Acho engraçada essa idéia (sentimento) de culpa... e do quão convincente ela parece ser para nós - seres fictícios que sustentam quase nada do que pensam (sentem). Nós somos mesmo uma graça...
Para não me perder nas ironias, fico a pensar na função da culpa que seria tornarmo-nos mais perfeitos, com menos erros e falhas para, quem sabe, um dia, sermos reconhecidos sem imperfeições. Alguns ainda misturam isso com um plano divino, dizendo ser um plano de Deus.
Só esqueceram de entender o que significa PERFEIÇÃO... palavra que vem do verbo grego TELEIOS e que significa, ao pé da letra, “levado à integridade”. Se não estou enganado, algo íntegro é algo inteiro, ou seja, algo que nada exclui. Nesse sentido, parece que as coisas tomaram outros rumos e os gregos ficaram mesmo para trás. Perfeição virou exatamente a capacidade acurada de excluir. Exclui-se sem nem saber o quê... exclui-se até a si mesmo...vira-se um pedaço ou um fragmento de qualquer coisa para se parecer com algo inteiro.
Seria isso possível? Sim... seria, sim. Sabe como? Fazendo parte de uma legião de cacos culpados se pensando bondosos e perfeitos. Quem leu “ensaio sobre a cegueira” deve saber sobre o que falo. E aí surge a culpa como a promessa de conquistar o que a minha covardia não me permite. E aí haja boas intenções... a superlotação do inferno!
Sobra culpa e falta integridade... até penso que Deus tinha mesmo um plano perfeito quando disse a Adão e Eva que deveriam comer de todas as árvores do jardim, menos daquela que estava no centro. Deus não é bobo nem nada e não só colocou a árvore lá como ainda despertou o desejo. Tudo certinho para Adão e Eva se descobrirem inteiros e perderem a ingenuidade paradisíaca.
Se não suporta a própria integridade, não me venha com essa história de culpa, pois isso é historinha de criancinha no paraíso. Tô fora , faz tempo!
Ricardo Barreto - psicólogo
2 comentários:
(Estou reescrevendo um comentário,porque o primeiro não foi publicado)
Ricardo, seu texto é brilhante! Conseguiu desmascarar a CULPA e tirar-lhe todos os véus, como so um homem é capaz de fazê-lo(risos)
São eventos como estes que fizeram com que nunca me alistasse na tal guerra dos sexos, ate´porque não vejo sentido em nenhuma. Juntos fazemos coisas incríveis. Parabéns! Espero contar com sua parceria para dar mais densidade ao meu Blog
Rick, eu realmente gostei demais desse texto. Essa visão da culpa me pareceu totalmente nova e mexeu comigo. A frase " a culpa como a promessa de conquistar o que a minha covardia não me permite" é, realmente, provocativa e nos faz refletir sobre quem somos e em quem procuramos nos tornar. Ufa! Acho que depois dessa eu preciso mesmo é deitar num divã! Rs...
Bravo pelo texto! Vá fundo na escrita, se descubra como escritor e nos ajude a nos descobrir através das suas palavras!
beijo!
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