se, de um lado, vivi as emoções, hoje, sei manipuladas e aviltadas, da conquista da copa no México, quando nos firmamos como país do futebol e da seqüestrada taça Jules Rimet, por outro, tenho a sensação de que, eu e o mundo somos credores um do outro.

“Enquanto você
Se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual”

Culpa da força do comodismo? Do conforto da normalidade? Sei que não estaria em Woodstock, mas sonegar-me viver as emoções de tanta ebulição nos intestinos e na cabeça da humanidade me faz sentir como Carolina que viu a História acontecer do conforto da janela de seus projetos pessoais, que só mais tarde os reconheci grandes.

Por que o mundo não veio até mim? É a menina de 15 anos que ainda pergunta. Havia censura, hoje eu sei. Mas, quantos tiveram coragem e conseguiram pular os muros, olhar pelas frestas? Muito mais tarde, com o fim do maniqueísmo, o “Super Homem” de Nietzsche, que existe em cada ser humano, até os derrubaram. Agora, lembrando-me destes fatos, tomada pela emoção, desculpo-me e debito à imaturidade e à ignorância, a falta de envolvimento, naqueles decisivos momentos.

“E esse caminho
Que eu mesmo escolhi
É tão fácil de seguir
Por não ter onde ir...”

Que cada um escreve sua história é frase, além de óbvia, um enorme jargão. Mas olhar para trás, computar omissões e ausências impossíveis de serem preenchidas e revê-las, com alguma lucidez e certa compaixão, conseguem fazer de mim um ser consciente da sua massacrante e perigosa humanidade. Mas, humilde, por achar justo não ter estado presente em todos os gloriosos momentos da história do mundo, até porque vivia a minha. Então...

“Das telhas eu sou o telhado
A pressa do pensador
A letra “A” tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor...”

* Os textos entre aspas foram retirados de letras de autoria de Raul Seixas

ALICE ROSSINI

sábado, 15 de agosto de 2009

EDITORIAL

Neste 16 de agosto, Albina Rossini de Souza estaria completando 87 anos. Apesar de não estar entre nós, sua ausência se faz presente através de lembranças que permearão o cotidiano de tantos quantos tiveram o privilégio de conhecê-la.

Individualmente poderemos imaginá-la em vários lugares ou em outras dimensões. O detalhe torna-se irrelevante diante do significado que este dia assume em cada um de nós. Nossas saudades, embora muitas e diferentes, igualam-se na intensidade em que são sentidas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"COMO FOI SEU DIA HOJE?"


“Como foi seu dia hoje?” Frase simples, mas muito difícil de ser dita e, claro, de ser ouvida. Entretanto, ouvi esta frase, da boca de um garoto de 25 anos, que se diz apaixonado, entre outras razões, porque a namorada, todas as vezes que o encontra lhe faz esta pergunta.

Certamente, a pessoa que faz uma indagação deste tipo, se formos nos basear no senso comum, deve achar que ouvirá um relato das idas e vindas, dos afazeres, das dificuldades, vitórias e detalhes relevantes do cotidiano do outro. Quem é indagado, impulsivamente, relata acontecimentos banais, a não ser que algum fato tenha sido marcante.

Mas a pergunta poderá assumir outras conotações e profundidades para quem a ouve. Revelar-se amorosa, preocupada e interessada na sua rotina e, na grande maioria das vezes, aberta a saber os motivos daquela tristeza no olhar, daquela ruga na testa, no gesto incontido de irritação. Ou do brilho diferente do olhar, da excitação na voz que denuncia a possibilidade de um novo projeto e até uma mudança na vida.

Esta é uma pergunta de alto risco, quando se está preparado para responder e escutar a verdade. Aquele olhar brilhante, tanto pode ser representativo de uma vitória profissional como de um encontro com alguém tão interessante que nos leve a ficarmos inquietos e excitados. Aquela ruga na testa tanto pode significar uma nova idéia difícil de ser executada como uma mudança radical na vida que poderá, até, nos excluir.

Por mais perigosa que possa parecer, faz falta quando não é feita e é indicador que, um dia na vida da pessoa amada, seja ela quem for, tem pra você uma importância equivalente à sua. É nesta óbvia conclusão que uma simples pergunta, pode fazer a diferença na relação entre duas pessoas.

Imagine um filho que nunca sente dos pais nenhum interesse pelas suas atividades. Certamente, sua leitura será de descaso, desatenção, ausência. Mas, raros pais não se preocupam em saber, até com detalhes, sobre o cotidiano dos seus filhos, principalmente as pessoas com as quais interage ocasional ou diariamente. A ausência de perguntas como esta pode ter como conseqüência resultados desastrosos.

Se agimos assim com nossos filhos e sabemos que isso lhes faz bem, fazendo-os sentirem-se amados e importantes, por que não o fazemos com nossos amigos e nossos parceiros?

