Longe de mim querer me igualar em talento e habilidade aqueles que aqui depositam seus textos para apreciação e deleite geral. Nao sou escritor nem fui educado para tão sublime e maravilhosa tarefa, mas, de vez em quando, sinto uma necessidade quase dolorosa de dar liberdade à pena, ou neste caso mais preciso, aos dedos, para que eles viajem pelo teclado do computador, traduzindo em palavras o que ocupa a minha mente no momento. Assim, aqui e ali vou depositando minhas ideias e sentimentos sobre tudo e sobre nada, isto, enquanto a gentileza da minha amiga Alice me permitir.
Sobre o que eu escrevo? Escrevo sobre coisas que me afligem, perturbam, alegram e/ou me entristecem. Brinco de escritor ou editorialista, falando sobre coisas simples ou complicadas, de fácil entendimento ou, pelo contrario, só entendidas por mim mesmo. Coisas ambiguas, complementares ou não, podem ser extremamente intensas ou ao contrario, bem “light” - desculpem o americanismo mas achei que ficava mais chic .
Enfim, coisas como os paragrafos que se seguem:
I- Até agora ainda não cheguei a nenhuma conclusão sobre o porquê do nosso querido Presidente vestir uma camisa vermelha cada vez que vai visitar o “POVO”. Ponho a palavra entre aspas porque para ele, e segundo o que se deduz dos seus tão interessantes e inteligentes discursos, "Povo" são os que não vivem em Brasilia, Rio ou Sao Paulo, com ABC incluído.
A camisa vermelha so pode ter sido presente de Hugo Chavez. A cor vermelha era a cor representativa do socialismo de estado. No passado, ser vermelho e barbudo era ser socialista, vanguardista, revolucionario. O azul ou verde definia o direitista, capitalista reacionario.
Aqui fica a minha dúvida. Por que uma camisa vermelha? Que vantagem eleitoral tem essa cor no contexto das inundações do Piauí ou do Amazonas, ou até nos deslizamentos na nossa querida Salvador?
Duas coisas são claras para mim. Primeiro, a cor dessa camisa é de um mau gosto inegável se levarmos em consideração o uso da mesma com calça de tergal. Vermelho com cinza escuro não "pegam". Por favor, estilistas de plantão, me ajudem nesta. Estarei errado?
A segunda coisa é que o Lula tem que se definir. Ou assume o seu socialismo acadêmico com o qual se deu a conhecer desde seus primordios de sindicalista atraindo tantos membros da classe media, incluindo eu mesmo, ou assume o capitalismo aberto que tem exercido o seu governo.
Neste momento, ele e uma das duas coisas abaixo, só não sei qual:
O Presidente Capilista mais socialista da historia, ou, O Presidente Socialista mas Capitalista da historia.
Só no Brasil, Capitalismo e Socialismo poderiam conviver numa relação tão intensa, quase sexual eu diria. Que beleza!
Seja o que for, deixemos os rotulismos de parte no que respeita a economia, e vamos seguir como estamos para não “mudar o time que está ganhando”.
No que respeita a camisa, por favor! Nem tem conteudo político nem estético nem eleitoral. Enfim, não entendo!
Ou será que é estratégia para agradar ao MST?
II- Detesto assistir a discussões acaloradas sobre religião. Evito participar delas sempre que posso. Foi meu destino viver em diversos países do mundo, de forma que contactei e vivi ombro a ombro com crenças diferentes e formas diferentes de ver a vida sob o ponto de vista religioso. Mas, uma coisa ficou clara: a Fé é o combustível de todas as crenças, sejam divinas ou não.
Aliás, a fé e o único elo em comum entre ateus e religiosos. Se os religiosos têm fé em seus deuses, os ateus têm uma fé ferrenha de que não há deus nenhum... Interessante isso.
Por conseguinte, em tudo o que me proponho fazer na vida, coloco a fé como alavanca para alcançar o meu objetivo. A fé como ferramenta de persistência é de uma eficiência inegável. Use a fé como aliada e sempre se dará bem.
III- Por que será que há tanta discussão sobre quem vai controlar a CPI da Petrobras? Por que o Governo está tão empenhado em não deixar os brasileiros saberem como a Petrobras faz, para esconder o astronômico lucro que tem com os combustiveis vendidos no mercado nacional? Por que nós temos que pagar por uma gasolina tão cara quando já somos, (ou sera que não?) auto-suficientes em petróleo? E mais, para onde vai todo esse lucro?
O que é que os politicos sabem que nós não sabemos?
IV-Precisamos, urgentemente, de indicações sobre o paradeiro da bruxa que lançou tão poderosas pragas contra o meu Fluminense. Necessitamos de outras ajudas ainda mais poderosas para sairmos desta situação vergonhosa e frustrante.
Em caso positivo, por favor, contactar o Sr. Carlos Alberto Parreia e toda a turma que trabalha com ele, incluindo jogadores, o presidente do clube das Laranjeiras e, porque não, a torcida. Todo o mundo tem que tomar um banho de folhas.
V- Dentro de poucas semanas vou cumprir 33 anos de casado. Mais 2 anos de namoro e mais os anos de coleguinha desde o jardim de infância atá o primeiro do cientifico, quase sempre na mesma sala, sao 47 dos 54 anos que tenho de vida, ou seja ,em 87% de toda a minha vida tenho repartido os meus dias, minhas emoções e meus sentimentos com mesma Mulher.
Eu facilito as contas para vocês. Casamos-nos e, ainda não havíamos completado 21.
Se eu fosse um matemático louco por estatistica e determinasse uma data específica, diria que nos estamos descobrindo há exatos 46 anos, 10 meses, 13 dias e algumas horas, até o momento em que escrevo estas linhas. Não sou matemático, mas sou muito apaixonado!
Em nenhum desdes anos, meses, dias e horas, eu deixei de descobrir algo novo e absolutamente maravilhoso na mulher com quem eu tenho rapartido todo este tempo, e com isso, me tenho tornado um ser humano mais feliz, mais rico espiritualmente, mais amigo, mais pai, mais amante, mais cúmplice, mais sereno, enfim muito melhor homem a cada dia que passa.
Aí, se me permitem os filósofos, que entra a grande questão: O que é mais gratificante, a felicidade ou a luta e o sacrificio para mante-la viva? Se estas duas coisas têm relação entre si, eu diria que 99% dos casamentos se desfazem por preguiça. Preguiça em lutar para criar uma relação feliz. Preguiça em lutar pelo que se tem e pelo que vem em beneficio de algo que nos parece mais saboroso e diferente. A diferença entre A e B não deveria ser motivo de separação entre duas pessoas já que, quando há luta por manter uma relação, uma pessoa pode ser quantas quiser. Se isso ajudar a consolidar a relação, logo, A pode muito bem ser igual a B ou B ser igual a A.
Espero que tenham entendido o que quis dizer. Se não entenderam, basta saberem o quanto sou feliz em estar com a mesma pessoa há 47 anos. Assim, fica fácil o entendimento
No próximo dia dos namorados não vamos estar juntos fisicamente, entretanto, mais do que nunca (eta Faustão!) estaremos unidos! Não tem sido fácil o caminho até chegarmos aqui, mas, quem quer coisas faceis? Eu repetiria tudo outra vez, e em dobro, se isso fosse necessario para duplicar ainda mais o prazer que é viver ao lado da minha Mulher.
Mais ainda, se eu pudesse voltar para trás numa máquina do tempo, repetiria tudo igualzinho...e sempre contigo, meu amor.
