sexta-feira, 12 de junho de 2009

“UM AMOR MAIOR QUE EU”


Eu me meto em cada enrascada! Não tenho culpa se minha cabeça não para de “pensar”, às vezes certo, às vezes errado, se é que isto existe. Nós e essa medíocre mania de classificar tudo de forma dicotômica: certo e errado, preto e branco, feio e bonito, como se a vida fosse tão pobre em possibilidades.

O certo é que sempre eu “penso”. Claro, que o que acontece fora de mim, influencia meus pensamentos. Sou atenta, portanto, presa fácil da informação. Por falar nela, já acontece um novo bombardeio televisivo que, além de me obrigar a pensar, nos obriga a consumir. Desta vez, o Amor.

Amor em forma de chocolover’s, em forma de jóias, celulares, sapatos, roupas, enfim: Amor em forma de Coisas.

Porém, a bala passa raspando minha cabeça e não chega a me ferir. Pelo menos, não gravemente. Dentro deste universo de mesmice e obviedades que ocorrem anos após anos, uma propaganda chamou minha atenção: a do Boticário.

Pretendendo ser romântica para vender mais, incitou o beijo. Pelo menos no dia dedicado aos enamorados. Entretanto, joga nas nossas caras, o triste e melancólico caminho que muitos relacionamentos percorrem. Só não foi mais fundo e mostrou que, muitas vezes, não mais acontece beijo nenhum, portanto, nem um grão de milho vira uma solitária pipoca.
Imagino, quantos casais foram forçados a identificarem-se, principalmente, na última e monótona fase.

Excetuando o amor materno, este intenso e incondicional e o fraternal, no qual o respeito já nos satisfaria no que se refere ao envolvimento amoroso entre homens e mulheres, pedimos e esperamos pouco. Pior, acomodamo-nos com este pouco. Que é bem menos que nossas retinas prejudicadas pelas carências conseguem enxergar.

Esmagados pelo estereótipo de que toda relação desgasta-se - o que é uma verdade, desgasta-se, mas continua a existir em outras bases, muitas até mais sólidas - damos tão pouco quanto, menos ainda, exigimos do parceiro. Porque ninguém me venha com a hipocrisia ou com o comodismo de querer me fazer acreditar que tudo que vem do parceiro deve ser dado de graça, porque isso não existe. Não vamos confundir espontaneidade com troca. Quem dá sem receber sente. E ressente-se muito! Fica com as mãos abanando, com um vácuo no coração ou repleto de expectativas frustradas.

Acho que todas as pessoas querem e merecem um “amor maior, amor maior que eu”, “um amor a qualquer hora”, “um amor de corpo inteiro” como grita a poesia do grupo Jota Quest.

Um amor capaz de substituir flores, “te amo’s” desatentos, jóias e outros “mimos” por um abraço silencioso que fale mais que mil palavras de tão cálido, carinhoso e cheio de promessas. Por um olhar que desnude nossa alma e adivinhe os mais recônditos pensamentos, dos inocentes aos devassos. Por mãos que se estendam, cegas e despretensiosas e não escolham onde querem tocar, porque qualquer parte do corpo amado pede urgência em tocar e ser tocado.

Um amor que viva os minutos do cotidiano com alegria, com aceitação das rugas às gordurinhas, da serenidade ao desequilíbrio, dos pedidos imprevisíveis ao acordar feliz por mais um dia ao lado do outro. Um amor que saiba ler nuance em expressões na face. Que não confunda mal-humor com tristeza, que saiba que brilhos no olhar tem infinitas intensidades, que ouça um suspiro e pergunte a si próprio o que aquele suspiro anseia. Que respeite silêncios, ouça gritos e goze com sussurros.

Um amor com cheiro de Água de Alfazema ou de Chanel numero 5. Que possa ser celebrado com Dom Perignon Vintage 1996 ou com caipirinha. Um amor que goste de amar, que qualquer gota d’água faça germinar novas sementes ou que qualquer centelha provoque um incêndio. “Um amor maior que eu”.

Não, não estou sendo romântica nem utópica. Estou sendo pragmática. Já que temos que viver, e muitos de nós achamos que uma das formas de ser feliz é “estar com”, então não abdiquemos do direito de querer ser amados da forma que nos torne mais completos ou, menos incompletos, como queiram...


ALICE ROSSINI

5 comentários:

Marco Rosnisi disse...

Amor da minha vida,

Vivemos um amor de verdade. Um amor maior que nós. Um amor de solidariedade, companheirismo, desejo, um amor onde nossas diferenças se completam, um amor que você sabe, é capaz de superar qualquer obstáculo.

Felizmente, não estamos entre os casais que se identificam com a solitária pipoca. Nosso amor ainda provoca fogos de artifícios, sem abdicar de ser real.

Te amo muito mais do que você imagina

Anônimo disse...

Puxa vida! Ler este texto me deixou meio triste. Nao tenho nem com quem estourar rojoes nem fazer pipocas. Massss, assim como tem pessoas sensiveis como voce, minha alma gêmea deve estar em alguum lugar esperando me encontrar. Ou que eu saia à sua procura...

Vitória Régia disse...

Alice,

Acabei de chegar de um jantar com o "respectivo". Nao durmo sem abrir meus e-mail's. Vi seu aviso e fiquei curiosa. Amiga, voce vê cada coisa... Fico até desconcertada! Que coisa! Vi essa propaganda milhares de vezes e nao a percebi por esse angulo.

Olha, acho que pessoas como voce, ou são muito felizes ou sofrem muito. Como so lhe vejo sorrindo, prefiro pensar que é otimista e tudo isso é sensibilidade.

Beijos e feliz noite com o maridão que ja fez "aquela" declaraçao... risos

Fernando disse...

Alice

Voce so se esqueceu de dizer que quando o amor e assim, como o vosso e o nosso que voces bem conhecem, a gente se habitua tanto a ele que vive ativamente num afa constante de nao aceitar nada menor nem menos intenso. E bom ter assim tanto amor indo e vindo, ne?

Beijos

Fernando Trovador

Mariana disse...

Alice querida!

Voce se superou nesta mensagem aos namorados. Deu um "puxao de orelha" nos desatentos, homens e mulheres, que acham que amor brota como grama, nao precisa de àgua e sol para ficar verde.

Parabens amiga!