sexta-feira, 1 de maio de 2009

O MISTÉRIO DA VIDA E DA MORTE


Há ou não um destino traçado para a vida de cada um de nós?

Vejam esse drama ocorrido na França e relatado pela agência de notícias EFE.

“As autoridades francesas investigam as causas do acidente que matou os cinco ocupantes de um helicóptero que caiu, nesse sábado à noite, na ilha da Córsega. A aeronave levava uma mulher grávida para um hospital e ela deu a luz em pleno vôo de socorro. No helicóptero viajavam um piloto, um co-piloto, uma médica e a mulher grávida, de 20 anos, que aparentemente estava sendo levado para um centro hospitalar para dar à luz”.

A criança recém nascida em pleno ar foi a quinta vítima fatal do acidente.

Morreu apenas alguns minutos após nascer em condições tão adversas.

Apenas uma triste e dramática fatalidade, essa de nascer para imediatamente falecer? Ou um desígnio estabelecido pelo destino?

Estariam mãe e cria previamente fadadas a não dar curso às suas vidas e completa maternidade?

Essa jovem não deveria haver concebido e a criança não deveria ter nascido?

Para que vir tão brevemente ao mundo, para uma existência tão fugaz?

Se a concepção é o momento mais glorioso da vida, quando se faz a luz e o milagre de uma nova aventura humana se anuncia fora do útero materno, qual a razão para uma existência tão breve?

Estava escrito que essa mãe e essa criança não deveriam resistir ao parto?

Será que colocá-las num moderno helicóptero buscando a salvação contrariava o destino e esse logo desdenharia da tecnologia e do progresso, abatendo a aronave?

Em meio à tempestade, o nascimento deve ter sido um momento de júbilo e êxtase para a jovem mãe, para a médica e para os pilotos.

O choro do nascimento da criança naquelas dramáticas circunstâncias, cortando vitorioso aquele ar conturbado, certamente soou como um arauto triunfal da vida sobre as adversidades.

Logo, porém, o pânico e o pavor do aparelho em queda, abortando dramaticamente o anúncio de uma nova vida e o júbilo da vitória da luz sobre a escuridão original...

Após o impacto no solo da ilha da Córsega, o desolador silêncio, a fumaça dos escombros subindo ao céu, carregando cinco almas para as fronteiras do além místico e desconhecido.

Triste sortilégio do destino?

Numa breve notícia de vida e morte encerra-se o enigma mais paradoxal possível dos sortilégios da existência, ainda e sempre impenetráveis à lógica e à razão humana.

Vida e morte, mistérios sempre insondáveis.


SÉRGIO GOMES - Jornalista

4 comentários:

alice rossini disse...

Excelente e instigante texto que nos leva aos milhares se SE's que definem nossa vida. Seremos frutos das nossas escolhas ou as circunstâncias nos levam a fazê-las, dando-nos a "falsa" impressão que somos senhores do nosso destino? Quantos SE´s foram necessários para que estivesse aqui escrevendo este comentário? Ou ja estava escrito que o faria??????????????
Nossa!!! Chega dá agonia! Parabens! Adorei sentir esta inquietação...rsrs

marco rossini disse...

sergio. voce viajou por um tema muito inquietante. é aquela historia da volta ao passsado levado no cinema onde não se pode mexer em nada porque se muda o futuro. o futuro é o presente. e o presente é agora o nosso passado. esse tema é muuuito inquietante pra mim. na verdade, sempre me pego negando esses pensamentos por não entender até onde eles podem chegar. ou não. rsrsrs

Vitória Régia disse...

Alice, estou cada dia mais fã do seu BLOG. Todos os dias o consulto. Adoro as poesias, ja visitei os blogs amigos,sorrio com as piadas, mas os textos é que mais me atraem. Todos possuem a sua densidade e refletem a pessoa inquieta que voce é (no bom sentido...rs). Este texto, em particular, está maravilhoso!!! Fiquei pensando sobre ele durante o dia. Isso é o que chamo de boa crônica. Parabenize seu amigo Sérgio, pelo belo texto.

izabel disse...

O MISTÉRIO DA VIDA E DA MORTE...

Após a leitura do texto, fiquei diante de um tema que me atrai e ao mesmo tempo me retrai... E foi com este sentimento que comecei a refletir sobre tão brilhante relato...

Para Jung, a Sincronicidade é um conceito que define acontecimentos que se relacionam não por relação causal, mas por relação de significado. É uma coincidência significativa... Este termo foi utilizado pela primeira vez em publicações científicas em 1929.

Basicamente, é a experiência de se ter dois (ou mais) eventos que coincidem de uma maneira que seja significativa para a pessoa (ou pessoas) que vivenciaram essa "coincidência significativa", onde esse significado sugere um padrão subjacente.

A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico que é expresso através de eventos ou relações significativos. Foi um princípio que Jung sentiu abrangido por seus conceitos de Arquétipo e Inconsciente coletivo.

Acredita-se que a sincronicidade é reveladora e necessita de uma compreensão, essa compreensão poderia surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de "insight".

Bem, depois da leitura do texto… Fiquei refletindo… Este é o verdadeiro texto, que nos deixa refletindo o PORQUE e os POR QUES???

Sérgio,
obrigada por me fazer VIVER!!

Izabel