Desculpem se fui piegas, mas meu amor falou mais alto que minhas aspirações literárias
FERNANDO - O Trovador
o cotidiano e suas contradições, descrito e compartilhado - Blog inaugurado em 18 de fevereiro de 2 009 - ANO VIII
sábado, 30 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
ONDE ESTA A COERÊNCIA ?
MP vai embargar obra do MP
Por mais atarantados que os procuradores e promotores estejam com o universo de processos que cercam as suas mesas, tenho cá para mim que os sisudos homens e mulheres do Ministério Público baiano tem, no fundo, um senso de humor apurado. Tão apurado que eles só conseguem esboçar um sorriso quando a piada ultrapassa o limite do inusitado. Mesmo, neste momento, na condição de bobo da corte, não tenho absolutamente nada em mente que possa divertir a coroa – como coroa entenda-se a espécie de reinado hoje muito bem exercido pelo MP, que não é nenhum bicho papão, mas apavora gente grande com ou sem culpa no cartório. O MP – que nenhum dos seus integrantes me leia ou me ouça (ainda bem que falo pouco) – tem, entre suas funções, garantir o direito à cidadania e o cumprimento da lei. Se me permitem, diria que onde há fumaça, ao invés de fogo, há um representante do Ministério Público.
Agora me dou ao desplante de mudar as regras do jogo e convidar a sociedade civil (desorganizada,de preferência, já que, pessoalmente, odeio a organização de uma sociedade que tradicionalmente está no mundo da lua) a dirigir seus olhos e ouvidos para o MPE. Seguinte: na próxima terça-feira, às nove horas, no Centro Administrativo (CAB) o governador Jaques Wagner e o procurador-geral da Justiça Lidivaldo Britto vão lançar a pedra fundamental para a construção da nova sede do Ministério Público da Bahia. Será ao lado do Tribunal de Justiça e ocupará uma área de 15.600 metros quadrados. O terreno foi doado por Wagner (até tu, Wagner?). A obra está orçada em R$ 38 milhões e será executada pela Axxo Construtora Ltda, com entrega prevista para 15 meses.
Estou decepcionado com o MP. Estou PT da vida com Wagner. Sei que não garanto as calças que visto. Se garantisse daria um tiro na cachola. Minha revolta faz sentido. Não acredito (acredito, sim, mas finjo não crer) que o MP vai levantar um imóvel imenso numa localidade onde, segundo a própria instituição, está sendo devastada e cujo meio ambiente é alvo permanente de empresários predadores. Não passa pelo meu cabeção de jumento que o MP vai edificar uma obra na mesma região em que a entidade pretende, com ações na Justiça, frear empreendimentos na ordem de R$ 4 bilhões aproximadamente e que empregam cerca de 14 mil trabalhadores.
Amanhã cedinho, ao raiar do dia (não precisa ser tão cedinho assim) vou ao MP aqui perto da Tribuna da Bahia (fica na Avenida Joana Angélica) conhecer os pormenores da construção. Não apenas conhecer, mas saber nos mínimos detalhes quais os riscos que as obras trarão para as espécies animais e vegetais em extinção e que serão banidas de lá ironicamente por seus maiores defensores. Proponho-me também fazer uma devassa completa (não é assim que os procuradores e os promotores públicos fazem?) no projeto inclusive no seu custo. Afinal, os tempos são de crise. Crise internacional, nacional e local. Talvez não fosse este o momento para se erguer mais um monumento na cidade e logo aonde... em local tido como de preservação da mata atlântica. Lembrei-me: quero também ver a conclusão dos estudos de impacto ambiental, a aprovação Ibama, Crea e até da prefeitura de Salvador. Não sobrará pedra sobre pedra! Convoco a ABI, a Federação dos Bairros de Salvador, o Clube de Engenharia e o Instituto de Arquitetura a me seguirem nessa empreitada.
Para terminar, estou à procura de uma banca de advogados de renome (só serve assim) para que tomemos duas medidas. Antes, uma explicação objetiva: como a situação está russa e até o dinheiro do buzu anda escasso, previno aos nossos doutores em Direito que eles atuariam a favor de uma causa nobre. Portanto, não teriam
honorários. Mas a ajuda deles será imprescindível para que eu possa entrar com uma ação no Ministério Público da Bahia contra o Ministério Público da Bahia e sua decisão descabida e inusitada de transferência sua sede para a Paralela e, passo seguinte, uma vez acatado nosso recurso, o MPE encaminhará pedido à Justiça para embargar os trabalhos que ele mesmo autorizou. Vamos, assim, impedir a mortandade indiscriminada dos mosquitos, dos morcegos, dos sapos e das rãs, das cobras e dos papas-capim. Posso, entretanto, estar enganado. Talvez a aquisição da vasta área seja somente para a plantação de massaranduba, jacarandá, pau d‘arco e outras árvores menos importantes para, digamos, o regozijo dos ambientalistas. Deixo a palavra com a procuradora Cíntia Seixas, salvo engano da Comissão do Meio Ambiente do MP. Aqui para nós doutora, que papelão. O MP usa do adágio faça o que eu digo (paralisem os investimentos na Paralela, a qualquer custo, mesmo comprometendo o sustento de milhares de famílias humildes), mas não faça o que eu faço. Ou seja, em nome do conforto pessoal dos senhores pode-se “invadir” a Paralela. E daí? E daí que tudo o mais vá para o inferno.
(Tribuna da Bahia Jânio Lopo 28.05.2009)
Por mais atarantados que os procuradores e promotores estejam com o universo de processos que cercam as suas mesas, tenho cá para mim que os sisudos homens e mulheres do Ministério Público baiano tem, no fundo, um senso de humor apurado. Tão apurado que eles só conseguem esboçar um sorriso quando a piada ultrapassa o limite do inusitado. Mesmo, neste momento, na condição de bobo da corte, não tenho absolutamente nada em mente que possa divertir a coroa – como coroa entenda-se a espécie de reinado hoje muito bem exercido pelo MP, que não é nenhum bicho papão, mas apavora gente grande com ou sem culpa no cartório. O MP – que nenhum dos seus integrantes me leia ou me ouça (ainda bem que falo pouco) – tem, entre suas funções, garantir o direito à cidadania e o cumprimento da lei. Se me permitem, diria que onde há fumaça, ao invés de fogo, há um representante do Ministério Público.
Agora me dou ao desplante de mudar as regras do jogo e convidar a sociedade civil (desorganizada,de preferência, já que, pessoalmente, odeio a organização de uma sociedade que tradicionalmente está no mundo da lua) a dirigir seus olhos e ouvidos para o MPE. Seguinte: na próxima terça-feira, às nove horas, no Centro Administrativo (CAB) o governador Jaques Wagner e o procurador-geral da Justiça Lidivaldo Britto vão lançar a pedra fundamental para a construção da nova sede do Ministério Público da Bahia. Será ao lado do Tribunal de Justiça e ocupará uma área de 15.600 metros quadrados. O terreno foi doado por Wagner (até tu, Wagner?). A obra está orçada em R$ 38 milhões e será executada pela Axxo Construtora Ltda, com entrega prevista para 15 meses.
Estou decepcionado com o MP. Estou PT da vida com Wagner. Sei que não garanto as calças que visto. Se garantisse daria um tiro na cachola. Minha revolta faz sentido. Não acredito (acredito, sim, mas finjo não crer) que o MP vai levantar um imóvel imenso numa localidade onde, segundo a própria instituição, está sendo devastada e cujo meio ambiente é alvo permanente de empresários predadores. Não passa pelo meu cabeção de jumento que o MP vai edificar uma obra na mesma região em que a entidade pretende, com ações na Justiça, frear empreendimentos na ordem de R$ 4 bilhões aproximadamente e que empregam cerca de 14 mil trabalhadores.