Acho um substituto muito mais eficaz e verdadeiro para os “eu te amo” mecânicos que ouvimos sem prestar muita atenção no sentido e não raro, duvidando da sinceridade de quem o declara. Porque quem ama, cuida e deseja saber do dia do outro. Sofreu? Sorriu ou chorou? Quais os porquês que determinaram aquelas emoções? Mais ainda, quem ama, quer saber como, quando e o que pode fazer para que o cotidiano do ser amado seja pontuado de momentos agradáveis e felizes.

A casualidade e a simplicidade de quem manifestou encantamento por uma pergunta, aparentemente, tão banal, acendeu-me uma luz amarela. Fez-me enxergar porque as pessoas sentem-se tão sozinhas, ainda que acompanhadas, por que os jovens queixam-se de relações superficiais e descartáveis, porque cada dia os casamentos ficam mais vulneráveis às diferenças.

Na pergunta “como foi seu dia hoje?” pode-se conhecer a pessoa que compartilha a vida com você quando as circunstâncias lhe apartam da sua convivência ou quando está exercendo seu livre arbítrio totalmente liberto de conveniências que não sejam só suas. Pode denunciar a firmeza dos seus princípios e a importância de valores fundamentais.

Portanto, é uma excelente oportunidade para conhecê-la, admirá-la, fazê-la sentir-se amada ou até para mostrar a si próprio, que pode existir alguém no mundo que possa lhe fazer mais feliz.

Mais que isso. Interessar-se pelas emoções experimentadas pelo objeto do seu amor, pode ser uma aventura fascinante pelos meandros da natureza humana, no que ela pode representar de mais instigante e surpreendente.

No conforto desta cumplicidade muitas relações assumem a capacidade de renovar-se sempre.

ALICE ROSSINI

domingo, 9 de agosto de 2009

EDITORIAL

Hoje, 10 de agosto de 2009, amanheci mulher de um homem de 60 anos!

Garanto às mulheres que, um dia, chegarão a esta condição não ser tão difícil assim, basta ter muuuitta paciência! O homem aos 60 anos é tão pragmático, tão vulnerável, tão vaidoso, tão "perfeito", tão amoroso e companheiro quanto todos os homens de todas as idades. Afinal, eles são todos iguais. Será?

Não! O meu homem é diferente de todos! Para mim ele é único! Impossível outro igual!

É um marido amoroso e amigo, pai e padrasto que se confundem no exercício do amor e da proteção, genro atencioso, sogro discreto e carinhoso, como manda a sabedoria, irmão e amigo, leal, solidário, e sincero. Mas, como todo leonino, faz questão absoluta do reconhecimento das suas qualidades e "omissão" dos seus defeitos que, segundo ele, são raros. Se é que acha que os tem...!

Ratifico e complemento. Os defeitos são raros porque exóticos! Meu maridão é um homem de "fases" das quais, o amor que sentimos um pelo outro, me poupou, em prol da longevidade do nosso casamento: sou a "fase" que nunca passa...espero!

Tudo que faz é com doses imensas de paixão! Exagerado, superlativo e compulsivo é uma pessoa que não faz nada pouco. Assim ele age em relação a hábitos, hobbies, alimentação, projetos, diversão e todos os "etecéteras" que voces possam imaginar. Por favor, meus amigos, sejam criativos! Porque, criatividade, é uma das suas inúmeras qualidades e ele a "exige" dos que o rodeiam, na mesma magnitude da dele!

Seu bom humor é uma característica marcante da sua personalidade. Principalmente, claro, se tudo estiver correndo como ele quer... Se algo foge ao seu controle tem uns jeitos "especiais" de modificar as circunstâncias, que vão da argumentação sempre incisiva e clara até... um "piti", tão inacreditável quanto inesperado! Mas acontece, viram? Aconselho a nunca o levarem ao limite da sua paciência, que por sinal, é muita!

Dono de uma coragem e uma inquietação própria das pessoas inteligentes, não rara é a ocasião, em que "daria um olho" para adivinhar o que se esconde atrás daquele olhar pensativo, quando resolve dizer: "Amor, sabe o que vamos fazer?" Gente, acredite! Pode ser tudo!

Foi sempre assim na nossa vida. Não tão simples como parece, porque ariana convicta, o mesmo fogo nos aquece. Também sonho e tenho cá meus devaneios que quero, muitas vezes, torná-los realidade.

É neste encontro e no equilíbrio quase perfeito entre fantasia, realidade e cumplicidade onde ancoramos o grande amor que nos une e que se renova a cada fase das nossas vidas.

O VERSO&REVERSO não poderia ficar indiferente ao que MARCO, como todo homem, acha, será, uma nova fase na sua vida. Simplesmente, porque não o concebi sozinha. Dele veio o apoio e muitas vezes a inspiração. Vem sempre a crítica que ensina, o elogio que incentiva e a admiração que me faz continuar.
Tudo mesclado com muito amor e uma paciência infinita.