Amanhã cedinho, ao raiar do dia (não precisa ser tão cedinho assim) vou ao MP aqui perto da Tribuna da Bahia (fica na Avenida Joana Angélica) conhecer os pormenores da construção. Não apenas conhecer, mas saber nos mínimos detalhes quais os riscos que as obras trarão para as espécies animais e vegetais em extinção e que serão banidas de lá ironicamente por seus maiores defensores. Proponho-me também fazer uma devassa completa (não é assim que os procuradores e os promotores públicos fazem?) no projeto inclusive no seu custo. Afinal, os tempos são de crise. Crise internacional, nacional e local. Talvez não fosse este o momento para se erguer mais um monumento na cidade e logo aonde... em local tido como de preservação da mata atlântica. Lembrei-me: quero também ver a conclusão dos estudos de impacto ambiental, a aprovação Ibama, Crea e até da prefeitura de Salvador. Não sobrará pedra sobre pedra! Convoco a ABI, a Federação dos Bairros de Salvador, o Clube de Engenharia e o Instituto de Arquitetura a me seguirem nessa empreitada.
Para terminar, estou à procura de uma banca de advogados de renome (só serve assim) para que tomemos duas medidas. Antes, uma explicação objetiva: como a situação está russa e até o dinheiro do buzu anda escasso, previno aos nossos doutores em Direito que eles atuariam a favor de uma causa nobre. Portanto, não teriam
honorários. Mas a ajuda deles será imprescindível para que eu possa entrar com uma ação no Ministério Público da Bahia contra o Ministério Público da Bahia e sua decisão descabida e inusitada de transferência sua sede para a Paralela e, passo seguinte, uma vez acatado nosso recurso, o MPE encaminhará pedido à Justiça para embargar os trabalhos que ele mesmo autorizou. Vamos, assim, impedir a mortandade indiscriminada dos mosquitos, dos morcegos, dos sapos e das rãs, das cobras e dos papas-capim. Posso, entretanto, estar enganado. Talvez a aquisição da vasta área seja somente para a plantação de massaranduba, jacarandá, pau d‘arco e outras árvores menos importantes para, digamos, o regozijo dos ambientalistas. Deixo a palavra com a procuradora Cíntia Seixas, salvo engano da Comissão do Meio Ambiente do MP. Aqui para nós doutora, que papelão. O MP usa do adágio faça o que eu digo (paralisem os investimentos na Paralela, a qualquer custo, mesmo comprometendo o sustento de milhares de famílias humildes), mas não faça o que eu faço. Ou seja, em nome do conforto pessoal dos senhores pode-se “invadir” a Paralela. E daí? E daí que tudo o mais vá para o inferno.
(Tribuna da Bahia Jânio Lopo 28.05.2009)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
EDITORIAL
Ontem, 26 de maio, o jornal A TARDE, publicou EDITORIAL que me impactou sob o título SILÊNCIO OBSCENO.
Como funcionária pública participei do processo de fortalecimento do MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL. Por dever de ofício, pesquisei e constatei a importância fundamental do seu papel na Democracia.
Sem entrar no mérito das questões abordadas no referido Editorial que transcrevo abaixo, proponho um ”intermezzo” quanto ao tema em que nos debruçávamos - Felicidade. Por achar que se não confiarmos nas reais intenções dos que nos governam e nas de quem tem por dever constitucional zelar pelo cumprimento da lei e da ordem, teremos que rever tudo que já construímos, repensar em que País estamos vivendo e exigir segurança, competência e seriedade para que se restaure a confiança nas Instituições, que só os regimes democráticos são capazes de assegurar
VERSO & REVERSO
Como funcionária pública participei do processo de fortalecimento do MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL. Por dever de ofício, pesquisei e constatei a importância fundamental do seu papel na Democracia.
Sem entrar no mérito das questões abordadas no referido Editorial que transcrevo abaixo, proponho um ”intermezzo” quanto ao tema em que nos debruçávamos - Felicidade. Por achar que se não confiarmos nas reais intenções dos que nos governam e nas de quem tem por dever constitucional zelar pelo cumprimento da lei e da ordem, teremos que rever tudo que já construímos, repensar em que País estamos vivendo e exigir segurança, competência e seriedade para que se restaure a confiança nas Instituições, que só os regimes democráticos são capazes de assegurar
VERSO & REVERSO
SILÊNCIO OBSCENO
Dois casos recentes que se deram em Salvador merecem reflexão especial sobre como a insegurança jurídica é capaz de minar as relações do setor privado com instituições e poderes públicos – assim como dos cidadãos com ambos.
No início deste mês, os ministérios públicos federal e estadual divulgaram teor de requerimento enviado a nove instituições bancárias. O documento recomenda a suspensão de financiamentos aos imóveis localizados na Avenida Luiz Viana Filho, a Paralela.
Os bancos foram abordados pelos MPs sob a justificativa de ser necessário agir “em defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado e da saúde dos trabalhadores da construção civil”.
Por definição, o papel dos MPs é “zelar pela defesa da ordem jurídica, dos interesses sociais e individuais”, gozando inclusive da prerrogativa de não se vincular a qualquer um dos três poderes.
É inquestionável, portanto, a relevância do seu papel, mas a atitude dos MPs remete a perguntas que precisam ser respondidas em alto e bom som: falharam os argumentos e
mecanismos legais? Falharam a fiscalização, a prefeitura, o Ibama, os próprios MPs, a Justiça, restando apenas pressionar empreendedores e bancos através de um requerimento que não tem valor de determinação? Parece, no mínimo, errado partir para uma espécie de tática de guerrilha em que os fins justificam os meios. Sobretudo quando se leva em conta que há uma ação civil pública sobre o assunto já ajuizada.
O outro caso, mais recente, envolve um conjunto de torres projetado para ser erguido na Avenida Contorno, o Cloc Marina Residence. Argumentam os empreendedores, e não negam prefeitura, Sucom e Iphan, que toda a documentação necessária foi encaminhada e examinada ao longo de um ano de processo de liberação de obra.
A incorporação está registrada em cartório, o alvará municipal tem número e data, mas o Executivo de Salvador decidiu rever a autorização. O serviço foi malfeito antes? O alvará foi liberado mesmo pairando alguma dúvida sobre documentos? É um silêncio obsceno este, porque coloca em dúvida a seriedade das instituições públicas, a idoneidade de empreendimentos e a boa-fé da sociedade.
EDITORIAL DE A TARDE DE 26/05/2009
No início deste mês, os ministérios públicos federal e estadual divulgaram teor de requerimento enviado a nove instituições bancárias. O documento recomenda a suspensão de financiamentos aos imóveis localizados na Avenida Luiz Viana Filho, a Paralela.
Os bancos foram abordados pelos MPs sob a justificativa de ser necessário agir “em defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado e da saúde dos trabalhadores da construção civil”.
Por definição, o papel dos MPs é “zelar pela defesa da ordem jurídica, dos interesses sociais e individuais”, gozando inclusive da prerrogativa de não se vincular a qualquer um dos três poderes.
É inquestionável, portanto, a relevância do seu papel, mas a atitude dos MPs remete a perguntas que precisam ser respondidas em alto e bom som: falharam os argumentos e
mecanismos legais? Falharam a fiscalização, a prefeitura, o Ibama, os próprios MPs, a Justiça, restando apenas pressionar empreendedores e bancos através de um requerimento que não tem valor de determinação? Parece, no mínimo, errado partir para uma espécie de tática de guerrilha em que os fins justificam os meios. Sobretudo quando se leva em conta que há uma ação civil pública sobre o assunto já ajuizada.
O outro caso, mais recente, envolve um conjunto de torres projetado para ser erguido na Avenida Contorno, o Cloc Marina Residence. Argumentam os empreendedores, e não negam prefeitura, Sucom e Iphan, que toda a documentação necessária foi encaminhada e examinada ao longo de um ano de processo de liberação de obra.
A incorporação está registrada em cartório, o alvará municipal tem número e data, mas o Executivo de Salvador decidiu rever a autorização. O serviço foi malfeito antes? O alvará foi liberado mesmo pairando alguma dúvida sobre documentos? É um silêncio obsceno este, porque coloca em dúvida a seriedade das instituições públicas, a idoneidade de empreendimentos e a boa-fé da sociedade.
EDITORIAL DE A TARDE DE 26/05/2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
FELIX CULPA
O que é felicidade? As palavras não passam de interpretações, antes mesmo de serem signos, e elas só significam porque são “interpretações essenciais”. Segundo Nietzsche, as palavras foram inventadas pelas classes superiores e assim, não indicam um significado, mas impõem uma interpretação. Parece-me que a felicidade, tem algo espantosamente denso, algo que lembra alegria, riso, plenitude e com certeza além da plenitude e densidade também trás brilho que se dissipa tão rapidamente, terminando de maneira tão decidida. É uma palavra que, dicotomicamente, pode nos fazer rir ou chorar.
Não existem causas externas da felicidade, elas são apenas desculpas. Felicidade é uma sensação. Que sensação é esta? É a satisfação em ter uma necessidade atendida, saciada, um projeto realizado?
Compreender essa sensação é saber individualizar no universo pessoal, pois o que é motivo de felicidade para uns, pode ser de infelicidade para outros. É um sentimento que pode metamorfosear-se em cada instante, tendo significados diferentes.
A procura do autoconhecimento ajuda na transformação de desejos em vontade e da vontade em projeto de vida. Aprendendo a ser responsável pelas próprias escolhas, assumindo o sofrimento dos erros e fracassos e o gosto das conquistas e vitórias.
Sempre ouvi esta frase “a vida nos cobra um preço antecipado por tudo que queremos, desejamos, almejamos” – esta frase caracteriza bem o pensamento judaico cristão da sociedade. Porque a vida tem que cobrar? Ou somos nós mesmo que nos impomos sofrimento ou culpa de não termos feito o que “devíamos”?
Podemos encontrar algumas explicações para esta frase em vasta literatura – A Félix Culpa. Que melhor lugar para procurar o embrião da culpa, senão na matriz original da cultura ocidental? Será que temos que sofrer para sermos felizes?
A religião, numa passagem bíblica, cita que a humanidade só recebeu “redenção”, após o arrependimento de Adão e Eva por ter conhecido o fruto proibido. A tônica sentimental era a de que Adão havia sido corrompido através de Eva, e depois disso tudo saiu errado. A própria Igreja sempre afirmou que Maria corrigiu todos os erros e Eva cometeu todos os erros. Eva só é tolerável porque as coisas foram corrigidas mais tarde. Creio que o maior legado cristão imposto ao psiquismo humano é o desafio de quem realmente é inocente, impedindo inclusive que a pessoa não abandone suas experiências de sofrimento Quanto maior o sofrimento, maior será o senso do dever em detrimento da satisfação pessoal.
A história da psicologia nos mostrou que a capacidade para o prazer é algo que nos é delegado, seja por um ambiente familiar amoroso e compreensivo, ou algo que apenas obteremos pela luta ou conquista, externamente ou lidando com nossos medos internos. A conseqüência máxima para a personalidade culposa é a de que a mesma não possui a menor noção de seus "direitos" afetivos, pessoais e sociais. Sua vida é uma tortuosa espera da autorização do outro para minimizar sua angústia.
Se refletirmos historicamente, no passado o prazer era uma fonte proibida de se tocar, porém já em nossos tempos podemos experimentar de tudo, mas parece que a proibição ainda permanece, seja no vazio de nossa vida diária, ou o tédio a que somos constantemente submetidos.
Deixo um trecho de uma música de Lula Queiroga, interpretada pela Zélia Duncan – O Habitat da Felicidade, tendo hoje a certeza que a Felicidade não precisa estar aliada a culpas e que ela mora dentro de cada um de nós.
O HABITAT DA FELICIDADE
Felicidade não precisa de culpa
Felicidade é o alívio da dor
Felicidade é higiene mental
Exercício da alma
Só alguém
Que na vida sofreu todo tipo de dor
Sabe dar valor
Aos caprichos da felicidade...
LÚCIA IZABEL - Consultora Organizacional
Não existem causas externas da felicidade, elas são apenas desculpas. Felicidade é uma sensação. Que sensação é esta? É a satisfação em ter uma necessidade atendida, saciada, um projeto realizado?
Compreender essa sensação é saber individualizar no universo pessoal, pois o que é motivo de felicidade para uns, pode ser de infelicidade para outros. É um sentimento que pode metamorfosear-se em cada instante, tendo significados diferentes.
A procura do autoconhecimento ajuda na transformação de desejos em vontade e da vontade em projeto de vida. Aprendendo a ser responsável pelas próprias escolhas, assumindo o sofrimento dos erros e fracassos e o gosto das conquistas e vitórias.
Sempre ouvi esta frase “a vida nos cobra um preço antecipado por tudo que queremos, desejamos, almejamos” – esta frase caracteriza bem o pensamento judaico cristão da sociedade. Porque a vida tem que cobrar? Ou somos nós mesmo que nos impomos sofrimento ou culpa de não termos feito o que “devíamos”?
Podemos encontrar algumas explicações para esta frase em vasta literatura – A Félix Culpa. Que melhor lugar para procurar o embrião da culpa, senão na matriz original da cultura ocidental? Será que temos que sofrer para sermos felizes?
A religião, numa passagem bíblica, cita que a humanidade só recebeu “redenção”, após o arrependimento de Adão e Eva por ter conhecido o fruto proibido. A tônica sentimental era a de que Adão havia sido corrompido através de Eva, e depois disso tudo saiu errado. A própria Igreja sempre afirmou que Maria corrigiu todos os erros e Eva cometeu todos os erros. Eva só é tolerável porque as coisas foram corrigidas mais tarde. Creio que o maior legado cristão imposto ao psiquismo humano é o desafio de quem realmente é inocente, impedindo inclusive que a pessoa não abandone suas experiências de sofrimento Quanto maior o sofrimento, maior será o senso do dever em detrimento da satisfação pessoal.
A história da psicologia nos mostrou que a capacidade para o prazer é algo que nos é delegado, seja por um ambiente familiar amoroso e compreensivo, ou algo que apenas obteremos pela luta ou conquista, externamente ou lidando com nossos medos internos. A conseqüência máxima para a personalidade culposa é a de que a mesma não possui a menor noção de seus "direitos" afetivos, pessoais e sociais. Sua vida é uma tortuosa espera da autorização do outro para minimizar sua angústia.