Parabéns amor! Viver como voce vive não dói, ao contrário, é divertido,leve e intenso. Viver com voce é muito gostoso e tem lá, suas imensas vantagens!

Eu te amo!!!

SUA ALICE

domingo, 2 de agosto de 2009

TERRA DE NINGUEM

Esta semana mais uma cena inesperada ocorreu em plena luz do dia, no Largo do Carmo, Centro Histórico de Salvador. Policiais militares, praticando suas costumeiras “abordagens”, encontraram um perito criminal, portanto, seu colega de trabalho. Aborda-o e, segundo testemunhas, minutos depois, o perito cai no chão com dois tiros no peito. Ainda vivo e surpreso, antes de morrer, pergunta ao “companheiro”: “precisava isto?”

Falei de cena inesperada, por se tratar de defensores da segurança pública, apesar de ser comum, tanto policiais civis como militares abordarem e tratarem com violência e falta de respeito o cidadão comum. O despreparo das duas policias é antigo e está cada dia mais evidente.

Mais uma vez, eles transferem sua ira assassina contra eles mesmos, num movimento autofágico,

Sei que as raízes destas distorções não são novas, nem simples de serem resolvidas. É uma questão estrutural, que passa tanto por questões educacionais e culturais, quanto por questões de gestão administrativa. Não é objetivo deste texto entrar no mérito destas questões.

Somando-se à indignação e revolta da sociedade, a Polícia Civil, ainda ameaça a população de abandonar a carceragem o que significa deixar os presídios sem vigilância.

Imaginemos o que aconteceria com uma cidade com elevados índices de violência, com o crime cada vez mais organizado e aparelhado, sem a tutela de quem, constitucionalmente, tem a competência de protegê-la. Há alguns anos, a população de Salvador ficou entregue à própria sorte quando, as duas Instituições policiais, insatisfeitas com o desnível salarial entre elas, deixaram de cumprir seus deveres constitucionais. Foi um caos e a sociedade, mais uma vez, ficou refém do seu próprio medo.

Quase dez anos após o referido episódio, mantidas algumas circunstâncias e outras agravadas, vamos fazer um exercício mais radical. Imaginar que, como contribuintes, que pagamos impostos sangrados na fonte dos nossos salários e, todos os anos, debruçamo-nos sobre montanhas de papéis para que o Leão da Receita não nos abocanhe e nos sangre até a morte, e resolvêssemos parar de cumprir nossos deveres de cidadãos?

Motivos não nos faltam para partirmos para algum tipo de desobediência civil. Senão, vejamos.

Pagamos anos de CPMF e nossos filhos são obrigados a estudarem em escolas particulares. Sim! Porque nas públicas, a que tinham direito, não existem professores, materiais adequados, instalações apropriadas, segurança e o nível de ensino é da pior qualidade, ministrado por professores mal remunerados e com qualificação duvidosa.

Se ficarmos doentes e inadimplentes com nossos planos particulares de saúde, teremos a mesma sorte de milhares de miseráveis que protagonizam cenas cruéis, morrendo em corredores de centros de saude. A falta de leitos em hospitais públicos, operacionalizados por médicos sobrecarregados e desaparelhados, não possibilita um atendimento que pudéssemos dar a medíocre classificação de “digno”.

Se sairmos de casa, ficamos expostos, desde a violência à falta de manutenção das ruas e avenidas, à falta de preparo e civilidade de motoristas. Vias públicas insuficientes para o numero de veículos que nos enlouquecem, engarrafados em nossos carros, enquanto o povo espreme-se em transportes públicos decadentes e obsoletos, expostos à sanha de marginais, à ocorrência de assaltos e todo tipo de violência.

Não nos poupam jornais, telejornais e internet bombardeando-nos com notícias de roubos, mau uso do dinheiro público e toda sorte falcatruas e golpes em que estão envolvidos integrantes de instituições que deveriam ser referências de integridade, proteção e justiça.

Foi registrado um superávit na arrecadação de impostos no ano do exercício passado. Onde foi parar nosso dinheiro? Já imaginaram a sociedade nas ruas, com faixas e cartazes, fazendo esta pergunta? Parando trânsito, inviabilizando eventos, fechando estradas, ocupando órgãos públicos? Não! Existem formas democráticas e civilizadas para fazer esta cobrança. Não só com o voto, mas com a vigilancia dos nossos eleitos. Não o fazemos e tudo continua como antes. Portanto, dividamos as culpas. Façamos mais esta concessão aos nossos governantes.

Enquanto isso, o Senhor Presidente da República, em algum lugar do mundo, usando e abusando dos seus jargões saturados de metáforas infelizes e inoportunas, “blinda” antigos inimigos a quem classificava de ladrões e corruptos ou, perversa e cinicamente os defende, usando manobras legais como proteção, dizendo não saber de nada ou que os problemas do Legislativo não são seus... São de quem? Nosso! Claro!


ALICE ROSSINI