Se refletirmos historicamente, no passado o prazer era uma fonte proibida de se tocar, porém já em nossos tempos podemos experimentar de tudo, mas parece que a proibição ainda permanece, seja no vazio de nossa vida diária, ou o tédio a que somos constantemente submetidos.
Deixo um trecho de uma música de Lula Queiroga, interpretada pela Zélia Duncan – O Habitat da Felicidade, tendo hoje a certeza que a Felicidade não precisa estar aliada a culpas e que ela mora dentro de cada um de nós.
O HABITAT DA FELICIDADE
Felicidade não precisa de culpa
Felicidade é o alívio da dor
Felicidade é higiene mental
Exercício da alma
Só alguém
Que na vida sofreu todo tipo de dor
Sabe dar valor
Aos caprichos da felicidade...
LÚCIA IZABEL - Consultora Organizacional
sábado, 23 de maio de 2009
EDITORIAL
Morreu JOSÉ RODRIGUES TRINDADE, ZÉ RODRIX.
O Brasil perde mais um artista. O VERSO&REVERSO lamenta sua perda, postando um dos seus mais belos textos, CASA DE CAMPO que, pelo menos para mim, tem um significado especial.
Representou uma quimera de felicidade, ainda atual, apesar de a Felicidade hoje, associar-se a tantas outras condições desnecessárias, para alguns...
VERSO & REVERSO
O Brasil perde mais um artista. O VERSO&REVERSO lamenta sua perda, postando um dos seus mais belos textos, CASA DE CAMPO que, pelo menos para mim, tem um significado especial.
Representou uma quimera de felicidade, ainda atual, apesar de a Felicidade hoje, associar-se a tantas outras condições desnecessárias, para alguns...
VERSO & REVERSO
CASA NO CAMPO - Zé Rodrix
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando
Solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão, a pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau a pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando
Solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão, a pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau a pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
quarta-feira, 20 de maio de 2009
QUE A FELICIDADE SEJA ETERNA, ENQUANTO DURE
Tudo que é bom dura pouco, já ensina a sabedoria popular.
Aliás, se não fosse assim, a bonança, normalmente tão fugaz e tão passageira, perderia os seus encantos.
Restaria mesmo comum, desvalorizada e banal.
Não haveria qualquer sentido na bonança se ela não viesse para o alívio tranqüilizador após a tempestade.
E se não houvesse o sentido de que outras tormentas advirão...
Assim é com a felicidade.
Momentos felizes funcionam como um contraponto às angústias, aos medos e às desilusões que impregnam a vida e alma humanas.
São sopros benfazejos na vida, dura vida.
É possível ser feliz por todo o tempo e por todos os momentos?
Não, dizem os poetas: “Tristeza não tem fim, felicidade sim”, escreveu Vinícius de Moraes, na célebre parceria com Tom Jobim:
“A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar,
Voa tão leve, mas tem a vida breve,
Precisa que haja vento sem parar”
Todos anseiam por momentos felizes, normalmente custosos de chegar e que parecem sempre trazer o aviso prévio da brevidade.
Mais do que nos próprios momentos de ocorrência, a felicidade persiste na lembrança daquele bom hiato ou do agradável lapso de tempo; volátil, como uma lufada perfumada.
“Felicidade foi embora e a saudade no meu peito ainda mora”.
Vinícius diz que a felicidade tem vida breve, Caetano declama que a felicidade vai embora e... deixa saudades.
A felicidade, para um ser esfomeado é um bom prato de comida.
Para um amante, a conquista da mulher desejada.
A felicidade parece ser mesmo o ato de alcançar os desejos, sejam da carne ou sejam do espírito.
O dinheiro facilita tudo, mas, em termos de felicidade duradora, não garante nada. Não sei se foi Truman Capote, ou Norman Mailler, quem disse:
- O dinheiro não traz felicidade... compra!
Deve ser por isso que as mulheres sentem-se tão felizes quando entram num shopping center munidas de cartões de crédito.
A felicidade, às vezes, é um par de sapatos novos, meias de seda, um penteado diferente, um brinco, o fetiche das novas peças íntimas...
Um sábado radiante e feliz, antecipando um domingo abatido pela promessa de um amor que não se cumpriu.
Felicidade também é um simples galanteio, uma troca de olhares interessados, um encontro ou reencontro inesperados. Um assobio, um fiu-fiu.
Um pique, um surto de alto estima, pois uma coisa parece certa: a felicidade ocorre em momentos, como golfadas de ar fresco em meio ao deserto.
E que assim seja, pois só dessa forma as felicidades se renovam.
Voltemos a Jobim: são as águas de março que encerram o verão.
Pois as felicidades nascem e morrem, sazonais como as estações.
E, por fim, parafraseando Vinícius:
Que sejam as felicidades eternas... enquanto durem.
SÉRGIO GOMES - Jornalista
segunda-feira, 18 de maio de 2009
EDITORIAL
Um dos objetivos do VERSO¬REVERSO é fomentar a reflexão sobre qualquer tema que nos inquiete, nos alegre ou nos entristeça. A todos é dado o direito de propor e falar sobre qualquer assunto, sem o compromisso que o interesse seja um consenso.
Pois bem. Através de questões pessoais, curiosidade intelectual e a descoberta de uma vasta literatura sobre o assunto, o que pressupõe que não estou só nas minhas inquietações, quero propor, e para isto cometi a ousadia de escrever, a título de provocação, sobre FELICIDADE, assunto que espero, conste como tema das novas postagens neste Blog.
Portanto, convido meus leitores a manifestarem-se da forma que acharem conveniente sobre tema tão difuso, amplo, quanto controverso e pessoal.
VERSO E REVERSO
Pois bem. Através de questões pessoais, curiosidade intelectual e a descoberta de uma vasta literatura sobre o assunto, o que pressupõe que não estou só nas minhas inquietações, quero propor, e para isto cometi a ousadia de escrever, a título de provocação, sobre FELICIDADE, assunto que espero, conste como tema das novas postagens neste Blog.
Portanto, convido meus leitores a manifestarem-se da forma que acharem conveniente sobre tema tão difuso, amplo, quanto controverso e pessoal.
VERSO E REVERSO
FELICIDADE: UM DIREITO OU UMA OBRIGAÇÃO?
A obrigação de ser feliz está me tornando profundamente infeliz! Se existe uma pandemia, ela se chama “busca frenética pela felicidade”
Quem não quer ser feliz? Todos querem, mas, cada um do seu jeito e segundo seus conceitos, preconceitos e valores.
Existe uma campanha, através de todas as mídias, que determina o comportamento humano. A obrigação do sorriso eterno, da alegria indiferente às circunstancias, o prazer obrigatório, a necessidade de possuir objetos e ter acesso a confortos até ontem desconhecidos.
Aí é que a coisa pega. Confundir felicidade com estes prazeres. Principalmente, quando estes prazeres têm que ser conseguidos a qualquer custo, não importa o que sacrifiquemos em nome deles. Até o presente, a única coisa que realmente temos e que nos escapa a cada fração de segundos.
Quero deixar claro que não sou masoquista, adoro sorrir e também usufruo de todos os prazeres que a vida pode oferecer. Entretanto, sei que deve haver um cuidado em estabelecer prioridades e uma urgência em definir critérios que nos balizem, à medida que o tempo passa, para definir os conteúdos e os significados de prazer, já que felicidade é um conceito vago.
Houve períodos na história da Humanidade, com o aval de filósofos, pensadores e instituições, em que o corpo era desqualificado e toda a felicidade e prazeres seriam vivenciados em outra vida, a vida eterna. O mal estar era inexorável. Acho eu, que ainda é, dado que a impermanência é inerente à vida e aos seres. Ou estamos felizes e tensos em não sair da nossa zona de conforto ou estamos infelizes ansiando pelo retorno à felicidade.
Só que, o que determina estar feliz ou não, baseia-se em fatos circunstanciais, que, como disse, mudam a cada instante.
Com o final das guerras, com a revolução industrial, com a produção de bens de consumo em serie, o homem criou para si uma armadilha e emaranhou-se nela. Felicidade passou a ser sinônimo de riqueza e poder. Tudo isto fez parte de um momento filosófico – o Iluminismo – que acenou com uma luz brilhante no final do túnel.
Com o passar do tempo, a estes pilares, foram acrescidas necessidades de beleza e de juventude eterna, determinadas e fomentadas pela ganância das respectivas indústrias.
O controle dos bens de produção, o desenvolvimento e o acesso ao conhecimento científico, diminuiu o nível de frustração de toda uma geração, sem perspectiva de mudança, pois criamos nossos filhos a nossa imagem e semelhança.
Ao longo do tempo, o conceito já tão difuso de felicidade, contaminou-se. Foi associado, pelo homem moderno, a sucesso antes de ser sinônimo de bem estar.
Percebo que nós, de um modo geral, diante do devastador e justificado pavor da morte, passamos a existir com outras medidas de tempo. Os ponteiros dos nossos relógios emocionais giram de forma frenética e assim, entram em descompasso com fuso horário da realidade, que continua indiferente aos nossos anseios e começa a tirar-nos horas, minutos, segundos e milésimos de segundos, preciosos.
É, justamente em cima destes milésimos de segundos, que a vida acontece e evapora-se.
Nossos filhos são um bom parâmetro para avaliar este fenômeno. Num dia estamos grávidos, no outro nascem, no outro crescem, no outro voam e no outro se multiplicam.
Como eles, éramos jovens, corríamos atrás de nossos sonhos, onde eles estavam incluídos, precisávamos de dinheiro, conhecimento, construir, desconstruir e administrar relações, certezas, conceitos e preconceitos. Enfim, a vida nos solicitava da mesma forma frenética de hoje e não tínhamos nem maturidade, nem discernimento para saber freá-la e impor um ritmo que trabalhasse a nosso favor
Não é sem motivos, que constatamos o elevado índice de suicídios em países desenvolvidos, a desagregação familiar, o esgarçamento das relações, a violência em todas as suas manifestações, o abuso de drogas, a euforia histérica que apelidam de felicidade
Órfão de ideais, árido de sentimentos mais consistentes, sedento em possuir e em determinar a vida alheia, o homem de hoje, é terreno fértil para prazeres fugazes, que são bons e necessários, mas, não são fundamentais e nem de longe acenam em minorar o mal estar, do qual será eternamente vitima...
ALICE ROSSINI
Quem não quer ser feliz? Todos querem, mas, cada um do seu jeito e segundo seus conceitos, preconceitos e valores.
Existe uma campanha, através de todas as mídias, que determina o comportamento humano. A obrigação do sorriso eterno, da alegria indiferente às circunstancias, o prazer obrigatório, a necessidade de possuir objetos e ter acesso a confortos até ontem desconhecidos.
Aí é que a coisa pega. Confundir felicidade com estes prazeres. Principalmente, quando estes prazeres têm que ser conseguidos a qualquer custo, não importa o que sacrifiquemos em nome deles. Até o presente, a única coisa que realmente temos e que nos escapa a cada fração de segundos.
Quero deixar claro que não sou masoquista, adoro sorrir e também usufruo de todos os prazeres que a vida pode oferecer. Entretanto, sei que deve haver um cuidado em estabelecer prioridades e uma urgência em definir critérios que nos balizem, à medida que o tempo passa, para definir os conteúdos e os significados de prazer, já que felicidade é um conceito vago.
Houve períodos na história da Humanidade, com o aval de filósofos, pensadores e instituições, em que o corpo era desqualificado e toda a felicidade e prazeres seriam vivenciados em outra vida, a vida eterna. O mal estar era inexorável. Acho eu, que ainda é, dado que a impermanência é inerente à vida e aos seres. Ou estamos felizes e tensos em não sair da nossa zona de conforto ou estamos infelizes ansiando pelo retorno à felicidade.
Só que, o que determina estar feliz ou não, baseia-se em fatos circunstanciais, que, como disse, mudam a cada instante.
Com o final das guerras, com a revolução industrial, com a produção de bens de consumo em serie, o homem criou para si uma armadilha e emaranhou-se nela. Felicidade passou a ser sinônimo de riqueza e poder. Tudo isto fez parte de um momento filosófico – o Iluminismo – que acenou com uma luz brilhante no final do túnel.
Com o passar do tempo, a estes pilares, foram acrescidas necessidades de beleza e de juventude eterna, determinadas e fomentadas pela ganância das respectivas indústrias.
O controle dos bens de produção, o desenvolvimento e o acesso ao conhecimento científico, diminuiu o nível de frustração de toda uma geração, sem perspectiva de mudança, pois criamos nossos filhos a nossa imagem e semelhança.
Ao longo do tempo, o conceito já tão difuso de felicidade, contaminou-se. Foi associado, pelo homem moderno, a sucesso antes de ser sinônimo de bem estar.
Percebo que nós, de um modo geral, diante do devastador e justificado pavor da morte, passamos a existir com outras medidas de tempo. Os ponteiros dos nossos relógios emocionais giram de forma frenética e assim, entram em descompasso com fuso horário da realidade, que continua indiferente aos nossos anseios e começa a tirar-nos horas, minutos, segundos e milésimos de segundos, preciosos.
É, justamente em cima destes milésimos de segundos, que a vida acontece e evapora-se.
Nossos filhos são um bom parâmetro para avaliar este fenômeno. Num dia estamos grávidos, no outro nascem, no outro crescem, no outro voam e no outro se multiplicam.
Como eles, éramos jovens, corríamos atrás de nossos sonhos, onde eles estavam incluídos, precisávamos de dinheiro, conhecimento, construir, desconstruir e administrar relações, certezas, conceitos e preconceitos. Enfim, a vida nos solicitava da mesma forma frenética de hoje e não tínhamos nem maturidade, nem discernimento para saber freá-la e impor um ritmo que trabalhasse a nosso favor
Não é sem motivos, que constatamos o elevado índice de suicídios em países desenvolvidos, a desagregação familiar, o esgarçamento das relações, a violência em todas as suas manifestações, o abuso de drogas, a euforia histérica que apelidam de felicidade
Órfão de ideais, árido de sentimentos mais consistentes, sedento em possuir e em determinar a vida alheia, o homem de hoje, é terreno fértil para prazeres fugazes, que são bons e necessários, mas, não são fundamentais e nem de longe acenam em minorar o mal estar, do qual será eternamente vitima...
ALICE ROSSINI
quarta-feira, 13 de maio de 2009
A “INTOLERÂNCIA” DE CRISTO
Mais uma vez a Igreja Católica, através dos seus Bispos, chama minha atenção.
Houve um encontro de 10 dias, à algumas semanas, da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), a quadragésima reunião da Entidade.
Num mundo conturbado e carente de proteção a Igreja senta-se para discutir questões internas. Fui informada dos resultados através da imprensa. Mais uma vez a instituição, que se diz porta voz dos anseios da humanidade, que se coloca na condição de ditar normas e julgar comportamentos de seus fiéis - que não são poucos - embora, com evidente diminuição do rebanho que pastoreia, não coloca como prioridade das suas preocupações, os dramas atuais que a humanidade enfrenta. Muitos e graves.
Indiferentes à desagregação das ovelhas, “assuntos internos” foram tratados e consensos reafirmados
Uma das relevantes conclusões das Eminências foi permitir que homossexuais pudessem optar pela carreira eclesiástica, desde que permaneçam celibatários. Parafraseando Dom Luis Soares Vieira: “Eles, (homossexuais) são pessoas humanas. Têm essa constituição e devem ser tratados com respeito. Agora, o que se exige do heterossexual para ser padre, se exige também do homossexual. Se ele entrar no celibato, tem que viver na castidade.”
Quanto avanço! Entretanto, o termo “homossexual”, foi excluído do documento “Diretrizes para a formação de presbíteros”, produto do encontro.
A “compaixão” da Igreja em relação ao ser humano foi mais além ou, permaneceu aquém, depende do ponto de vista. Ficou mantida a proibição de casais em segunda união de comungar, já que considera o divórcio uma “irregularidade”.
Que arbitrem sobre suas próprias “leis”, acho normal, mas dizer que um dispositivo legal, previsto em legislação específica, é irregular, parece-me uma intromissão indevida num Estado que se mantém laico.
Não vou aqui discutir o celibato, nem a aceitação de homossexuais nem a proibição da comunhão para casais divorciados (até porque a Igreja não nos dá este direito). Segue a carreira eclesiástica quem quer, como freqüentam os templos católicos quem acha que deve.
O que constato é que, mesmo quando quer ser condescendente e tolerante, a Igreja Católica discrimina. Quando se reúnem, o objetivo continua sendo a manutenção de dogmas arcaicos e desumanos, que nem eles mesmos conseguem cumprir, vide o ex Bispo, presidente do Paraguai, com sua enorme e recém descoberta prole e os terríveis casos de pedofilia, muitos dos quais reconhecidos pela Instituição. Como toda corporação que se preza, julgam a si próprios.
Em nome do que chamam de “disciplina” apartam seus membros das manifestações humanas mais básicas e naturais, discriminam e mantêm um preconceito velado por quem já é por ele vitimado, afastando-se do homem nos seus aspectos mais humanos.
Assim caminha a humanidade, sem que a “Igreja de Cristo”, como se auto define, abra uma fresta que seja das suas pesadas, bem trabalhadas e imponentes portas, para as angustias e necessidades humanas. Entretanto, suas escadarias continuam sendo cenários de chacinas e dormitórios de desvalidos.
ALICE ROSSINI
sábado, 9 de maio de 2009
EDITORIAL
Hoje é o Dia em que nos dedicamos a homenagear nossas Mães. Uma pequena palavra, tantos sentidos! Depois de percorrer quase todos os caminhos da maternidade, resolvi olhar para dentro de mim e homenagear todas as Mães na figura da minha Mãe. Por ser ela quem É.
Com 76 anos, mantém a mesma lucidez e vivacidade intelectual da juventude, produzindo textos, até então inéditos, copidescando trabalhos acadêmicos, administrando uma Fundação, cuja parceria com a Administração Municipal proporciona a manutenção de Creche-escola, que abriga 250 crianças.
Minha mãe continua sendo uma pessoa útil, interessante e capaz de ancorar e acolher toda sua família, seus amigos e suas crianças, que a têm como referência de generosidade e compaixão.
Abaixo, o texto onde elenca ternas, singelas e, para ela simples, razões para que sua vida seja rica e bonita.
Com 76 anos, mantém a mesma lucidez e vivacidade intelectual da juventude, produzindo textos, até então inéditos, copidescando trabalhos acadêmicos, administrando uma Fundação, cuja parceria com a Administração Municipal proporciona a manutenção de Creche-escola, que abriga 250 crianças.
Minha mãe continua sendo uma pessoa útil, interessante e capaz de ancorar e acolher toda sua família, seus amigos e suas crianças, que a têm como referência de generosidade e compaixão.
Abaixo, o texto onde elenca ternas, singelas e, para ela simples, razões para que sua vida seja rica e bonita.
PORQUE GOSTO DE SER MÃE E AVÓ
As mães se sentem realizadas quando seus filhos estão felizes e são adultos independentes, trabalham e têm famílias constituídas. Eu me incluo nesta lista, mas minha felicidade é plena, completa, porque, mesmo sendo uma anciã;
- reúno-me com meus filhos para estudar Filosofia;
- recebo como presente o livro Discurso do Método de Descartes com dedicatória que traduz, além de afeto, o “privilégio de percorrer este caminho juntas;”
- recebo um telefonema, às 10 horas, de um dia “chamado útil” para ouvir o poema Ismália e um trecho de Ferreira Gullar
-e o telefonema da neta com declarações de amor;
- recebo, ainda, pedidos para marcar consultas médicas, tirar dúvidas de Português ou pedir indicações para conserto de fogão;
- sou chamada para compor a “comissão familiar” para discutir textos de convites de formaturas;
- recebo convites para sair a fim de comprar o perfume preferido, o sapato falado há dias ou somente para espairecer;
-seleciono crônicas, artigos, notícias, indicações e incentivo a leitura, exortações sobre a responsabilidade com o estudo, para distribuir entre eles;
- andar de “carona” com os netos;
- desfilar nos shoppings, de mãos dadas, recebendo beijos da neta, sem nenhum constrangimento da “idosa companhia”;
- ouvir textos com pedidos de análise e correções e tantos outros motivos que poderia aqui descrever.
O que me importa, o que me alenta é sentir que faço parte do mundo dos meus entes queridos. Sou aceita, chamada e continuarei a ter uma atuação proativa, procurando mudar situações, colaborando, repensando atitudes, aprendendo, ensinando e contribuindo para, através deles, melhorar o mundo, sem a cômoda posição da “revolta do sofá”, quando se ouve as mazelas do mundo pela TV, faz-se o discurso, mas nenhum ato positivo.
O que espero é que meus filhos e netos continuem a jogar pétalas da flor chamada FELICIDADE sobre o meu cotidiano para que eu sinta que “Viver valeu a pena”
LUCIA ARAUJO
- reúno-me com meus filhos para estudar Filosofia;
- recebo como presente o livro Discurso do Método de Descartes com dedicatória que traduz, além de afeto, o “privilégio de percorrer este caminho juntas;”
- recebo um telefonema, às 10 horas, de um dia “chamado útil” para ouvir o poema Ismália e um trecho de Ferreira Gullar
-e o telefonema da neta com declarações de amor;
- recebo, ainda, pedidos para marcar consultas médicas, tirar dúvidas de Português ou pedir indicações para conserto de fogão;
- sou chamada para compor a “comissão familiar” para discutir textos de convites de formaturas;
- recebo convites para sair a fim de comprar o perfume preferido, o sapato falado há dias ou somente para espairecer;
-seleciono crônicas, artigos, notícias, indicações e incentivo a leitura, exortações sobre a responsabilidade com o estudo, para distribuir entre eles;
- andar de “carona” com os netos;
- desfilar nos shoppings, de mãos dadas, recebendo beijos da neta, sem nenhum constrangimento da “idosa companhia”;
- ouvir textos com pedidos de análise e correções e tantos outros motivos que poderia aqui descrever.
O que me importa, o que me alenta é sentir que faço parte do mundo dos meus entes queridos. Sou aceita, chamada e continuarei a ter uma atuação proativa, procurando mudar situações, colaborando, repensando atitudes, aprendendo, ensinando e contribuindo para, através deles, melhorar o mundo, sem a cômoda posição da “revolta do sofá”, quando se ouve as mazelas do mundo pela TV, faz-se o discurso, mas nenhum ato positivo.
O que espero é que meus filhos e netos continuem a jogar pétalas da flor chamada FELICIDADE sobre o meu cotidiano para que eu sinta que “Viver valeu a pena”
LUCIA ARAUJO
terça-feira, 5 de maio de 2009
PODEMOS TER ESPERANÇAS?
Hoje acordei triste.
Sentei-me à mesa, de onde tenho a primeira impressão das cores do dia e tudo parecia igual. Vi o mesmo e fiel beija-flor viciado no néctar açucarado à sua espera na varanda. Observei micos traquinas a desafiar a morte próxima a fios de alta tensão. Reverenciei o imponente jambeiro que, a depender da época do ano, tece um tapete cor de rosa sob sua copa. Tudo lá, igual a todos os dias.
Tanto eu como o mundo fora daquele “minimundo” que eu observava, estávamos doentes.
Quando comecei a ler o jornal e conectei-me a Internet, percebi o quanto este hábito, tão normal nos dias de hoje, poderia ser nocivo naquele dia em que amanheci triste. Logo, a crueza das notícias me atingiu.
Quando achávamos que a crise financeira e o aquecimento global seriam as grandes e últimas ameaças à vida e à sobrevivência do planeta, nos chega a notícia de mais uma doença real, letal e agressiva. A Gripe Suína ou Nova Gripe, como queiram chamá-la.
A globalização cobra seu preço e, num mundo cujas fronteiras estão cada vez mais elásticas e vulneráveis, tanto prolifera o bem, quanto ataca o mal, com a mesma rapidez e agressividade.
A “guerra” do excesso de informações, o entendimento desvirtuado delas ou a sua ausência, todos estes elementos associados ao medo e à deficiência na educação sanitária, até dos ditos “educados”, fazem com que ouçamos os noticiários como se juízes estivessem nos sentenciando à morte.
Meu filho acaba de casar-se. Outro, já casado, sonha com filhos.
Nós, seus pais, não abdicamos do direito legítimo de vê-los multiplicarem-se. Este singelo sonho contamina-se pela incerteza e transfigura-se numa postura suicida e egoísta. Que mundo entregaremos aos nossos netos? Meus, e de todos os habitantes do planeta?!
Até a ciência, na qual depositamos todas as nossas esperanças de salvação, auto isentando-nos da sensatez do nosso comportamento como seres “inteligentes”, a cada dia é surpreendida pela força da vida. Teimosa e irreverentemente, manifesta-se de forma indiferente e vingativa com relação aos maus tratos que lhe são infligidos.
Quando Barack Obama foi eleito, o mundo regozijou-se, depositando em suas mãos poderes messiânicos: o velho e antigo movimento humano de voltar-se ao colo do pai protetor e misericordioso. Tão logo tomou posse, deparou-se o “presidente redentor” com um inimigo microscópico, invisível e sorrateiro. Que pode um homem ou um governo contra um vírus que burla fronteiras e atravessa mares? Como foi um vírus poderia ser algum acidente ecológico ou outro fato que superasse sua capacidade de intervenção.
Não adianta enclausurar-nos em bolhas protetoras nem transferir responsabilidades. Frequentemente, as redomas mostram-se vulneráveis e responsabilidades são divididas, não transferidas.
O “Universo paralelo”, no qual, tento em vão, esconder-me da realidade da vida mostra-se ineficaz quanto a mim e nocivo quanto aos outros.
Entretanto, neste mesmo dia, assisti à apresentação de um comovente trabalho, no qual, psiquiatras do mundo inteiro foram à República de Cabo Verde prestar serviços médico-psiquiátricos às populações carentes. Fiquei emocionada e mais feliz.
É gente pensando na gente. No crioulo cabo verdiano, uma forma de amor que transcende aos seus conteúdos restritivos, amor “di n´ crê tcheu.” É o amor pela terra e por todos os seres que a habitam.
Uma corrente de pensadores modernos acredita no que chamam de “Singularidade do Amor”: através do meu humilde entendimento, o ser humano, independente da cultura, da classe social ou econômica onde estiver inserido, possui necessidades comuns. Precisamos todos de água, oxigênio e, entre outras coisas de... amor, para sobrevivermos.
Saber que tem gente séria, que alia competência e generosidade de maneira eficaz, capaz de desacelerar nosso processo de autodestruição, de repente, fez com que meu dia terminasse menos triste.
Também, como alguns de vocês, restrinjo-me ao medo e à indignação. Isoladamente, temos muitas opções para coibir alguns abusos, fazendo o trabalho da “formiguinha”.
Pelo menos na fábula, quando todas as formigas se unem, não lhes faltam comida e abrigo no inverno, por mais rigoroso que seja.
ALICE ROSSINI
sexta-feira, 1 de maio de 2009
O MISTÉRIO DA VIDA E DA MORTE
Há ou não um destino traçado para a vida de cada um de nós?
Vejam esse drama ocorrido na França e relatado pela agência de notícias EFE.
“As autoridades francesas investigam as causas do acidente que matou os cinco ocupantes de um helicóptero que caiu, nesse sábado à noite, na ilha da Córsega. A aeronave levava uma mulher grávida para um hospital e ela deu a luz em pleno vôo de socorro. No helicóptero viajavam um piloto, um co-piloto, uma médica e a mulher grávida, de 20 anos, que aparentemente estava sendo levado para um centro hospitalar para dar à luz”.
A criança recém nascida em pleno ar foi a quinta vítima fatal do acidente.
Morreu apenas alguns minutos após nascer em condições tão adversas.
Apenas uma triste e dramática fatalidade, essa de nascer para imediatamente falecer? Ou um desígnio estabelecido pelo destino?
Estariam mãe e cria previamente fadadas a não dar curso às suas vidas e completa maternidade?
Essa jovem não deveria haver concebido e a criança não deveria ter nascido?
Para que vir tão brevemente ao mundo, para uma existência tão fugaz?
Se a concepção é o momento mais glorioso da vida, quando se faz a luz e o milagre de uma nova aventura humana se anuncia fora do útero materno, qual a razão para uma existência tão breve?
Estava escrito que essa mãe e essa criança não deveriam resistir ao parto?
Será que colocá-las num moderno helicóptero buscando a salvação contrariava o destino e esse logo desdenharia da tecnologia e do progresso, abatendo a aronave?
Em meio à tempestade, o nascimento deve ter sido um momento de júbilo e êxtase para a jovem mãe, para a médica e para os pilotos.
O choro do nascimento da criança naquelas dramáticas circunstâncias, cortando vitorioso aquele ar conturbado, certamente soou como um arauto triunfal da vida sobre as adversidades.
Logo, porém, o pânico e o pavor do aparelho em queda, abortando dramaticamente o anúncio de uma nova vida e o júbilo da vitória da luz sobre a escuridão original...
Após o impacto no solo da ilha da Córsega, o desolador silêncio, a fumaça dos escombros subindo ao céu, carregando cinco almas para as fronteiras do além místico e desconhecido.
Triste sortilégio do destino?
Numa breve notícia de vida e morte encerra-se o enigma mais paradoxal possível dos sortilégios da existência, ainda e sempre impenetráveis à lógica e à razão humana.
Vida e morte, mistérios sempre insondáveis.
SÉRGIO GOMES - Jornalista
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